Chegamos ao final dessa histária de paixão. Passamos algumas semanas de muita entrega. Mal conseguia me concentrar no meu trabalho. Sá pensava nela. Mandava uma centena de mensagens no seu celular todos os dias. Saía correndo do trabalho para encontrá-la. Ãs vezes quando eu chegava em casa ela já estava lá (lhe dei uma cápia da chave), e antes de falar qualquer coisa, eu tinha que beijá-la, senão não conseguia. Outras vezes ela demorava e eu ficava irritada. Ela chegava e imediatamente eu a tomava. Transávamos pela casa inteira.
Sentíamos ciúmes uma da outra. Brigávamos. Fazíamos as pazes, e cama. Eu sentia quase uma posse. Disse pra ela vir morar comigo. Eu estava ganhando muito bem. Ela fazia pinturas nas horas vagas, e propus que ela se dedicasse então inteiramente a isso, que eu nos sustentaria. Júlia topou. Ela era talentosa, e na verdade, achava extremamente sexy chegar e encontrá-la tão absorvida naqueles quadros. Suja de tinta. Quantas vezes transamos nos meio daquilo tudo.
Nossos amigos começaram a estranhar nossa relação, principalmente quando ela se mudou. Dizíamos que íamos economizar dinheiro morando juntas, mas eles sabiam que esse não era o motivo. Estava escrito em nossos rostos. Então contamos. Eles ficaram meio chocados no inicio, mas aceitaram. Nossas famílias moravam longe, então não chegamos a contar pra eles.
Porém, depois de 9 meses senti que tinha algo errado. Não sabia o que era, mas ela não estava igual. Eu queria perguntar o que era, mas ao mesmo tempo tinha medo de descobrir. Uma bela tarde ela me ligou dizendo que tínhamos que conversar quando eu chegasse. Não quis adiantar o assunto, e desligou. Fiquei doente no mesmo segundo, me sentia perdida. Me convenci que fosse lá que fosse, eu ia contornar. Passei na adega, comprei um vinho. E fui pra casa.
Cheguei, e antes que ela falasse algo eu disse que ia nos servir um vinho. Foi o que fiz. Sá depois da 2ª taça é que permiti que ela começasse. Ela não fez rodeios, disparou: “Alice, ainda que eu queira morrer nesse instante, tenho que te dizer, me apaixonei por outra pessoa”. E começou a chorar. Eu não tive reação. Fiquei parada. Ela me abraçou.
A fúria foi subindo por dentro de mim. A empurrei no sofá. Subi em cima dela, enquanto berrava perguntando quem era a pessoa. Ela disse que foi mostrar seus quadros num ateliê e a dona de lá, tinha a convidado para conversar sobre seu trabalho num almoço. E que aconteceu uma química muito grande e quando voltaram para o ateliê acabaram transando. E que ela lutou durante 1 mês contra o sentimento, e se dizia ainda apaixonada por mim, mas também por ela.
Eu não queria escutar mais nada, sá de pensar numa outra pessoa tocando seu corpo! Queria bater nela! Dei-lhe um tapa no rosto. Segurei suas mãos e a beijei. Ela chorava. Eu chorava. Arranquei suas roupas. E a penetrei, com força, com amor, com raiva. Sai de cima dela. Mandei que recolhesse suas coisas e fosse embora. Ela me pediu desculpas. Mandei que se calasse.
Hoje faz 4 meses que ela se foi. Não fui atrás pra saber como está. Troquei meus números de telefone. Mudei meu e-mail. Me sentia morta, vazia. Perambulava pela casa, sem saber o que fazer. Tenho a impressão que finalmente consegui tirar o cheiro dela daqui, mas foi difícil. Noites em claro, dias nublados. Sofri, meu coração foi arrancado do peito. Ah sim, tomei muitas e muitas garrafas de vinho pra dormir.
Meus amigos dizem que tenho que voltar a sair, me animar. Mas é tão difícil. Você acredita em vida depois do amor? Bem, sei que não vou morrer e o tempo há de curar tudo. Aliás, agradeço, pois vivi algo tão intenso como a prápria vida. E dái ter que esquecer. Mas quem sabe não conheço outro alguém tão especial novamente?
Fim