E com meus olhos novamente fechados e o corpo fraco, tremulo, lambia sua mão entre seus dedos e seus dedos inteiros como ele mandava completamente dominada, obediente, tonta. E o surgimento da consciência de que sentia paralelamente a essa humilhação um prazer diferente, desconhecido e maior que tudo; a consciência e o fato de admitir esse prazer enfim, parecia fazer com que esse prazer aumentasse mais ainda tomando dimensões quase que de um novo orgasmo mesmo, naquele momento. Tanto que quando ele me empurrou pela testa me fazendo cair o corpo todo no chão parecendo já completamente satisfeito, eu comecei a me tocar até me tremer todinha num novo orgasmo, estranho, mas delirantemente gostoso enquanto tentava de alguma forma olhar pra ele com meus olhos meio abertos, com um deles embaçado pelo seu esperma em meus cílios. Parecia que eu adquiria naquele momento uma estranha compulsão por orgasmo. E o pouco que eu podia ver dele intensificava mais ainda o meu prazer, porque no pouco que eu via, eu via os olhos, o rosto envelhecido dele que parecia meio sorridente, cínico, sarcástico; ele me olhava como uma cachorra prestes a obedecer-lho total e cegamente. Talvez eu não saiba muito bem descrever aquele momento e aquela minha sensação seja mesmo indefinível, mas lembro bem que ele olhava confiante, atrevido, senhor de si e com uma satisfação que jamais vi em alguém; era a satisfação monstruosa de um monstro mesmo. Ali, naquele momento parecia que ele imprimia em mim, na minha alma, de forma definitiva, finalmente, a sua marca. Eu já não ia mais poder viver sem o gozo daquele momento; sem o temor, o medo estranho, o pecado e o tezão que me proporcionava a sua voz com suas humilhações, as suas palmas, o seu prazer extremamente sádico, o seu completo e doído domínio. E pensei quando ele ordenou com certo cansaço na voz. --Já chega puta, vai embora escrava, dá um jeito escrava, vai embora... Pensei, sou mesmo isso que ele chama e dele. Eu acho que poderia gozar ainda mais, porém, obediente, levantei aos poucos, ainda tremula e mais fraca ainda, de cabeça baixa, tonta. Eu tentava ainda vê-lo mais um pouco pra levar aquela lembrança levantando levemente a cabeça enquanto limpava meu olho com o antebraço esquerdo quando ele bateu forte com o com o seu pé direito descalço no chão. –Anda puta, vamos. Veste a porra da roupa! Caralho! Chega! Anda! E eu saí o mais rápido que pude. E parecia que aquele prazer ia me acompanhando pelo caminho como se aquele seu olhar monstruoso fosse me seguindo em cada passo do caminho até eu chegar em casa. E já em casa tomando banho, com o rosto latejando e ainda tremula de dor e prazer, me depilei completamente na vagina como meu senhor queria. E seu rosto e olhar apareciam ainda fortes na minha cabeça tonta; fortes como aquele prazer do meu corpo e mente. Lembro que eu ainda pensei em sair assim do banho colocar uma roupa qualquer e ir lá mostrar a ele que eu tinha me depilado, que eu era obediente. Sentindo minha vagina dolorida fechei os olhos ainda com o eco da sua voz repercutindo dentro de mim e me toquei com força no clitáris. Com a vagina vermelha e ardida pela depilação, explodi num novo e intenso gozo solitário dessa vez, me tremendo toda, estranhamente, sob a água quente. Assim sozinha com a água escorrendo pelo corpo nu eu ia aos poucos me refazendo e eu mesma me surpreendi quando comecei um choro baixinho, um choro estranho, mudo, que se misturava a um prazer também estranho, cálido e quente como a água. Aquele homem estava me tendo como eu jamais pensei um dia ser de alguém. Aquele homem estava me domando como se doma mesmo uma cachorra, aos poucos e totalmente. E se uma cachorra tem ânsia por uma nova ordem do dono, eu também passei a ansiar por uma nova ordem dele quase que imediatamente aquele banho. E a partir daquele dia, lembrar de uma velha ordem dele já me fazia tremer e ansiar por uma nova ordem dele. Com isso, com esses pensamentos, de forma meio que surpreendente, a consciência já não me incomodava tanto como incomodou nas vezes anteriores. Havia sim uma dor na consciência ainda quando eu fazia pequenas reflexões, quando eu olhava o Renato dormindo sem nem imaginar o que se passava entre mim e o vizinho “esquisitão”. Talvez fosse mais um sentimento de culpa; não sei. Mas era uma dor mais calma que já não me fazia desesperar, querer fugir, etc. Passou a ser uma dor que eu comecei a aprender a me dar com ela, porque eu já havia observado que era uma dor muito menor que o prazer que eu senti. E eu passei a ir à janela e a olhar sempre que possível, a janela do monstro (nos meus pensamentos eu passei sempre a me referir assim a ele), quase sempre fechada. Eu olhava sempre das minhas duas janelas vindo de uma pra outra ansiosa. Talvez eu não tenha explicado direito antes, mas eu disse que seria tim tim por tim tim e não acho que esteja sendo. É que, não sei direito como explicar; é que da janela da minha sala eu vejo a janela da sala e do quarto dele e da janela do meu quarto sá da pra ver a janela do quarto dele. Nessas descrições é que me enrolo. Bom, voltando ao principal; eu passei a colocar roupas mais atrevidas pra possibilidade dele me ver e me querer mais rápido, como quando parecia me querer antes de me ter de fato. Se ele me quisesse no dia seguinte daquele, ou algumas horas mesmo depois, ou imediatamente depois, eu iria mesmo correndo já sem pestanejar mais, mesmo com risco de ficar com marcas na pele onde ele já tivesse batido como o rosto, por exemplo. Mas passou um dia, dois, três e a janela fechada. Claro que eu tomava os cuidados devidos pra que o Renato não desconfiasse, mas achava muito difícil, pelo que o Renato me conhecia, dele desconfiar de mim com o Seu Zé, “aquele esquisitão da frente” como o Renato dizia. Eu tomava o cuidado de todos os dias me depilar no banho cuidadosa e completamente ansiando pela hora que ele visse como eu me transformei e me tornara completamente obediente. Aí eu pensava naquele rosto monstruoso dele me olhando satisfeito porque eu estava depilada como ele queria, e começava a lembrar do prazer sádico dele, das palmas, dos gritos e as lembranças iam me deixando fraca, tonta. Vocês não vão acreditar, mas isso já dois dias somente depois! Voltava o medo, a contração diferente da vagina e eu ficava totalmente molhada. Já uns dias depois cheguei até a pegar pregadores; e à s vezes, no meu quarto mesmo, sozinha, nua, com pregadores nos seios e na vagina, eu ia olhando a janela dele e me tocando como se ouvisse suas palmas, sua voz, até por fim cair deitada na cama gozando. O que eu e Renato fazíamos nesses dias, com relação a sexo, não era o que se pode chamar de “obrigação conjugal” da minha parte. Além de fazer também pra não levantar nenhum tipo de suspeita, eu sentia o velho prazer com ele. Sempre como antes. E até que não éramos assim tão convencionais, fazíamos de tudo um pouco, inclusive até sexo anal eu gostava e tinha iniciado com ele e que nem todos os casais praticam que eu sei. Sexo oral, de quatro na cama pra ele e papai e mamãe e mais algumas coisinhas desse tipo. Como eu disse, não é que eu não sentisse prazer com ele, longe disso e também não acho justo nenhum tipo de comparação, seria mesquinharia. Mas é que a satisfação começou a ficar longe de ser completa novamente e eu achava que se pedisse a ele algo mais, como pedir pra me xingar ou bater como já tinha feito antes, ia acabar pedindo pra ele parar, como já tinha feito antes também. Porque a questão não era assim tão simples “pedir algo mais”, mesmo se ele fizesse, isso não me satisfaria nunca vindo dele. Claro que eu já sabia que não. A questão era o homem, o rosto monstruoso e sádico dele, seu jeito pervertido e mal caratismo explícito. Seu atrevimento único de louco pra cima de uma mulher casada com um homem bem mais jovem e forte que ele e, disso eu pelo menos tinha total certeza, completamente fiel até então. E ele demonstrava um prazer monstruoso que parecia não haver em nenhum outro homem da terra ao possuir uma mulher. O prazer de um monstro! E os dias passavam até que numa noite, quando o Renato já dormia olhei da minha sala a janela dele e vi uma luz da sala dele acesa como não tinha estado naquelas noites anteriores. Deu-me imediatamente um coisa. Meu estomago se contraiu e eu fiquei estranhamente fraca. Ele está aí! Senti de fato minhas pernas bambearem. Meu Deus ele não está viajando! Incrível e inacreditavelmente minha vagina se contraiu com força e ao se descontrair ficou imediatamente molhada. Foi tudo assim em questão de segundos. E eu, louca, molhada, comecei a pensar, pensar... Ele não vai bater palmas porque sabe que o Renato está aqui. E seu eu for lá agora? O Renato não vai acordar e como tem o sono pesado nem vai me ver voltar. Será que o monstro vai brigar muito se eu for lá por iniciativa prápria? Pode brigar e me castigar como gosta de fazer mesmo, mas não vai resistir quando me vir depilada. E a possibilidade de ele me ver logo depilada pareceu aumentar mais ainda minhas diferentes sensações de fraqueza, medo e tezão. Era uma coisa louca, mas eu não conseguia me conter e a idéia não saíu mais de mim. Eu tinha que ir lá. Estava sá de calcinha e camiseta. Ainda na sala lentamente fui tirando a calcinha e pensando, pensando se ia ou não e quando entrei no quarto já estava sem a calcinha e sá com a camiseta. Fui à janela e vi que a luz da sala dele permanecia acesa. Olhei mais uma vez o Renato que roncava e peguei o short de lycra sobre a cadeira do lado da cama. E quando cheguei à sala passei a mão levemente na minha vagina constatando mais uma vez a incrível molhação e fui colocando o short devagar até suspender exageradamente, o que pareceu fazê-lo virar uma espécie de calcinha dessa maneira suspenso e fui saindo o mais silenciosamente possível. Na loucura eu esqueci completamente que à quela hora também a portaria do prédio dele estaria fechada e me vi parada, angustiada na porta dele sem saber o que fazer quando ouvi vozes já bem perto da porta que se abriu imediatamente sem me dar tempo de ajeitar o short pra baixo. Era o monstro e mais um homem alto e enorme de gordo bem mais novo que ele, de terno e gravata solta ao redor do pescoço com a camisa aberta deixando ver o peito cabeludo de gordura balançante na altura dos bicos do peito, de barba e cabelo preto atrapalhado, que parecia discutir com ele. O homem estancou e ficou me olhando demoradamente de cima a baixo me deixando mais ainda sem jeito do que eu já estava pela surpresa. O monstro também me olhou, mas não deu uma palavra. Eu já não sabia o que fazer. O que eu faria? Ele estava arrumado com roupa social e parecia que ia sair com o homem gordo até que falou. –Como vai o Seu Renato, marido da senhora? Eu corei e me virei completamente surpreendida e quase que corri de volta pra casa. Uma vez em casa fui para o banheiro e chorei convulsivamente como se fosse uma criança arrependida de uma arte. Sorte que o Renato não acordou, porque sá depois foi que eu pensei na gravidade da situação se caso ele acordasse e não me visse em casa à quela hora e certamente ficaria me esperando chegar aflito. E vocês já sabem como eu chegaria, não é, caso o Seu Zé me recebesse? Que explicação? (continua) timtimportimtim@globo.com