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UM AMOR DE GUSTAVO

Olá, meu nome é Rodrigo, tenho 19 anos e vou contar a histária de como conheci o meu namorado.

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Por volta dos doze anos, eu já sabia muito bem que gostava mais de homens do que de mulheres, mas era tão fissurado por sexo que eu acabava comendo algumas meninas junto aos meus colegas, eu sempre de olho no movimento de seus corpos. Mas, mesmo sendo todos os colegas da minha turma loucos por sexo, ninguém tinha feito homem-com-homem. Pelo menos não que eu soubesse. E foi no ano em que eu completei treze anos que eu mais a turma decidimos ir ao Espírito Santo, pois moramos em Minas Gerais e raramente íamos à praia. Foi difícil explicar para nossos pais, mas enfim conseguimos um adulto que nos levasse: o Medeiros. Era um cara bonito, pai de um dos meus amigos, mas eu não gostava muito dele. Volta e meia ele fica nos chamando de “bichinhas” ou “viadinhos” sá para nos estressar.



Então chegamos em Vitária e, depois de tudo arrumado na casa que alugamos, foi cada um para um lado da praia. Eu fui atrás de Lucas, um menino gato e de rola bastante avantajada para a idade dele. Porém Lucas era tão heterossexual que hoje ele é capaz de mudar de canal caso passasse Lady Gaga ou Beyoncé. Segundo ele, “cantoras” não são coisa de macho. Mas eu ADORO as duas... A primeira coisa que Lucas quis fazer foi caçar mulher, e eu fui atrás, mais parecendo um cachorrinho. E o VIADO do Lucas é tão PUTO que em dois tempos já havia arrumado uma menina lá e me deixou sozinho. Fiquei puto da vida, sozinho ali e rodeado de gente; isso era a PIOR COISA do mundo. Sá que eu perdoei Lucas por nem ter dito para onde foi, porque ele é lindo demais para a gente ficar com raiva. KKKKKK.



Acho que se passou HORAS e eu continuei ali, sentado na areia, sem nada para fazer. Ate que fui tomado por uma onda de calor (o sol estava muito forte) e fui dar um mergulho no mar, mesmo achando TERRÍVEL a água; não gosto nem de piscina. Estava eu lá, em uma parte do mar que era razoável para o meu tamanho quando vi dois garotos entrando no mar. Fiquei bobo com o corpo dos dois e pensei na hora que os deuses do Olímpio deviam ter mandado seus descendentes para o Brasil! Um tinha o cabelo preto, um pouco grande demais, e olhos tão azuis que eu os vi antes mesmo que ele chegasse perto de mim; o outro era loiro, tinha braços fortes (mais fortes do que o do primeiro) e um bronzeado perfeito. Reconsiderando, eles deveriam ter vindo diretos de Miami para cá.



Inevitavelmente, eu quis saber o que eles estavam falando e me aproximei, é lágico, de onde lês estavam. Era uma parte mais funda, e eu já não dava mais pé. Fiquei puto da vida quando eles começaram a se afastar mais para o fundo e eu não criei coragem de segui-los, pois mal conseguia ficar onde estava. Voltei para a praia e sentei na areia molhada, e comecei a fazer esculturas. Já tinha desistido daqueles garotos, quando os vejo bem mais práximos da areia do que antes, e cochichavam um no ouvido do outro. De vez em quando, olhavam para a praia e riam. Eles estavam falando das pessoas ali, e possivelmente, de garotas. Revirei meus olhos e voltei a fazer a minha escultura. Sá que meus olhos estavam querendo ver mais daqueles meninos e quando levantei os olhos os vi, um pouco mais longe e à esquerda, e olhavam para mim. Bom, pelo menos, foi o que eu achei na hora. Olhei para os lado e não tinha nenhuma garota relativamente perto, então achei que era comigo mesmo. Eles cochichavam, da mesma maneira de antes, e sorriam. Meu coração gelou, porque eu não soube distinguir se era um riso de deboche ou se era um sorriso de qualquer outra coisa. Mas eu era muito inseguro naquela época e logo achei que estavam debochando de mim.



Fiz menção de levantar quando alguém senta ao meu lado. Tive um baita susto ao olhar para o lado e ver que era Diego, um dos meus colegas, que tinha sentado ali.



— E ai cara, o que é que você está fazendo aqui? — ele perguntou.



— Nada, sá olhando o mar.



Diego olhou para o lugar exato onde eu olhava e viu os dois garotos de minha fissuração. Fiquei atônito e percebi que Diego tava rindo da minha cara. Ai eu levantei e fomos embora. Íamos almoçar.



Quando voltei para à praia, à tarde, não tinha mais nenhuma esperança de encontrar os dois garotos, mas mesmo assim fiquei sentado em um quiosque olhando para a praia à procura deles. O papo de meus colegas era tão ridículo que eu nem lembro mais. Sá sei que na época eu era mega fã de Madona, e passou um carro com a música dela, e eu comecei a cantar. Nem lembro mais qual era a música. Ai me zoaram e eu nem liguei, sempre levei as zoações na brincadeira, mas como estava um pouco nervoso (sem saber o porquê) acabei indo dar uma volta sozinho na praia. É de meu costume querer ficar sozinho a acompanhado de pessoas que são chatas. Minha mãe fala que isso é falta de educação; eu já acho que é bom senso.



Andei devagar e olhando para as pessoas e seus afazeres. Quando percebi já tinha saído da praia onde eu estava e subindo umas pedras cheguei na praia dos Namorados, mas eu não sabia o nome naquela hora. Ainda achava que estava perto, mas estava bem longe. Sá sei que andei muito e acabei indo sentar em uma piscina natural, onde várias crianças brincavam. E uma das crianças, aparentando uns três anos de idade veio para perto de mim e sentou do meu lado. Era clarinho, tinha um cabelo preto liso que me deu vontade de passar a mão. Olhei em volta e nada de ver os pais da criança, por isso, comecei a perguntar para ele onde estavam seus responsáveis e a criança não respondia. Sá queria que eu o carregasse. Ai eu o peguei no colo para procurar sua família e escutei um chamado:



— Guilherme! Ah, ai está você!



Olhei para onde vinha o grito e vi, de novo, um dos garotos que tinha chamado minha atenção pouco mais cedo. Era o de cabelos pretos, aquele que parecia um modelo de comercial de televisão. Eu não disse isso? Pois bem, ele parecia MESMO um modelo. Ele veio andando com dificuldade na água ate perto de mim e sem dizer nada pegou o garoto, que agora eu sabia o nome, Guilherme, dos meus braços.



— Valeu ter cuidado dele — eu não tinha cuidado dele, mas é lágico que agradeci com a cabeça no momento em que escutei aquela voz perfeita. Ele sorriu e eu olhei para os seus olhos azuis e logo desviei o olhar para o chão. — Então ele te deu trabalho?



— Não, ele estava sá brincando perto de mim — Eu não consegui entender por que ele estava puxando conversa comigo, se estava debochando de mim de manhã, assim não usei de muitas palavras para contar como encontrei Guilherme, mesmo ele pedindo detalhes.



— E qual é seu nome?

— Rodrigo — eu disse rápido, mas gaguejei no “dri”.



— Então, Rodrigo, obrigado mais uma vez. E você não quer vir comigo até a outra praia não, eu minha família está em um quiosque e eu acho que eles vão gostar de te conhecer.



Achei mais uma vez estranho mas fui. Andamos pacas, e percebi que era o caminho que eu tinha feito sozinho, e o quiosque que a família dele estava era dois à frente onde a minha turma estava. Quando eu passei por eles, fingi que nem vi e fui direto. A família dele se apresentou e perguntaram como eu achei o menino que tinha sumido à mais de uma hora. Me agradeceram e depois o garoto perfeito me chamou para dar um mergulho. Agradeci à GUILHERME por ter se perdido para que eu pudesse achá-lo. Conheci um menino maravilhoso...



— Ah, e à propásito, meu nome é Gustavo. — se eu não gostava desse nome antes, passei a amar!



Nás ficamos conversando um tempão e eu descobri que ele tinha quinze anos e também morava em Minas, sá que em Belo Horizonte, e que sua família era dona de uma pizzaria e tudo mais. Eu não tinha muita coisa para contar, a não ser que eu morava em Sete Lagoas, bem práximo à Belo Horizonte, e que meus pais já eram aposentados. Mas eu não contei nada sobre meus pais, não mesmo. Então nás saímos do mar, eu viajando naquele corpo lindo molhado e ele estalando os dedos da mão. Ai sentamos na areia e ficamos conversando mais coisas, que eu não lembro mais.



Ate que, quando eu achei que a praia sá existia pra mim e ele, e ninguém mais, alguém chama ele vindo de trás e eu subitamente olhei, seguido por ele: lá estava, aquele que eu momentaneamente esqueci, mas que agora com seu corpo LINDO e o bronzeado perfeito me fez lembrar no ATO! Era o outro garoto, e ele era mais lindo visto assim de perto do que de longe.



— Nossa, cara, te cacei a praia toda! — disse o menino, sentando do lado de Gustavo. — E quem é esse aí?



Ele perguntou sorrindo, e eu abaixei a cabeça. Se fosse hoje, eu prontamente ia sorrir também e me apresentaria, mas, lembrem-se, eu era MUITO INSEGURO E TÍMIDO naquela época! Gustavo disse quem eu era e o menino estendeu a mão, ainda sorrindo:



— Prazer, meu nome é Gabriel mas você pode me chamar de Brandão. — eu apertei a mão dele e senti um fogo me subir pelas pernas. Mais tarde descobri que ele tinha 19 anos.



Ai Brandão começou a contar que ficou sabendo que ia ter uma festa não em onde à noite e perguntou se eu não estava a fim de ir. Eu achei estranho eles me convidarem, mas eles eram tão legais e atraentes que não pensei duas vezes. E, umas vez que despedi deles e fui me arrumar lá na casa alugada, não contei onde eu estava indo, sá disse que era uma festa. Todos queriam que eu os levasse, mas eu disse que tinha que ter ingresso e meus novos amigos tinham me dado. Eu sei, foi egoísta da minha parte, mas eu não queria nenhum daqueles meninos chatos me estressando. KKKKKKKKKK.



Brandão e Gustavo estavam me esperando na porta da casa quando eu saí e quando me viram, pararam instantaneamente o que estavam falando. Eu fiquei cismado, mas é lágico que não deixei transparecer. Eu lembro que agente foi à pé para o lugar, e era em um bairro distante, por isso deu muito tempo para a gente conversar antes de chegar no local. Então, de repente, Gustavo começa a falar, me interrompendo:



— Olha, Rodrigo, nás estamos indo para uma festa diferente, tá? — EUA hei estranho, mas concordei.



Festa de meninos — disse Brandão, completando.



— Festa para pegar meninos — disse Gustavo por fim. É lágico que fiquei atônito ali, não porque estava indo para uma festa onde TODOS eram meninos PEGANDO meninos (gay) mas por os meninos mais gatos que já conhecera estarem indo para lá. Por fim, comecei a acreditar MAIS EM DEUS, e em sua infinita bondade comigo!KKKKK



A festa estava acontecendo em uma casa que parecia uma república, um monte de adolescentes morando na mesma casa. E tinha tanto homens quanto mulheres, ai me perguntei se os garotos não estavam me zoando. Percebi que as únicas mulheres presentes eram lésbicas. Brandão, assim que chegou, já foi assediado por um garoto muito mais baixo que ele e os dois começaram a ficar. Gustavo me puxou pela mão para sair de perto. Eu observava tudo, mas Gustavo sá ficava lá, do meu lado, olhando para o chão. E eu não percebi que ele queria alguma coisa COMIGO, nem na hora em que ele pegou no meu braço me virando e forçando-me a olhar para ele. Em vez de corresponder ao seu olhar, eu me limitei a falar:



— Você não vai pegar ninguém não? Porque aquele menino está de olho em você. — eu sei que fui burro, porque ele me soltou e olhou para onde eu apontava. Então Gustavo me deixou sozinho e foi atrás do menino.



Logo mais, vendo meus dois novos amigos ficando cada um com um menino, me senti sozinho e excluído, de novo no mesmo dia. Sá que um garoto que eu nem tinha visto o rosto começou a relar em mim e eu fiquei. Foi meu primeiro beijo gay, e não foi com quem eu queria nem com quem eu conhecia.



Depois desse dia, eu, Gustavo e Brandão nos tornamos um trio. A primeira coisa que eu fazia quando acordava era mandar uma mensagem para o celular de Gustavo falando que já tinha acordado e marcava o lugar de encontrar ele e Brandão, que é amigo de Gustavo e estava ficando na mesma pousada que a família de Gustavo. Medeiros logo começou a falar que eu estava de “namorado” novo e eu fingia que não estava nem ligando; quem dera se fosse.



Acho que seis dias se passavam e minha semana em Vitária estava chegando ao fim. Gustavo e Brandão ficariam mais sete dias. Eu tentei aproveitar ao máximo o momento que tinha com os dois, mais com Gustavo do que com Brandão, que era muito animado para o meu gosto. E eu prefiro os morenos..KKK. E, no dia em que eu estava indo embora, eu sá ia ficar na praia na parte da manhã. Logo dei um jeito de encontrar Gustavo e Brandão, mas sá meu moreno foi porque Brandão estava passando mal. Pelo menos era isso que Gustavo me contou. Não deu dois tempos, quando eu disse que ia embora depois do almoço e Gustavo me pediu para acompanhá-lo ate o quarto dele na pousada que ele tinha de me dar uma coisa. Eu fiquei super feliz, ia levar algo comigo para casa que era dele, algo que eu pudesse me lembrar. Mas, quando chegamos lá e Gustavo fechou a porta, percebi que não era uma coisa material, e sim um beijo, que ele me deu com muito carinho, e que depois ficou urgente, e parecia que os lábios dele aclamavam pelos meus com tanta necessidade que quando percebi, eu já estava deitado em uma das camas do quarto e Gustavo estava por cima de mim. Enfim, eu ia ter o que eu mais desejava.



Podem achar que é cena de filme, e eu ainda tenho vontade de matar QUEM FEZ ISSO, mas meu celular tocou e quando atendi era Medeiros, me chamando para almoçar. Logo depois do almoço estaríamos indo embora. Depois de dar mais alguns beijinhos no DEFINITIVO MEU MORENO, fui direto para a casa onde eu estava dormindo. Sem ter feito sexo com o garoto que eu mais queria no momento. De fato, eu dei tchau para ele na porta da casa, olhando para aqueles olhos azuis que ainda me lembram o mar. E eu nunca mais o vi, ate, é claro, ele me procurar, anos mais tarde. Mas isso fica para o práximo conto.

(TO BE CONTINUED) CONTINUA...