Bom, tudo começou numa manhã de domingo. Um monte de passarinho, que normalmente me irritaria, me acordou com uma canção de poucas notas. Me mexi na cama e fiquei olhando pro teto. Aquele iria ser O dia.
Meu aniversário tinha passado há mais de 6 meses e meus pais dizendo que ainda iam me dar meu presente de aniversárioNatal. Finalmente, na semana anterior, eles cumpriram a promessa.
Infelizmente eu tava em São Paulo, longe da minha cidade natal, Belém, e meus pais sabiam que eu morria de saudade. Por isso, me compraram uma passagem pra passar as férias de julho lá com a minha tia. O único problema era o meu primo Gustavo. Ele era MUITO chatinho, bem crianção. Quando eles moravam em Minas Gerais, o pai o abandonou e à minha tia, ninguém sabe pq, então acho q isso refletiu psicologicamente no comportamento dele. Da mãe ele não puxou isso, pq ela é uma das melhores pessoas q eu conheço.
Na verdade, acho q ele não gosta muito de mim pq faço lembrar do passado dele. Hoje em dia ele é todo machão, mas uma vez, quando a gente era pequeno, visitei minha tia em Minas e aconteceu algo q não devia ter acontecido. Eu, na época com 8 anos, tinha aquela ansia por momentos bestas de tesão, como bater em lugares onde de repente poderia aparecer alguém. Foi o que eu fiz. Eu lá aproveitando o momento, quando olho no canto e vejo o meu primo batendo e me olhando. Hesitante, ele chegou e começou a bater pra mim. A gente parou logo logo, afinal eu nem sabia gozar naquela época, mas eu fico puto até hoje pq deixei isso acontecer. Ele é muito feio.
Enfim, ele não iria estragar a minha felicidade em voltar pra Belém. Não mesmo.
Meu irmão atrapalhou meus pensamentos pulando em cima de mim na cama, como gosta de me acordar até hoje. Ele sabe que eu fico puto com isso. Por isso ele continua. Se chama Leonardo, tinha 19 anos na época. É completamente diferente de mim fisicamente. Tem 1,71 m de altura e um corpo bem malhado, cabelos bem lisos claros e é um pegador nato. Já euÂ… 1,77 m, magrelo que nem uma tábua, cabelos ondulados e bem negros e nerd. Mas a gente tem uma coisa em comum. Somos bi.
“Acoooooooooorda, caralho! É hoje, porra!” disse Leonardo pulando mais em cima de mim.
“Puta merda, Leo, eu tô acordado já” falei, puto.
“Eu sei” disse ele, rindo “Vamo logo, sua mãe mandou chamar pra tomar café da manhã”
“Diz q já tô descendo…” respondi, tirando ele de cima de mim.
Quando ele saiu, eu me arrumei e desci com as minhas malas. Encontrei minha mãe, Renata, lavando uma frigideira, muito aflita. Ela não era a favor da viagem. Na verdade, qualquer coisa que me faça ficar longe dela, ela desaprova. É meu carma eterno, eu sei.
“Vc sabe q tá atrasado né?” perguntou Renata em um tom bem estúpido “Tem que estar DUAS horas antes no aeroporto!”
“Ok, mãe, tudo bem, vou comer rápido. Sá não me estressa pq hoje é o meu dia.” falei.
Ela fechou a cara e continuou esfregando a louça com raiva, quase tirando o teflon da panela. Mas a sua feição não durou muito. Camila, a nossa vizinha, entrou pela porta da cozinha.
“PUTA QUE PARIU! De nooooovo isso? CARALHO!” pensei.
“Minha queriiiiiiiiida, como vc está?” disse Renata, toda sorrisos, largando a louça na pia “Ai, meu Deus, cuidado, estou tooda suja de detergente (um parêntese aqui, como alguém pode estar sujo de algo q serve pra limpar as coisas??? enfim, continuandoÂ…), estava lavando uma louçinha”
“Camiiiila, minha queriiida, vc é sempre bem-vinda aqui viu?” disse Leo, olhando pra mim.
Filho-da-puta. Sabia que ela era um problema pra mimÂ… Eu fiquei com ela no mês anterior e no dia seguinte eu me vi no meu quarto, tirando o sutiã dela e fazendo umas coisas q eu nem sabia que sabia fazer. Nás transamos e agora a Camila não sai do meu pé. E o pior de tudo, minha mãe soube que a gente ficouÂ…
“Sente aqui, minha filha, tome café com a gente!” disse Renata, oferecendo a cadeira ao meu lado.
“Tudo bem, dona Renata… Oi Lu…” disse Camila, sentando, totalmente sem jeito.
“Oi, Mila” disse, tentando não expressar a minha raiva, pra não ser mal educado.
“Mas e aí, me digam, como está o namoro? Dando muitos beijinhos?” disse Renata, rindo.
Pra mamãe aquilo era uma piada muito engraçada. Além de ser uma forma de tentar me transformar em hetero. Sim, eu contei pros meus pais sobre o meu bissexualismo e, é claro, essa realidade não foi muito bem aceita por ambos. Meu pai se conformou, mas a minha mãe ainda tinha uma esperança de que eu mudasse a minha “escolha”.
“A gente não namora, mãe!!” eu respondi, no fogo do momento, esquecendo de que Camila estava lá, q não reagiu muito bem.
“EuÂ… eu vou indo, gente. Boa viagem, Lu” e saiu o mais rápido possível de casa.
O clima ficou tenso. Mas não durou muito, interrompido pela buzina do táxi.
Mas eu vou pular essa parte chata de despedida, choro da mamãe, socos no ombro do meu irmão. Em minutos eu estava no aeroporto, depois numa fila imensa, depois em outra fila e então, no avião
Eu sentia q aquelas férias de verão seriam as melhores. Mas não sabia q ia ser o melhor mês da minha vida...
(se quiser ver mais, entre no meu blog >>http:wp.me1bp98