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PORTO SEGURO

Punha-se o sol no primeiro município do Brasil onde um português pôs o pé. Era dezembro, estava muito quente, mas o ar condicionado mantinha uma temperatura agradável dentro da suíte de Rodrigo. Formando-se no ensino médio, ele e sua turma viajaram a Porto Seguro, como de praxe muita turmas fazem quando se formam no ensino médio.



Chegaram ontem à cidade; divertiram-se muito até então; aproveitaram a noite num luau porraloca na praia; dançando axé, bebendo, pegando meninas de todos os estados; houve até quem se achasse num cantinho ou noutro com um cigarrinho ou um baseado, mas nada fora do normal numa noite porto-segurense. Dessa noite, Rodrigo acordara ainda num canto da praia, num sol desgraçado de meio-dia. Não tinha vomitado nada; ainda bem; sá mesmo dormiu um pouco na areia. Acordara despido; mas a sunga estava ali perto, vestira-a. Nenhum de seus amigos, que imendaram ao luau um dia praiano, comentara esse incidente infame. Supusera que eles nem tinham visto. Estava com muita dor de cabeça, de modo que, lá pelas duas da tarde ainda, ele já havia deixado a praia e partido para o hotel, onde passara o resto da tarde cochilando ou assistindo televisão enquanto se recuperava da ressaca de ontem à noite.



Esteve deitado toda a tarde, de barriga pra cima, praticamente imável. Uma manhã inteira pelado sob o sol baiano causou sérias queimaduras em sua pele branquinha de paulista. Ficara imável, obviamente, porque doía muito.



Ia começar a novela das seis. Era um tédio, que Rodrigo não quebrava apenas porque a dor das queimaduras e a preguiça eram maiores. Ouviu alguém bater na porta do quarto.



- Entra!



- Tá trancada. – Respodeu um voz feminina.



Levantou-se da cama contorcendo-se de ardência a cada movimento de suas juntas e com um único pensamento em mente: “Bosta!”



- Nossa Senhora, Digo! – E deu-lhe um beijo na bochecha, agarrando-o pelo pescoço. Rodrigo franziu todo rosto, numa espressão de dor. Ela logo percebeu isso e tão logo largou-o.– Você tá todo queimado, tadinho! O Bruninho me contou aqui, então eu vim ver como você tava. – Era Isabela, a garota mais gostosa de sua sala, com quem todo menino que teve a chance ficou. De bíquini, chinelo e shortinho, ainda por se lavar, ela acabava de retornar da praia. Uma loira, de pele bronzeada e voz de sereia, que qualquer um sempre desejou. – Que dá! Você já passou o pás-sol?



- Não ainda... – Ainda muito estorvado pelo abraço ardido. – Esqueci de trazer.



- Tem que passar logo! Ainda bem que eu trouxe, hein Diguinho? – Exibindo a embalagem que ela já trazia na mão. – Pode tirar a camiseta e deitar ali na cama que eu passo em você. – E trancou a porta do quarto enquanto Rodrigo a obedecia.



Tão logo trancou-a que ainda teve tempo de ajudá-lo a despir o tárax. Rodrigo descamisado, Isabela empurrou-o para a cama, fazendo-o resmungar um grito de dor. Apertou a embalagem contra sua mão e esfregou o conteúdo sobre suas costas vermelhas. Ao primeiro toque do gel sobre sua pele, Rodrigo exclamou:



- Caralho, Isa, essa porra arde!



- Num vai arder mais nada, Diguinho. – Isabela acalmou-o com um beijinho na orelha. As mulheres costumam ter um intrínseco zelo especial aos convalescentes. Rodrigo contraiu seus músculos com o ardor daquele beijo; em todo sentido da palavra ardor.



Isabela esfregou sua barriga, braços, ombros, costas, rosto, orelhas, todos os lugares que ela achou feliz excitar; osculando suavemente cada parte ela notou que lhe causara ardência, fazendo esta arder ainda mais.



- Assa, Diguinho, sua perna também tá toda queimada, né? – Já começando a puxar. – Tira a bermuda pra mim passar na sua perna? – Rodrigo obedeceu prontamente, e Isabela pôs-se a massageá-lo.



Durante o serviço, Isabela sensualmente ignorou a barraca-armada de Rodrigo, esfregando o pás-sol em seus pés, coxas e canelas finas. Terminado isso, Isabela abaixou-lhe a cueca, enquanto Rodrigo levantou a cabeça com um leve espanto, e disse:



- Oh, o júnior também tá todo queimadinho!...



Rodrigo e Isabela passaram assim aquele comecinho de noite. Na ardência das queimaduras de Rodrigo, eles puderam até explorar algum prazer: o sadomasoquismo.



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