Ajoelhei-me, ele permaneceu em pé. A minha respiração embaciava-lhe o botão metálico das calças de ganga. O seu sexo já se avolumava, crescia na direcção dos meus lábios. Fico sempre nervoso, os gestos são os mesmos das outras vezes, mas ainda assim fico nervoso, tenho medo de o desagradar, de não fazer as coisas como ele gosta, como ele quer. Ele dá-me uma festinha na cabeça, eu desabotouo as calças, puxo-as para baixo. Tenho agora os meus lábios a dois dedos do seu sexo. Quero senti-lo crescer na minha boca, quero sentir. Ele senta-se, sempre o mais calmo, sempre quem manda. Eu descalço-lhe os ténis e as meias, tiro-lhe as calças, beijo-lhe os pés. Beijo-lhe os pés. Com naturalidade, com a mesma burocracia com que faço tudo o resto, sem repugnância, com alegria. Pergunto-lhe se quer uma massagem. Não quer. Hoje não. Um beijo basta.
Então, ajoelhado entre as suas pernas, beijo-lhe a barriga. Mais uma festinha na cabeça, desta vez pude sentir a sua satisfação. O meu coração enche-se de alegria. A alegria de servir. Finalmente chego ao seu sexo, a cabeça já de fora, pronta a ser acalentada. Abocanho. Abocanhar é sempre uma experiência única, os sabores variam em intensidade. É sempre diferente, uma descoberta. Saboreio os fluidos da sua lubrificação natural e os restos de urina de modo igual, com gosto. Com calma. Chupo a cabeça. Beijo o pau, como se lhe tivesse a dar um beijo na boca. Ponho as bolas na minha boca à vez, com carinho. Masturbo o pau, enquanto chupo as bolas. Devo confessar falta de coordenação. Não sou perito. Dou o meu melhor. Espero que ele me perdoe. Ele decide foder-me a boca. Eu não gosto mas nada digo. Ele levanta-se, apoia as mãos na minha nunca e começa, incomoda-me. Nada digo. Quase que sufoco, quase que me vêm vámitos à boca. Controlo-me. As lágrimas começam. Essas não consigo controlar. Mas não digo nada. Ele não repara, ou se repara não comenta, continua. De vez em quando vai tirando a pila da minha boca e bate-me com ela nas faces. Eu agradeço os intervalos que aproveito para respirar.
Está quase a acabar. Volta a sentar-se. Agora masturba-se sozinho. Está contente. O clímax é o seu momento preferido. Ri-se. Pergunta-me:
- Na cara ou na boca?
- Onde quiseres.
- Vai na boca, então. Mas deixa-me ver.
Abri a boca à espera. Ele gosta de fazer pontaria. Afinal é sá mais um jogo. O primeiro jacto cai no chão, ele não se incomoda. O segundo na minha cara. Acerta então os dois últimos. Saboreio a sua esporra. Já conheço o sabor, que apesar de variar, mantém-se sempre igual. Não gosto. No início nauseava-me, hoje aprendi a tolerar.
- Gostas do meu leitinho...
Não é uma pergunta, é uma afirmação. Se gosto ou não, é-lhe completamente indiferente. Eu aceno que sim. Não consigo falar com a boca cheia. Ele sabe que eu não gosto e isso diverte-o. A fantasia persiste.
- És a minha putinha de estimação.
De certo modo, a observação contenta-me, se sou de estimação é porque me tem estima. Esqueço o sabor azedo da porra, alegria renovada. Alegria no prazer. Naturalmente, tenho de engolir. Ele não aceitaria de outro modo. Não gosto, mas ele gosta. E isso é o mais importante. Engulo parte. Ele repara.
- Abre a boca.
Agora parece irritado tinha-me dito que queria ver. Mas eu não engoli tudo. Tenho ainda algo para lhe mostrar. Mostro-lhe. Contenta-se.
Brinca com a pila na minha cara. Besunta a pila com a esporra que me cobre partes da cara e enfia a pila na minha boca. Eu chupo, feliz. Depois de limpas a pila e a minha cara, ele pisa a esporra que caiu no chão e diz-me que lhe limpe o pé. Faço-o em lambidelas modestas, mas intensas. Ele gosta, estremece. Agradece-me a criatividade, não exigida, mas bem aceite. Por isso, eu também gosto. Continuo. Ele pisa outra vez. O processo repete-se. Mas o chão ainda permanece besuntado diz-me para lamber o chão. Ele gosta. Por isso eu gosto, ainda que na verdade não goste.
Depois de um broxe ele vai sempre tomar banho. Eu masturbo-me, sázinho. A pensar no que se passou. Depois vou tomar banho. Quando volto do banho, já não somos amantes, somos amigos. O sexo é esquecido. A vida continua.
Mas desta vez é diferente, ultrapassámos certos limites, eu humilhei-me como nunca tinha feito. Consenti o que não antes tinha consentido, ele quer esticar a corda.
Diz-me que lhe acompanhe à casa de banho. Sabe que me tem nas mãos, eu ainda não me tinha masturbado de modo que não era capaz de negar nada. Vou com medo.
Pergunta-me se eu o quero ver mijar. Eu digo que sim. Estou absolutamente enfeitiçado por aquele cogumelo cor-de-rosa, lindo de morrer. Não consigo dizer que não. Sei que estou a ultrapassar os limites da dignidade humana, mas o pénis dele é tão lindo, ele é todo tão lindo. Olhos azuis, corpo moreno, trabalhado, bonito, cabelos negros que lhe cobrem parte do rosto, boca rosa como o cogumelo que eu tão bem lhe conheço. Estou a fazê-lo porque não consigo fazer de outro modo. Ele está divertido, a partida já está ganha. A partir de agora, como nunca antes tinha sido, é sá como ele quiser.
- Senta-te no bidé.
- Eu estou bem aqui, obrigado.
- Se quiseres ficar aqui, ficas no bidé. De outro modo, agradeço que saias.
Sento-me no bidé, ao lado da sanita. Ele começa a mijar. Eu vejo o jacto transparente amarelado a sair da pila dele. Passo a língua pelos lábios. Ele vira a pila num movimento abrupto e mija-me para a cara. Começa a rir à gargalhada. Eu ponho as mãos à frente. Digo-lhe que páre. Cuspo o mijo que me vai entrando para a boca. Ele ri-se.
- Bicha porcalhona. Era isto que querias? Levar com mijo de homem em cima.
- Pára. Pára por favor.
Tento sair dali. Ele apoia as mãos nos meus ombros, prendendo-me naquela posição.
Foi tudo muito rápido. Já acabou. Eu comecei a chorar.
- Chupa lá, a ver se animas.
Ele continuava a rir-se. Eu chupei as gotas de mijo que restavam na pila dele. Perdido por 100, perdido por 1000. A pila dele voltou a crescer na minha boca. Saquei-lhe outro bico. Desta vez ele veio-se na minha boca enquante a fodia e eu engoli imediatamente, como que a querer despachar a coisa. Ele não gostou. Deu-me um carolo e um pontapé no peito. Cuspiu-me para cima e mandou-me embora.
- Mas eu tenho de tomar banho.
- Pensasses nisso antes de levares com mijo na cara.
- Mas...
- Mas, mas a casa ainda é minha. De modo que agradecia que te metesses na rua.
Nesta altura, eu chorava em soluços, ele estava mais feliz do que nunca. Tinha conseguido privar-me de toda a dignidade. Saí ainda meio nu. Acabei de me vestir no elevador. Nesse dia dormi na rua num banco de jardim. No outro dia lavei-me num WC público e sá então voltei a casa. Mas por melhor que me lavasse não consegui disfarçar o cheiro de mijo. Quando entrei em casa a minha mãe notou, mas ao ver a minha cara de consternação, não perguntou nada. Deitei fora a roupa. Tomei banho. Nunca mais vi o André, mas não por minha vontade.
P.S. Os diálogos são curtos porque na verdade não me lembro dos diálogos. Não tenho boa memária para esse tipo de coisas. Assim ficam algumas frases que eu vou conseguindo recordar e outras que vou inventando, tentando, claro está, preservar o sentido. àqueles que me leram até ao fim, o meu obrigado. Entretanto deixo o meu contacto: sig_seg@hotmail.com