30091994 – Sexta Feira
Lúcio: 35 Marisa: 33 Laura: 19 Suzana: 31 Cíntia: 11
Entrou no quarto e viu Laura deitada no chão, defronte do aparelho de ar condicionado, lendo “Meu Pé de Laranja Lima” completamente absorta. Ficou parado enamorando a beleza infanto-juvenil da filha, recordando de quando ela não passava de um tiquinho de gente e brincava com os livros, espalhados pelo chão, como se fossem tapetes.
– Ôi! Pequerrucha! – falou jovial e ela olhou para ele com a carinha de anjo lambido – Não fique muito tempo na frente do ar condicionado para não gripar...
Laura virou e sentou e cruzou as pernas tentando esconder estar sá de calcinha e meias branca.
– Ôi, paizinho! – sorriu para ele – Peguei um livro na tua estante – fechou o livro e mostrou a capa – É gostoso...
Lucio lembrou que havia lido aquele livro lá pelos anos setenta, princípio de oitenta. Foi presente do pai quando ele terminou o primário e passou no exame de seleção pro Marista.
– É muito bom mesmo... Fizeram um filme baseado nesse livro e até em novela de televisão foi transformado – entrou e sentou na cama desalinhada – Como foi no colégio?
– Uma chatice... Dona Dulce está cada dia mais insuportável – ele riu lembrando que tivera uma professora chamada Dulce.
– Pelo menos essa não tem a mimosa!... – lembrou da régua de madeira que a professora não tirava de cima da mesa.
Largou o livro no chão e apoiou os braços para traz.
– A tia Fernanda já me contou essa histária – o rosto iluminou com um sorriso de anjo – Foi tu quem quebrou a mimosa?
Tinha levado a culpa, mas não foi ele quem deu fim na famosa régua. Como sempre a culpa recaiu sobre ele que, mesmo sabendo ter sido o Zé, ficou de bico calado e levou a surra no lugar do irmão.
– Não! Foi o Zé... – parecia um filme projetado no espaço branco da parede – Mas todo mundo ainda pensa que fui eu... – foi em um dia de sabatina que Dona Dulce se descuidou e o irmão jogou a régua em cima da casa – Levei a maior surra da vida...
Laura balançou a cabeça também não acreditando que ele não tivesse culpa no cartário.
– E porque tu não disse que foi o tio?
Essa mania besta de proteger o irmão, sempre, tinha lhe rendido surras e castigos não merecidos.
– Sei lá! – fechou os olhos e reviveu a bronca e a confusão quando chegou em casa puxado pelo braço pela velha professora – Não ia cagueatar o Zé... Se eu tivesse oportunidade, também daria fim naquela danada...
Abriu os olhos e olhou para a filha que olhava fixo para ele e sorria, marota, não acreditando em sua versão. Laura tinha tirado uma meia e se preparava para tirar a outra e ele sentiu que o cacete estrebuchou quando olhou a calcinha marcada por uma risca indicando a xoxota.
– Porra! – pensou – Não é mais a minha garotinha, é quase mulher...
Tinha doze anos e o corpo já começava a desbancar a retidão infantil e ganhava curvas de mulher. Ela notou que ele não tirava o olho de suas pernas, se sentiu mulher e encostou o rosto na perna levantada sentindo um gosto arrepiante percorrendo a espinha
– Que foi? – perguntou já sabendo que seu corpo começava a incomodar e chamar atenção – Olhou para suas pernas e deu um risinho moleque, tirou a meia que jogou em direção ao rosto do pai.
Lúcio segurou e cheirou a meia.
– O chulé tá brabo! – jogou de volta e a meia bateu no rosto da filha – Tu tas cada vez mais mulher, filhinha... – teve coragem de falar a verdade.
Laura continuou olhando para ele com o rosto inexpressivo, sem deixar transparecer o tesão dolorido que tomou conta dos sentidos.
– Tu achas mesmo? – perguntou sentindo a respiração começar a falhar em quase soluços.
Lúcio ficou olhando a filha sem nada dizer, mas pela cabeça zunia a descoberta de que Laura ficava, cada dia, mais parecida com a mãe.
Bateu uma vontade incontrolável de mexer, mais ainda, com o pai e afastou a calcinha azul deixando ele ver a xoxotinha careca. Ele se retesou e olhou fixo para ela desviando a vista do sexo exposto.
– Que é isso, menina? – estava sério e constrangido com o que ela fizera.
Laura olhou para ele e sorriu deliciada.
– Que é que tem? – colou o calcanhar na xoxota para esconder a meleca brilhante que empapava – Tu és meu pai...
Lúcio levantou e saiu do quarto segurando o cacete, com medo que Marisa aparecesse e notasse sua situação.
Laura riu...