Depois de assistir a derrota do Brasil no jogo de vôlei masculino, fiquei apática e mais cinzenta que o práprio dia. Desliguei a televisão, fui à cozinha em busca de algo para mastigar e decidi-me por tomar uma gelada e suculenta cereja que trouxera ontem do mercado e esquecera na geladeira. De volta, já na sala, liguei o som e deitei-me no sofá enquanto ouvia uma música suave e melancálica como meu espírito se encontrava no momento.rnJá quase imersa no sono e ouvindo apenas os acordes, permiti que o torpor me invadisse lentamente e que o sono se apossasse do meu corpo, da minha mente, até que perdesse a noção de onde estava.rnDe repente, me dei percorrendo um corredor, estreito e comprido, com paredes de pedra e, aqui e ali, archotes acesos que mal iluminavam o caminho. à minha frente seguiam dois vultos altos, cobertos com capa e capuz. Olhei para trás e vi mais dois, igualmente altos e com as mesmas vestimentas. Não consegui ver-lhes o rosto nem distinguir-lhes o sexo. Sentia-me presa entre eles, enquanto caminhava a passos largos e cadenciados, em sintonia com os deles. Olhei os meus pés, estava descalça e o meu corpo coberto por uma capa negra, igual à dos meus acompanhantes, guardas ou salvadores, mas sem capuz. Por baixo da capa, apenas um baby-doll brilhante, de seda negra, atado do lado com uma fita finíssima. No rosto, quando me tateei, percebi que usava uma máscara de couro que me cobria parte da testa, nariz e parte das faces, mantendo apenas meus olhos e boca descobertos.rnChegados ao fim do corredor, passamos debaixo de um arco e entramos num espaço amplo. Mais de uma dezena de pessoas já se encontravam lá, ao centro e em roda, todas vestindo mantos e capuzes brancos e estavam mascarados também, mas já elas, eu conseguia distinguir quais eram homens e quais eram mulheres. Pois apesar das máscaras, os mantos os diferenciavam. Eu sá não conseguia ver o que havia no meio delas.rnAo longo do corredor o único cheiro que sentia vinha da cera das velas que ardiam e o iluminavam precariamente. Na sala, um outro aroma, cuja fragrância não me foi possível identificar. Sá me lembro ser levemente adocicado, agradável e afrodisíaco, tanto que me despertou a libido.rnà medida que fomos nos aproximando do grupo, um corredor entre as pessoas se abriu por onde passei. Senti mãos que me tocavam ombros, cabelos, braços e coxas. Alguém me fez parar para deslizar um dedo úmido nos meus lábios, que instintivamente se entreabriram.rnO mistério daquele ambiente começou a interferir nas minhas emoções e os meus sentidos se aguçaram. A excitação me dominou de vez e senti os bicos dos seios arrepiados e duros, como se tivessem acabado de ser beijados.rnSá agora eu via o que havia no centro da sala: era uma mesa retangular, coberta por um lençol de seda vermelho, como se fosse um altar e junto dela um pequeno banco almofadado. Senti o corpo estremecer por antecipação ao imaginar que ali poderia acontecer algo que me traria prazer.rnQuase nem me apercebi de quando desataram o laço e retiraram o manto que me cobria os ombros. Alguém me segurou a mão e me ajudou a subir naquela mesaaltar. Sentei-me e fiquei a observar os rostos práximos, observando as máscaras, bocas e olhos em busca de uma resposta que sabia ali não seria encontrada. Como que obedecendo a uma ordem que não me foi dada, deitei fixando o teto e, em seguida, fechei os olhos. Poucos segundos se passaram e senti uma mão que tocava meu corpo na cintura, desatando a tira do baby-doll. Tentei virar o rosto e olhar quem era, mas foi-me negado por uma outra mão que me conteve com suavidade, fazendo com que mantivesse os olhos fixados no teto.rnDeixei-me levar pelas sensações.rnTiravam meu baby-doll, mas quem o tirou, permitiu que eu sentisse dos seus dedos apenas toques suaves como penas. Agora eu me encontrava nua, deitada naquela camaaltar, rodeada de pessoas desconhecidas, das quais eu apenas ouvia murmúrios de exclamação.rnSegundos angustiantes se passaram sem que nada mais acontecesse, até que subitamente senti uma boca encostar na minha. Sugou meus lábios e deslizou a língua para o interior da minha, tacteando, saboreando, entrelaçando-se nela. Simultaneamente dedos iniciaram um bailado percorrendo meus seios. Tocaram e apertaram os bicos já duros. Sabiamente estes mesmos dedos deslizaram pela barriga, detiveram-se no umbigo e subiram de novo. Enquanto isso a língua continuava a fazer maravilhas em minha boca. Comecei a sentir uma umidade entre as pernas, revelando ao meu sedutor algoz o tamanho da excitação sentida no momento. Quando a boca se separou da minha, desde que me deitara, pela primeira vez abri os olhos, me deparando com duas contas de um verde, intenso, com um brilho de paixão que denunciava o fogo que também invadia aquele ser, ser esse, que até então eu não sabia se era homem ou mulher. Olhei na direção do seu corpo, moreno, despido e vibrei quando vi que era homem e bem macho, de tanto que estava excitado.rnSem desviar os olhos dos meus, ele deslizou a mão esquerda por meu corpo até encontrar minhas coxas e as entreabriu. Tocou-me o sexo e iniciou em meu clitáris leves e cadenciadas carícias. Os olhos do desconhecido observavam minha excitação, enquanto sua boca, mais uma vez, descia na direção da minha que a aguardava entreaberta. Seus dedos continuavam a acariciar meu clitáris e vagina, insistentemente. Não pare, eu pensei. A poucos milímetros dos meus lábios, ele deslizou a língua por entre eles e sá, para rapidamente levar à boca até um dos meus seios. Ele beijou, mordiscou, lambeu e chupou meu mamilo, massageando a pele da teta com a língua.rnE naquele momento tive o maior orgasmo que já havia sentido na vida. Foram um, dois, três orgasmos consecutivos. Enquanto gozava, meu corpo se arrepiava e se contorcia com minha têmpora pulsando e a vagina latejando, ambas, ao ritmo do batimento acelerado do meu coração. Meu gozo era o resultado de um excelente trabalho de dedos muito hábeis.rnLamentavelmente acordei sem ter experimentado daquele pênis rígido, repleto de veias e de glande grossa e avermelhada. Mas em compensação, acordei ainda excitada e molhada pelos múltiplos orgasmos tidos.rnUma pena que tudo não tivesse passado de um solitário sonho erático.rncontato: cinquentao100@bol.com.br