Eu tinha por volta de 19 anos quando tomei contato com o sexo pela primeira vez. Já tinha feito brincadeiras, claro, com primos, primas, coleguinhas de escola. Mas deixou de ser brincadeira quando conheci o Fred.
Ele era um mineirinho bem branco, motivo pelo qual o apelidamos maldosamente de galego. Tinha algumas sardas no rosto, olhos verdes, um pouco (bem pouco) acima do peso, o suficiente para não ser magrelo. Não era nenhum símbolo sexual. Tinha seu charme, mas nunca foi lindo.
Tornamo-nos colegas no final da quarta série. Seu pai era gerente da empresa onde o meu trabalhava e na época eu estudava na melhor escola de minha cidade, um colégio de freiras bem rígido. Confesso que a princípio não gostei dele. Fui praticamente obrigado por meu pai a fazer amizade com o Fred, apresentá-lo aos meus colegas de classe, ficar com ele nos intervalos, pois o guri estava se adaptando mal à mudança de Minas para cá.
A primeira semana foi realmente tediosa. Principalmente porque, diferente do que meus pais pensavam, eu não era um menino muito popular na escola. Eu tinha um estilo dife-rente, um pouco nerd, gostava de esportes diferentes, vivendo no interior de São Paulo na década de 90. Não tinha muitos amigos. Para falar a verdade, até conhecer o Fred eu não tinha tido realmente nenhum amigo, apenas colegas. Não gostava de futebol, nem das brincadeiras tradicionais que se resumiam a ficar correndo um atrás do outro. Gostava de ler, de vídeo games, bicicleta e artes marciais. Para quem cresceu no interior nessa época, sabe que alguém como eu era tido como um excêntrico.
Por isso estranhei que, à medida que o tempo foi passando, fui me afeiçoando cada vez mais ao meu novo amigo. O que a princípio era tedioso e um tanto doloroso, logo se tor-nou cotidiano, acabei me acostumando a ter companhia o tempo todo. Íamos juntos à escola, meu pai nos levava, voltávamos de transporte escolar e depois do almoço ficávamos jogando jogos eletrônicos e jogando conversa fora.
Lembro-me claramente que naquele ano senti pela primeira vez vontade ir ao clube nas tardes de carnaval. Foi a primeira vez que tive alguém com quem eu queria realmente ir. Divertimo-nos muito. Aquele carnaval de 1991 nunca vai sair da minha lembrança. Foi o pri-meiro ano, em minha cidade, que tivemos aquelas latas de espuma pressurizadas. Foi uma festa. Espuma, serpentinas, suor. No meio da tarde da matiné de domingo, estava lavando minha camiseta no banheiro do clube quando vi o corpo do Fred pela primeira vez. Estávamos dividindo o mesmo Box de chuveiro para lavar as camisetas. Nunca tinha estado tão perto dele. O cheiro de suor, o cabelo molhado dele e a alegria em nossos rostos me embalaram de tal modo que eu senti uma grande afeição por ele naquele momento. Então, e lembro-me de todos os detalhes desse momento, ele pendurou a camiseta na torneira do chuveiro, afastou o elástico da bermuda junto com o da cueca e, rindo, me falou:
- Olha até onde tem espuma!
E eu olhei. Não sei dizer se foi um olhar inocente ou se eu tinha consciência de que queria mesmo olhar. Mas lembro-me de ter sentido um frio na barriga e de ter olhado imediatamente. Não era muito maior que o meu. Era bem branquinho, ainda sem pelos, e estava lá. Ele olhou para mim ainda rindo, passou a mão sobre meus ombros e complementou:
- Não gama não, hein!
Rimos os dois, ele enxaguou a espuma e voltamos para a farra do carnaval. Naquela noite o sono custou a vir. Tive ereções constantes, pois a imagem do pinto do Fred não me saía da cabeça. Não sabia o que eu queria fazer com ele, sabia apenas que havia gostado da cumplicidade, havia gostado do que tinha visto, gostado do toque dele no meu ombro, mas as coisas deram uma esfriada depois disso. Voltamos ao cotidiano e lembro-me de ter me sentido um pouco frustrado a princípio. Na escola, o tempo cuidou de que ele fosse aos poucos conhecendo o pessoal, foi se enturmando e, por gostar de futebol, acabou ficando mais práximo dos meus colegas de classe do que eu mesmo.
Acabei ficando um pouco chateado com isso e me afastei um pouco. Para evitar passar as tardes sozinho novamente, entrei para a turma de natação do clube, onde fiz minha primeira turma de amigos realmente. Não conseguia socializar na escola, mas o pessoal da natação era muito agradável. Saíamos juntos para comer sanduíches, ficávamos bastante tempo no clube. Fernando, Michel, Guilherme, Marina e Juliana. Até então, meus melhores amigos. Mas o fato de o Fred ter se afastado ainda me incomodava muito.
Na Páscoa daquele mesmo ano, foi quando senti que realmente havia algo errado. Apesar de ter a companhia de meus novos amigos, de termos feito muitas coisas juntos, acabei sentindo uma falta sobrenatural do Fred durante o feriado. Ele havia acompanhado os pais para Divinápolis-MG, onde viviam seus parentes maternos. Não nos víamos mais com a mesma assiduidade do começo, mas nos víamos com frequência. Senti muita falta dele durante o feriado todo. Então, no finalzinho da tarde de domingo, o interfone do apartamento tocou (morávamos no mesmo prédio). Não vi, mas tenho certeza de que corei quando ouvi a voz dele.
- Ow, é o Fred. Tá fazendo o quê?
- Nada, fiz porra nenhuma o dia inteiro.
- Desce aí, eu ganhei um jogo novo, Batman!
- Sério?
- Sério, desce logo, to com uma puta saudade.
Até hoje os melhores amigos que tive foram de Minas. Acho sensacional esse hábito que encontrei nos mineiros que conheci de serem espontâneos e de falaram o que sentem. Fiquei muito feliz ao ouvir isso. Coloquei uma camiseta e desci rapidamente.
Jogamos por umas duas horas, conversando um pouco, e então cansamos. Colocamos em algum canal da TV e ficamos conversando. Fizemos um lanche e ele veio sentou-se do meu lado, passou o braço sobre meu ombro como naquele dia no clube, e disse:
- Cara, que saudade que deu de você! Não sabia que eu podia sentir tanta falta de um cara feio que nem você!
E rimos os dois. Falei qualquer coisa sobre ele ser mais feio que eu e embalamos na brincadeira preferida dos meninos: lutinha.
Eu era bem mais forte que ele, por andar muito de bicicleta e por praticar caratê desde muito pequeno. Acabava sempre deixando que ele me prendesse em algum momento, senão ficava chata a brincadeira. Naquele dia, acabei me deixando prender embaixo dele e, sem mais nem menos, ele me deu um beijo na bochecha.
- Isso é por você ser meu amigo.
Fiquei encabulado e retribuí o beijo. Ficamos os dois sem jeito uns segundos e ele disse que ia tomar banho, pois tínhamos aula no dia seguinte. Eu subi para meu apartamento confuso. Gostava muito do Fred, gostava mais do que a medida que eu sabia ser normal.
Os dias foram passando. Com o pessoal da natação acabei descobrindo uma brincadeira nova e muito gostosa, a punheta. Passou a ser um hábito diário. Estranhamente, nunca havia tocado no assunto de sexo com o Fred até as férias da quinta série. No quarto dia de férias, ele me interfonou e perguntou:
- Ow posso subir aí?
- Pode, to fazendo nada mesmo.
Eu estava sozinho naquela tarde, meus haviam ido fazer compras em uma cidade vizinha. Ele chegou um pouco chateado, sentou na minha cama, eu sentei na cadeira do computador.
- O que você tem, Fred?
- To cabrero com umas coisas aí. Mas dexa pra lá. Viu, olha o que me arranjaram.
Tirou do bolso uma daquelas revistinhas com fotos e historinha de sexo explícito. Eu tinha várias, mas como eu havia dito, nunca havia tocado no assunto sexo com o Fred até então. Eu dei uma risadinha sacana, dei uma folheada na revistinha. Era boa até.
- Legal, hein. Quem te deu?
- Um cara lá da classe. É muito bom ficar olhando e batendo uma. Você sabe bater né?
- Claro que eu sei, tá achando o quê...
- Sei lá, você é esquisitão, vai saber!
- Esquisito é você branquelo!
- Branquelo é isso aqui á!
E sem cerimônia ele arriou a bermuda e a cueca, expondo seu pinto duro, segurando-o pela base. Ele havia crescido um pouco. Havia uma penugem na base do pinto. O cheiro forte de sexo me deixou louco.
- Deixa eu ver o teu também!
Abaixei minha bermuda. Meu pinto ainda estava mole.
- Não sobe não?
- Sá quando eu to com tesão.
- E você não tá?
- Nem vi a revistinha direito.
- E meu pinto, não te dá tesão?
- Como você é idiota, sá dá tesão com mulher animal.
- Claro que não. Quer ver como você fica com tesão de mim?
- Nem vou ficar.
Então ele chegou mais perto e pegou no meu pinto. A mão quente dele passando os dedos no meu saco me deu cácegas. Eu ri. Ele segurou meu pinto com firmeza e começou a me punhetar. Fiquei duro em alguns segundos.
- Viu, bobão? Tá mais duro que eu.
Ele riu. Eu respondi:
- Também, você pegando!
- Pega no meu também, vai.
Eu olhei para ele profundamente. Seus olhos verdes gulosos. E peguei. Ele gemeu baixinho, passou o braço sobre meus ombros, como eu gostava e ficamos nos punhetando um tempo. Então ele parou e perguntou:
- Você já goza?
- Gozo e você?
- Não consegui ainda. Mostra pra mim como você goza?
Tirei a mão dele do meu pinto e comecei a me punhetar. Acelerei os movimentos e gozei em alguns minutos. Talvez pelas carícias dele, gozei mais do que as gotinhas que costu-mava gozar.
- Nossa! Quanta porra!
- Cansei...
Ele passou os dedos sobre a minha barriga, onde minha porra havia caído. Ficou to-cando o líquido esbranquiçado um tempo. Então ele encostou no sofá e fez um cafuné na minha cabeça dizendo:
- Você gostou?
- Gostei do quê?
- Da gente bater um pro outro.
- Sei lá... foi bom.
- Foi muito bom. Vamo faze de novo qualquer dia?
- Não é gay fazer essas coisas?
- Sei lá.
- Se for coisa de gay nás vamo para de fazer?
- Sá se você quiser para. Eu gostei.
- Então tá.
No dia seguinte, o ritual na escola foi o costumeiro. Até a hora do intervalo. Estava terminando de comer meu lanche quando o Fred sentou-se do meu lado.
- E aí, o que tá rolando?
- Nada, to sá terminando meu lanche.
- Cara, você não faz nada o recreio inteiro!
- Ah, é muito rápido.
Ele ficou lá o restante do recreio comigo. Confesso que gostei. Geralmente eu ficava sozinho, ou conversando nada com alguém randômico. No final do período, quando chegamos no prédio, ao sair do elevador, ele disse:
- Vamos fazer a tarefa juntos hoje?
- Vamos, ué.
- Tá, te espero as duas horas, combinado?
- Combinado.
(CONTINUA...)