Da última vez que eu havia comprado uma saia (preta, meio longa, com forro), foi assim: fiquei rodeando a loja, olhando as saias, enquanto as vendedoras andavam pra lá e pra cá, vendo o que eu estaria procurando. Quando escolhi a saia, fui direto pro caixa, mas sá aí descobri que uma das vendedoras tinha que fazer a nota.rnEnquanto uma delas pegou a saia pra fazer a nota, eu fui pagando no caixa e jogando conversa fora com a moça do caixa. Quando a vendedora voltou, perguntou se era pra presente. Eu hesitei por uns 2 segundos, e disse que não. Ela colocou a saia numa sacola simples da loja e saí. Sei lá o que pensaram, mas que cara compra uma saia que não seja pra presente, não é?rnMas isso foi antes. Desta vez foi diferente. Cada vez que me lembro, me sobe a adrenalina, a excitação. O fato é que desta vez foi muito legal, melhor do que poderia imaginar. Já disse que pretendia comprar uma saia pra mim, e dizer na loja que era pra mim. Quem sabe até experimentar. Mas seria numa loja distante, talvez em outra cidade.rnNa verdade, acabei comprando numa loja em minha cidade mesmo, práxima da outra loja onde comprei a outra saia. Em pleno centro da cidade, práximo de onde trabalho.rnUm dia antes, rodei pelo centro em busca de uma saia boa. Ela deveria ser não muito longa, de um tecido molinho, e fácil de guardar e esconder. De preferência, mais curta do que a saia anterior. Rodei, rodei até que achei a loja onde havia vários modelos de saia que eu gostei, todos jeans.rnEu sempre via moças (principalmente evangélicas) usando saias daquele tipo, que eram jeans mas ao mesmo tempo eram meio molinhas (depois descobri que elas tinha uma porcentagem de elastano, daí a flexibilidade). Olhei vários modelos e tamanhos, mas não tinha certeza de que número eu usava. Resolvi que ia voltar outro dia. Quando cheguei em casa, confirmei a numeração que eu usava. Ótimo!rnNo dia seguinte, fui direto à loja, antes de ir trabalhar. Pra disfarçar fiquei olhando umas calças, que também precisava. Uma das vendedoras veio me ajudar, mas disse que estava tudo bem, que estava sá olhando. Mas vi que ela dificilmente ia largar do meu pé. Fiquei uns 19 minutos olhando calças, até que ela saiu de lado um pouco.rnAí fui direto à s saias. Já sabia qual modelo escolher, era sá ver se tinha o meu tamanho. Peguei a saia, e pra disfarçar, já havia pego duas calças, e coloquei a saia entre as calças. Tudo com cabide. Fiquei enrolando por ali, não queria ver mais nada, mas fiquei disfarçando. Sá que aí a vendedora não largou mais do meu pé. Então perguntei a ela: ?O provador é ali, nos fundos??.rnEla disse: ?É mas a gente tem que tirar os cabides antes?. Meio desastrado fui tirando os cabides, tomando o cuidado pra deixar a saia entre as calças. Não adiantou, pois ela já tinha visto. Foi aí que ela fez a pergunta fatal: ?Você quer que eu segure a saia pra você??. Eu olhei pra ela, tinha que pensar rápido. Disse: ?Não, tudo bem?. E segui em direção ao provador.rnNo caminho, um turbilhão de pensamentos rodava minha cabeça: ?Meu Deus, o que acabei de dizer? Agora ela vai saber!?. Mas entrei no provador e provei as calças e a saia. Uma das calças não me agradou, e a saia serviu, mas parecia que tinha ficado meio folgada.rnPensei: ?Será que um numero menor não serviria? O que ia fazer? Colocar a roupa de volta, e ficar rodeando as saias de novo, pra pegar um número menor?? Resolvi jogar tudo ás favas, e saí, com a calça e a saia na mão. Chegou uma outra vendedora, que chamou aquela que tinha me atendido.rnEu disse: ?A bermuda acho que não vou levar, não gostei muito. Agora, a saia... essa aqui é numero 44. Você tem um número menor??. Ela respondeu: ?Tem sim. Quer que eu pegue pra você??. Respondi: ?Quero sim?.rnE fiquei esperando. Fiquei nervosíssimo de ansiedade. Havia uma fresta no corredor em que eu estava, e fiquei olhando a loja enquanto a moça ia trocar a saia. Na volta, percebi nela um pequeno sorriso, bem discreto, na direção de outra vendedora. Peguei a saia das mãos dela, e agradeci.rnNaquele momento, se havia alguma dúvida na vendedora se a saia era pra mim, a dúvida com certeza desaparecera. Afinal, fui ao provador com calças e uma saia. E voltei dizendo a ela se não tinha um número menor da saia. Ou seja, era ábvio que eu havia provado.rnProvei a saia, serviu, e saí em direção ao caixa. A vendedora veio ao meu encontro, e disse: ?E aí??. Respondi simplesmente: ?Ah sim, deu tudo certo.? Na verdade, pensando bem, acho que deveria ter respondido: ?Sim, serviram. Os dois?. Ou ?Sim, serviram. A calça e a saia?.rnPaguei no caixa, e na saída da loja, a vendedora que me atendeu estava conversando com outra. Agradeci a ela e sai, notando o sorriso nos lábios dela. Devo ter sido o assunto do dia na loja!