Aviso: Alteramos a página inicial para mostrar os novos contos que foram aprovados, não deixe de enviar seu conto.

DIÁRIOS DE UMA MENINA NUM CORPO DE MENINO PARTE 4



21 de Janeiro de 1987

TARDENOITE



Eu não entendia o que tinha acontecido, tranquei a porta do quarto e fiquei deitada olhando pro teto, na hora não tinha percebido, mais naquele momento, durante todo o embate, eu tinha me transformado, não mais um garoto, de criação catálica, com dúvidas e culpas quanto a minha sexualidade nascente, mas na verdade uma menina, que tava conhecendo a sua sexualidade e começando a conhecer o amor, que no momento sá tinha um nome: Washington.

Durante quase meia hora, todos bateram na porta pedindo para abrir, menos o Washington, quando escutei a voz da minha prima dizendo:

- Robinho abre, por favor, eu sei que a gente tem que conversar.

Abri a porta e ela entrou, ficou olhando pra mim com olhar de culpa e, sem querer, eu tb ainda mais pq eu tinha transado com o seu pai.

- Robinho olha sá me desculpa.

- Por que? Disse eu.

- Tudo isso foi por minha culpa, nada disso teria acontecido se eu não quisesse....

- Quisesse o que?

- Caralho! Transar porra, dar, trepar.

Minha prima suspirou, se acalmou e falou novamente:

- Eu sinceramente não queria ter te envolvido, agora me sinto culpada.

- Porque? Perguntei eu novamente, mas no intimo sabendo a resposta.

- Por que? Meu Deus. Agente pensava que vc era homo.

- Pensavam?

- Sim. Mas não era para isso ter acontecido, foi culpa minha o Washington ter tentado te agarrar.

Eu comecei a gargalhar;

- O que foi?

Respondi: - Foi culpa tua mesmo? Sem deixar ela responder eu falei:

- Eu escutei vc falando com o Julio, lá na sua casa. Sou carola, mas não sou burro, percebi o plano do Julio assim que cheguei.

- Mas então? Perguntou.

- Na verdade eu não sei.

Comecei a chorar e narrar tudo o que vinha acontecendo na minha vida até então – até a transa com o seu pai e a tia Irene - sempre frisando que o Washington não fez nada que eu

Não quisesse.

Minha prima me olhou como nunca tinha me olhado antes e perguntou:

- Então vc é, realmente, uma bicha?

- Eu não sei prima, não sei.

Nisso, Julio entrou no quarto de cabeça baixa, fingindo-se envergonhado.

- Julio – disse Kátia – Me diz quando vc teve certeza da sua sexualidade?

- Quando recebi o meu primeiro beijo que me deixou desnorteado.

- Viu primo? – disse Kátia – o mesmo aconteceu comigo, por isso te envolvi nessa trama para estar com o Renato, me perdoa Robinho?

Deitado na cama eu me ergui e balbuciei:

- Cadê Washington?

Julio, ironicamente falou:

- Eu não disse?

Kátia balançou a cabeça e disse:

- Sai daqui!

Julio saiu batendo a porta.

- Primo, vou reformular minha pergunta. Vc ta apaixonado pelo Washington?

- Não sei, sá sei que eu queria ter ele aqui agora comigo.

- Eu briguei com ele – Disse minha prima – pensei que ele tinha tentado te agarrar a força.

- Não foi nada disso. Pelo contrário foi eu que me entreguei e depois me senti culpado quando eu vi teu amigo, o Julio.

- Ele sabe ser irônico. Mas o Washington foi embora, mas duvido se ele não volta ainda hoje.

- Porque? Disse eu.

- Se ele não tivesse nem um pouco interessado em vc não teria feito tudo o que fez hj.

Eu concordei com a cabeça meio indeciso e fui me deixando levar por ela, por Julio e por Welington que começaram uma revolução na minha vida.

Foi Julio que deu a idéia, Kátia me produziu e Welington que dava o aval, se era o que Washington gostava ou não.

O certo que é que nem eu me reconhecia, maquiada e vestida em um sensual lingerie com meia calça da minha prima, eu parecia mais com ela do que comigo mesma.

O Julio opinou para eu ir atrás do Washington do jeito que eu estava.

Renato falou que não precisava, se ele conhecesse o amigo de verdade ele ia aparecer.

Não se passou nem um minuto desta afirmação, quando a campainha tocou.

Eu me deitei no colchão coberto até a cabeça pelo lençol, quando o Washington entrou olhou para todos e perguntou:

- Cadê Robinho?

Todos olharam para a porta do meu quarto e disseram em uníssono:

- Ta ali te esperando.



CONTINUA