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THE BENJAMIM

Antes tornar publico esses escrito eu gostaria de fazer algumas observações.

Primeiro esse é um conto que apesar de estar em uma comunidade de contos eráticos, em que a maior parte dos contos relatados tem uma carga de erotismo explicito e quase pornográfico (isso não é uma critica negativa). Esse conto é um pouco diferente, pois é erotismo muito sutil.

Costumo dizer que assim como que para bater uma boa punheta é necessário ter uma boa imaginação, para ler um livro, um conto uma revista ou que quer que seja também há essa necessidade.

Assim caro leitor eu espero que se você tiver paciência de ler esse conto, tenha a sensibilidade (eu creio que essa é palavra mais adequada) para “capitar” o erotismo do conto que às vezes não é explicito. Eu gostaria de transmitir por essas linhas algo mais que “tesão”. A excitação será muito bem vinda, obvio, ate porquê se trata de um conto erático, mas gostaria que acompanhado dela houvesse, emoção.

Segundo por se tratar de um conto não é uma histária 100% verídica. È um conto que tem alguns traços de veracidade. Um conto composto por histárias vividas pelo autor ou por outras pessoas. Para escrever esse conto busquei inspirações, como já foi dito em minha vivencia pessoal, em situações que já observei e em coisas que li ou vi. Assim vocês, vão achar muitas coisas que de alguma forma podem ter visto, lido ou quem sabe ate mesmo vivido.

Terceiro as críticas são sempre muito bem vindas, e como é um texto que ainda esta e construção e se trata de uma FICÇÃO fatos e personagens podem ser alterados.

E quarto lembre-se do mais importante, como já disse Stephen King em seu conto “Inverno no Clube”: “ O IMPORTANTE É A HISTÓRIA, E NÃO O NARRADOR.”



Arthur C. Dreifuss



__ Acorda Ben, você não vai querer chegar atrasado em seu primeiro dia de aula, ou vai? _ disse Rachel enfrente a cama do filho que se cobria ate a cabeça com o lençol.

___ Mãe eu tenho mesmo que ir? _ disse ele tirando o lençol de cima da cabeça deixando a mostra os cabelos loiros despenteados e olhos profundamente azuis.

___ Já conversarmos sobre isso...

___ Mas, é que...

___ Nada de mais Benjamim, levante-se tome seu banho e desça para tomar seu café eu estou te esperando.

Benjamim se levantou da cama de forma bastante preguiçosa e quase se arrastando foi para o banheiro, se olhou no espelho. O cabelo estava despenteado, não estava com bom hálito também. Ele se olhou demoradamente no espelho. Notou que os ombros estavam mais largos, o rosto começava a ganhar contornos mais masculinos... em um reflexo rápido tirou a bermuda e a cueca, olhou para baixo ... olhou um tempo para o pênis e foi em direção ao chuveiro. Temperou a água e entrou em baixo dela. Enquanto a água caia em suas costas, pensou em tudo que havia deixado em São Paulo. A escola, o bairro, os amigos. Como estaria todo mundo? O Lucas, o Felipe, o Jacá o Renato, a Aline a Sabrina e claro a Carol... ah Carol que saudades ... pensou ele.

Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa seu pensamentos foram interrompidos por sua mãe a porta:

___ Benjamim, você se afogou ai dentro?

___ Não mãe, eu estou saindo!

___ Ande logo, não temos o dia todo sabia?

Terminou o banho se enxugou se enrolou na toalha a altura da cintura e rapidamente se arrumou. E cinco minutos depois já estava sentado a mesa.

___ Que cara é essa Ben?

___ Por que tivemos que mudar mãe?

___ Para começarmos de novo Ben, você sabe disso.

___ Recomeçar o que mãe? Estamos sempre recomeçando alguma coisa, a senhora já percebeu isso? Parece que nunca onde estamos esta bom. Quantas vezes mudamos nos últimos anos? Umas três vezes? Três vezes em cinco anos mãe da para acreditar?

___ Eu sei que não é fácil para você Ben, mas eu prometo que dessa vez vai ser a última. Tem algo aqui dentro de mim que me diz que tudo vai ser diferente dessa vez.

___ Sinto falta do papai. Eu acho que com ele pelo o menos sabíamos para onde iríamos.

___ Mas, nás sabemos querido.

___ Não mãe, nás não sabemos e a senhora sabe disso.

Eu vou escovar os meus dentes e pegar as minhas coisas.

__ Mas você mal tomou seu leite...

__ Estou sem fome mãe. _ disse ao se levantar.



Benjamim Katz Washavski Rothschild ou simplesmente Ben como os amigos o chamam, é um adolescente de 19 anos (vai fazer 19 em março) alto deve ter seus 1.78, um tanto quanto magro, muito branco, porque quase não toma sol, tem cabelos claros e olhos grandes e azuis, um leve sotaque paulista.



Durante o trajeto de casa ate a escola os dois mal trocaram uma única palavra. O silêncio do carro sá era quebrado graças ao locutor da radio que anunciava:

“__ Bom dia Florianápolis, agora são exatamente seis horas e cinquenta minutos, a temperatura agora esta em torno dos 20 Graus e o sol aparece entre nuvens nessa, preguiçosa manhã de segunda feira de fim de verão.”

__ Chegamos Ben, a escola é aqui. _ disse a Rachel ao parar em frente ao imponente prédio da Escola Professor Arthur Schneider. Não é a Beth Jacob, mas foi bem recomendada.

Enquanto a mãe tentava empolga-lo o Ben, olhava para o prédio com um ar de indiferença.

___ Que cara é essa meu filho? De uma chance a escola, acho que você vai gostar.

___ Assim como à senhora achou que iria gostar de Florianápolis? Assim como à senhora, achou que eu iria gostar de me separar de todos os meus amigos?

___ Ben...

___ Mãe, eu vou indo nessa, agente se fala mais tarde.

___ Ei rapazinho sua mãe não ganha nem um beijo de despedida?

Meio a contra gosto ele veio e deu um beijo no rosto dela.

__ Te espero para o almoço, não se atrase. Amo você.

__ Pode deixa mãe não vou me atrasar e também amo a senhora.

Depois que a Rachel foi embora o Ben, ficou ainda um instante parado na porta do colégio como quem estava estudando tudo ali.

Alguns minutos depois ele resolveu entrar cruzou o portão e atravessou o pátio em direção as escadarias. Por todo o pátio via se meninos e meninas que em grupos comentavam entusiasmados como foram as férias de verão e as festas de fim de ano.

Enquanto caminhava o Ben se sentiu um estranho no mundo. Com um pedaço de papel nas mãos ele procurava a Sala 318. Depois de subir dois lances de escadas e atravessar um grande corredor, parou em frente uma porta onde uma moça de cabelos pretos, muito lápis creon ao redor dos olhos mascando chiclete e com um enorme brinco em uma das orelhas estava em pé.

__ É... Com licença é aqui a sala 318?

__ Essa mesma, vai estudar aqui?

__ Sim, eu acabei de me mudar com minha mãe de São Paulo para cá. A propásito me chamo Benjamim.

__ Michele. Nome gozado o seu em carinha...

O Ben ficou um pouco sem graça e vermelho, mas deu um sorriso de canto e disse:

__ É pouco usual, mesmo. Agora eu acho melhor procurar meu lugar. Com licença.

__ Fique a vontade.

O Ben sentou em um lugar bem na frente e olhando fixamente para o quadro pensou: “Como eu queria que a terra abrisse e me engolisse.”.

O desejo do Ben não se realizou, a terra não abriu e ele não foi engolido. Pontualmente as sete e quinze o sinal bateu. Todos os alunos entraram e em seguida veio o professor.

__ Bom dia, bom dia moçada, como foram de férias? Prontos para mais um ano? Bem para quem não me conhece (eu vejo rostos novos por aqui hoje) meu nome é Caio, sou professor de Literatura.

O Caio era bem jovem parecia ter seus 23 ou 24 anos no máximo, devia ter acabado de se formar. Tinha aquele sotaque, lusitano que fazia o Ben pensar que estava em Lisboa.

De repente os pensamentos do Ben foram interrompidos pela pergunta que pareceu lhe cair como uma bomba:

__ E tu guri, de onde veio e qual o seu nome?

__ É... Benjamim, eu acabei de me mudar com minha mãe de São Paulo para cá.

__ Benjamim?

__ Sim.

__ Benjamim. O filho mais novo de Jacá com Rachel?

__ Isso mesmo.

__ Bonito nome cara, seja bem vindo, a escola a nossa cidade e ao estado. Acho que tu vai gostar daqui.

O Caio pareceu ser bem simpático. Fez com que o Ben se sentisse a vontade. Em seguida ele perguntou o nome de outra aluna e o Ben voltou a mergulhar em seus pensamentos.

Como estaria agora o Beth Jacob? De que será que ele estaria tendo aula se estivesse lá? Quem Sabe de Histária Judaica...

Depois de dar algumas explicações entre elas a de que ele teria duas aulas por semana com a classe às segundas e quartas feiras e de como seriam as suas avaliações, o sinal tocou.

__ Galera nos vemos na quarta feira, boa aula para vocês e sejam bem vindos novamente.

Quando o Caio saiu todos os alunos se levantaram alguns foram para porta, outros para o quadro e outros para a carteira de algum colega.

___ Benjamim? Disse alguém tocando o seu ombro.

___ Oi...

___ Olá cara, meu nome é Wilhelm, tudo bem?

___ Tudo...

___ Cara que dizer que você veio de São Paulo? A terra da garoa, dos pasteis de feira e da Vinte e Cinco de Março.

__ De lá mesmo. _ disse o Ben, sem nem um entusiasmo.

__ É uma cidade legal, muita louca, muito grande, mas legal.

__ Aham...

__ Tu chegastes quando?

__ Ontem pela manhã eu estava passando as minhas férias lá em São Paulo.

__ Legal, bem meu irmão eu vou sentar ali por que chegou a professora, agente se fala velho.

Wilhelm Wegscheider Spuhler tinha a mesma idade do Ben, seus cabelos lisos castanhos claros caião, sobre os olhos verdes, o nariz era um tanto quanto fino parecia ate que iria espetar os olhos de com quem ele falava. Ao contrario do Ben, ele pegava mais sol o que não o deixava com uma cor de cera. Pelo contrario dava-lhe um bronzeado bonito. Ele era um pouco mais baixo. Devia ter lá os seus 1.73 e era dono de uma simpatia e carisma impar.

__ Bom dia classe. Meu nome é Maria Augusta, eu sou professora de Geometria, vou trabalhar com vocês este ano. Alguns de vocês já me conhecem...

Qual é o seu nome rapazinho?

___ Benjamim.

___ Bem vindo Benjamim. E o seu...

E assim foram as apresentações.

No terceiro horário veio a professora de Histária, Maria Paula, que ao contrario da Maria Paula do Casseta e Planeta não tinha nada de gostosa, pensou o Ben, enquanto segurava para não rir.

Ela foi a única que pediu para que os alunos colocassem os nomes e sobrenomes em uma lista que ela correu por toda a classe.

___ Benjamim Katz Washavski Rothschild, você é judeu? _ perguntou ela com um ar de surpresa.

___ Sim, professora.

___ Muito interessante Benjamim.

Bem classe o sinal bateu vão para o recreio, nos vemos na quinta feira.

O fato de o Ben ser judeu parece que gerou uma curiosidade na turma. Logo, muitos dos seus colegas vieram falar com ele. Fizeram perguntas e alguns comentários.

“__ você não come carne de porco?

__ Você foi circuncidado?

__ Você não acredita em Jesus?

__ Você usa aquele chapeuzinho, engraçado?”



O Recreio acabou, teve aula de Português e em seguida, filosofia. Agora os alunos pareciam mais soltos com o Ben, mas o Ben, não parecia mais solto com eles. Continuava retraído em seu canto vendo tudo o que acontecia a sua volta.

Onze e quarenta. O sinal bateu.

“Baruch Hashen vou para minha casa, pensei que essa aula não ia acabar mais hoje”! Â’ Pensou o Ben.

___ Tchau Benjamim, até amanhã Benjamim...

Ele respondeu a todas as despedidas com um uma hipocrisia genial, se por fora ele sorria por dentro queria que todos se ferrassem. Como se alguém tivesse culpa do seu mau humor.

Assim o Ben foi para o ponto, pegou o ônibus e saltou perto de casa.

__ Já cheguei mãe. _ disse ele indo para cozinha.

__ Como foi na escola nova?

__ Um saco!

__ O que é isso Benjamim? São modos de falar?

__ O que a senhora queria que eu dissesse?

__ Suba Benjamim, se troque e desça para almoçar.

A Rachel gosta muito do Ben, procura ser a melhor e mais compreensiva mãe possível, mas ate mesmo as melhores e mais compreensivas mães, em algum momento se cansam. No caso da Rachel a sua forma de demonstrar irritação com o Ben é lhe chamando de Benjamim.

__ E então rapazinho o que aconteceu de tão negativo assim na escola?

__ Tudo mãe...

__ Tudo é muito profundo e muito superficial ao mesmo tempo. Não aconteceu nada lá que agradou você?

__ Sim, aconteceu algo.

__ Ótimo, o que foi?

__ O sinal para vir embora, me agradou muito!

__ Ben ate quando você vai ficar com essa postura, negativa diante da vida, meu filho?

__ Até o dia que eu voltar para minha casa.

__ Aqui agora é sua casa.

__ Não mãe aqui e sua casa, eu não reconheço como minha casa, então não é minha Casa!

__ Tudo bem Benjamim, eu não vou discutir com você. Se você quer ter essa postura diante da vida, tenha. Continue agir como um velho resmungão vamos ver quanto tempo aguenta.

__ Eu não sou um velho resmungão.

__ Eu sei, e não disse que era. Disse que esta agindo como se fosse um.

__ Mãe sabe o que aqueles caipiras fizeram hoje?

__ Não Benjamim, o que eles fizeram?

__ Uma múmia que da aula de histária passou uma lista pela sala pedindo que anotássemos nossos nomes e sobrenomes.

__ Sim e daí, que mal há nisso?

__ Eu anotei. Ai ela foi pegou e leu Benjamim Katz Washavski Rothschild e perguntou: “Você é judeu?”.

Não sou catálico, é obvio que sou judeu! Aff!

__ Eu não vejo nada de mais nisso Ben, você nunca se envergonhou de nossas origens.

___ E quem disse que eu me envergonho?

___ Então qual é o Problema?

___ O problema mãe é que aqueles bandos de caipiras fecharam em cima de mim como se eu fosse, um mico de circo e fizeram um monte de perguntas bestas.

___ Sabe, qual é o verdadeiro problema Benjamim? È você. Você esta com uma postura muito negativa, muito defensiva e agressiva diante disso tudo. Enquanto você não der o braço a torcer, as coisas não vão melhorar.

E não adianta me olhar com essa cara feia, porque você sabe que é verdade.

Não houve resposta.

__ Me ajuda aqui com a louça vamos ver se esse mau humor vai embora, junto com a água e o Sabão.

Assim depois de lavar toda a louça, o Ben subiu para o seu quarto. Se jogou na cama, ligou a TV, passeou por todos os canais por pelo o menos duas vezes e acabou pegando no sono.

__ Ben, o jantar esta na mesa.

Jantar uma hora dessas? _ pensou ele ao acordar ainda meio sonolento.

Quando consultou o relágio vira que havia dormido por quase 7 horas seguidas!

“Cassete, não vou ter sono à noite!” pensou.

E em seguida desceu para a sala onde a sua mãe o esperava.

___ Olha sá o que eu fiz: Lasanha ao molho bolonhesa, o seu prato preferido.

Ele deu um sorriso de canto e agradeceu.

___ Benjamim, não faça as coisas ficarem mais difíceis, eu estou me esforçando ao máximo para tentar fazer a coisa certa e você fica ai com essa cara.

___ É a cara que eu tenho mãe!

___ Tudo bem Benjamim, tudo bem mesmo! Eu não vou perde mais minha paciência com você, mas, também não vou mais ficar te adulando.

Você quer voltar para São Paulo? Volte!

Mas, isso vai ser daqui a quatro anos, quando você for maior de idade. Ate lá rapazinho você vai para onde eu for! Fui clara?

A Rachel parecia estar realmente brava, sabiamente o Ben, não disse nada, pois pelo o estado de nervos da mãe ele poderia levar uns tabefes.

Assim depois do jantar, ele foi para o seu quarto. E como de costume entrou no MSN, para falar com os seus amigos.

Mas, de todos sá o Lucas estava on line naquela noite.

__ Fala Grande Lucas!

__ Olha o mais novo Catarinense na área. E ai barriga verde, gostando do novo lar?

__ Estou detestando cara isso aqui é o fim do mundo.

__ O que é isso, Ben, “Floripa” é um lugar tão bonito.

__ Por que você não mora aqui. Queria ver você no meu lugar.

Poxa eu sinto a maior falta de vocês.

__ E nás de você, cara. Ontem estávamos falando à falta que você já esta fazendo.

__ E vocês aqui para mim.

__ Mas, logo, logo você vai fazer um monte de amigos ai! Sá não pode esquecer da gente heim!

__ E você acho que eu seria louco de esquecer vocês? Vocês são os melhores amigos do mundo. Vocês são amigos para a vida toda!

E a Carol, Lucas como esta?

__ Esta bem, disse estar com saudades de você.

__ E eu dela cara, muita saudade mesmo. Saudade de verdade.

__ É eu imagino que sim.

A conversa dos dois não demorou muito, pois o Lucas tinha aula no dia seguinte, e ao contrario do Ben, não dormiu a tarde inteira.

Naquela noite o Ben mal conseguiu dormir, quando conseguiu pegar no sono já era quase quatro horas da manhã e duas horas depois o relágio estava despertando. Ele mal conseguia abrir os olhos. Mas, se obrigou a fazê-lo, pois se sua mãe visse o estado de sono que ele estava poderia perguntar se ele não dormiu a noite e logo a coisa não ia ficar bonita para o lado dele.

Com um esforço que para lhe pareceu quase sobre-humano, ele se levantou e foi em direção ao banheiro. Tomou um banho gelado para ver se acordava. A água gelada caindo em seu corpo o fez despertar. Se vestiu rapidamente e desceu para tomar o café da manhã.

___ Bom dia Ben, dormiu bem?

___ Bom dia, mãe. Dormi e a senhora?

___ Como uma pedra.

Ben, hoje eu não vou almoçar em casa com você tenho algumas coisas para resolver no centro, mas jantamos juntos. Ok?

___ Ok, mãe.

___ Tem comida congelada no freezer, não é um banquete, mas vai dar para você aguentar ate o jantar.

Os dois tomaram o café juntos, o Ben colocou menos açúcar em seu café que de costume, o que o deixou com um terrível gosto amargo na boca.

È necessário _ pensou ele_ preciso ficar acordado.

Meia hora depois o Ben estava entrando no colégio.

___ Bom dia Benjamim!

___ Caralho, Wilhelm eu não vi você chegando, Você saiu da terra foi?

___ Oh desculpe-me eu não tive a intenção de assustá-lo.

___ Tudo bem...

___ Benjamim que cara é essa? Você não dormiu essa noite não? Esta com olheiras.

___ Não cara, eu dormi ontem a tarde toda depois do almoço e a noite perdi o sono. Quando consegui dormir o despertador tocou.

___ Nossa que chato, mas liga não a nossa primeira aula é legal, é aula de alemão, é bem interessante. Acho que você não vai dormir.

___ Você diz isso porque você é alemão. _ desse o Ben dando um bocejo.

O Wilhelm deu um sorriso e disse:

___ Austríaco.

___ O que? _ perguntou o Benjamim tentando se encontrar o assunto que ele havia se perdido entre um bocejo e outro.

___ Não sou descente de alemães. Meus avôs maternos são austríacos e a família do meu pai é suíça.

___ De qualquer forma você fala alemão, não fala?

___ Falo sim.

___ Esta vendo sá?

___ E você?

___ Falo um pouco, nada que me faça morar em Viena ou Berlim.

O dois sorriram e entram para sala.

Na aula Ben, se esforçava para ficar acordado os olhos vermelhos denunciavam que a noite anterior não foi bem dormida.

__ Muito bem classe, vamos fazer um pequeno exercício de revisão da matéria.

“Revisão? Como eu vou rever alguma coisa que nem cheguei a ver ainda.” Pensou o Ben.

__ É um exercício em duplas, por isso escolham seus parceiros porque já vamos começar. _ anunciou o professor;

Antes que o Ben pensasse em fazer dupla com alguém, o Wilhelm se aproximou e disse:

__ Posso fazer dupla contigo, Benjamim?

__ Claro, acho que fazer um exercício de alemão, com um alemão, eu não vou me dar tão mal.

Dando um sorriso, o Wilhelm disse:

__ Austríaco, paulistano, austríaco.

Os dois riram e começaram a fazer a lição. Algum tempo depois o Sinal bateu. As duas aulas seguintes eram de Português, outra revisão do ano passado, mas dessa vez sem exercícios, pelo o menos não para serem feitos em sala de aula.

Na hora do recreio o Ben desceu e na cantina comprou um copo duplo de café forte. Ele não gostava de café, mas para aguentar o sono tinha de tomar.

Ele estava em um canto sozinho com o copo de café e com os pensamentos perdidos, o que não era nem uma novidade.

___ Benjamim, ei Benjamim!

Era o Wilhelm chamando.

___ Ei cara, tu fica ai sozinho com esse copo de café vem cá encosta aqui para conversar com agente.

Tu já conheces a turma não é? Beatriz, Alice, Renan, Alex e Juan são do 1B e os meninos o Marcos, Paulo, Fernando e Gustavo são lá sala.

Pessoal esse é Benjamim, nosso colega novo acabou de chegar de São Paulo.

Todos o cumprimentaram.

__ Esta gostando da ilha Benjamim? _ perguntou a Alice.

Ele ficou com vergonha de dizer que não, então disse:

__ Estou me acostumando...

__ Quando você se acostumar você vai gostar. Aqui é um lugar muito legal de morar. É uma cidade tranquila que você encontra o que procura.

__ E tu já saiu para conhecer a cidade? _ perguntou a Beatriz.

__ Não, não cheguei no Domingo e ainda não tive tempo de sair.

__ Esta ai a oportunidade então o que vocês acham de sairmos no Sábado à noite? _ sugeriu o Fernando

__ Boa idéia e podemos emendar no domingo indo à praia. _completou o Gustavo.

__ Esta combinado! Disse o Wilhelm_ nos vemos no sábado a noite então.

Todos concordaram sá o Ben que ficou calado.

__ E você Benjamim, não diz nada? Você concorda? Voe discorda?

__ Eu não sei se eu vou Wilhelm...

__ Sem essa Benjamim, estamos marcando mais para que tu possas conhecer a cidade guri e tu vais dar para trás? Protestou a Beatriz.

Ele não disse nada, apenas ficou vermelho.

__ E então tu vens ou não?

__ Esta bem eu vou. _ disse ele.

__ Ótimo na semana combinamos direitinho. _ disse o Gustavo

__ O Sinal bateu é hora de voltar para sala rapazinhos e mocinhas. - disse a Cristina a inspetora de alunos.

Na sala de aula

__ Bom dia Classe. Meu nome é Rubéns, para quem não me conhece, sou professor de Matemática...

As duas últimas aulas o sono do Ben, parecia ter desaparecido como passe de mágica. Matemática é sua matéria preferida e o professor era muito bom.

O ultimo horário era de Educação Física, na verdade o Horário de Educação Física era um horário diferente das demais aulas, mas naquele dia excepcionalmente seria naquele horário para que os alunos pudessem escolher o que iriam fazer.

__ Quais esportes vocês tem aqui? Perguntou o Ben ao Wilhelm.

__ Basquete, Vôlei, Tênis, Natação Futebol e Handebol.

Assim os dois foram fazer as suas respectivas inscrições.

Depois de um tempo...

__ Ei alemão, você se inscreveu em que?

__ Natação e você?

___ Coincidência, acho que vamos nos ver mais uns dois dias na semana depois das aulas. _ disse o Ben.

__ Que legal. _disse o Wilhelm dando um sorriso.

Sabe de uma Benjamim, eu devo ter ido muito com sua cara guri.

__ Ah é, e por quê?

__ Eu normalmente detesto que as pessoas me chamem de alemão...

__ Oh desculpa cara, vacilei, não vou fazer mais isso.

__ Ei guri, não precisa ficar vermelho não, como eu te falei eu fui com tua cara, não importo que me chame assim. Na verdade acho que ate gosto. Mostra que o Ice Man, esta derretendo.

__ Ice man, eu? De onde você tirou isso?

__ De onde? Olha sá isso.

Eu sou Benjamim, acabei de chegar de São Paulo. I am the Ice man! _ disse o Wilhelm imitando de forma cômica e caricata o jeitão do Ben. O que o fez cair na gargalhada.

Quando chegou em casa, o Ben por instinto e costume, gritou:

__ Mãe, cheguei.

Depois rindo de si mesmo lembrou que a mãe o dissera que passaria o dia fora. Assim ele subiu para o quarto trocou de roupa, lavou as mãos e em seguida desceu para cozinha para preparar o almoço.

Como a Rachel havia lhe dito havia comida congelada no freezer, mas havia também uma pizza. No que ele não pensou duas vezes, pegou a pizza e colocou no forno.

Enquanto a pizza assava ele foi escutar o CD que ganhara dos amigos, na festa de despedida que fizeram para ele no sábado a noite. A primeira faixa, do CD era sua musica preferida: I Ran All The Way Home.

Assim enquanto a pizza assava e a musica tocava, o Benjamim se deixou levar por ela e antes que percebesse, estava cantando:

I ran all the way home.

Just say a IÂ’m sorry (sorry)

What can I Say?

I Ran all the way yay, yay ,yay Â…



De todo, o Ben, não cantava mal sua voz um pouco rouca para cantar era firme e havia entonação. Mas, ele era muito tímido, quase nunca cantava em público. Digo quase nunca por que uma vez, para surpresa dos amigos, ele se inscreveu num concurso de Karaokê. A música escolhida como vocês podem imaginar não foi outra se não: I Ran All The Way Home. Ele foi a sensação da noite e acabou ganhando o primeiro lugar.

As lembranças daquela noite colocaram um sorriso em seu rosto. Ele sentia saudades, daquele tempo. Será que viveria aquilo de novo?

No forno a pizza começava a dar sinais de que estava pronta, era hora de começar a por a mesa. Sem perceber o Ben colocou um prato a mais, por uns instantes havia esquecido que a mãe não almoçaria em casa aquele dia.

Ele riu de si mesmo pensando, que se estava fazendo pizza para o almoço era obvio que a Rachel não iria almoçar ali com ele. Ela jamais em sã consciência, o deixaria fazer pizza para o almoço.

Enquanto comia o Ben pensava:

__ Pizza com Coca – Cola um manjar dos deuses...

Meio que de relance ele lembrou que era judeu e que na Shemá que ele recitava todos os dias ele afirmava que havia um único Deus. Assim para não haver um peso de consciência, ele adaptou o pensamento, dizendo ser aquele um banquete digno dos reis.

Depois de comer ele lavou toda a louça e subiu para descansar um pouco. Resistiu ao profundo desejo de dormir, se lembrando da noite anterior logo ele preferiu não correr o risco.

Além do que ele tinha um exercício de português, para fazer. Objeto Direto e Indireto como ele detestava tudo aquilo. Mas, eram ossos do ofício fazer o que não é?

Uma hora depois ele já havia terminado todo o trabalho e resolveu dar uma volta pelo bairro, o que te então ele não tinha feito.

O bairro onde o Benjamim morava era um dos mais nobres, se não o mais nobre da cidade, era muito tranquilo e não ficava longe da praia. Foi então que ele resolveu ir ate lá.

Na praia andou descalço, pela areia e molhou os pés na água, enquanto o vento batia em seus cabelos despenteando-os e acariciando seu rosto. Ele sentia uma sensação de liberdade e pensou que em algum momento começaria a gostar da nova cidade.

Algum tempo depois resolveu voltar para casa, e para sua surpresa descobriu que nem viu o tempo passar. Ficara duas horas na praia. Quando chegou em casa foi direto para o banho.

Pouco depois de sair do banheiro a Rachel estava de volta.

__ Ben, estou em casa.

Ele veio ao encontro dela deu um beijo e perguntou:

__ E ai como foi seu dia?

__ Foi bom, um tanto quanto exaustivo, mas, foi produtivo. E o seu?

___ Também, foi legal, sabe o que eu fiz hoje?

___ Não, o quê?

___ Fui à praia dar uma volta.

___ Que bom meu filho, é bom que você saia de casa um pouco. Moramos em uma cidade linda, acho que você deve tirar o máximo de proveito dela.

___ É acho que e alguma forma a senhora tem razão.

___ O quê? Você concordou comigo? Você esta com febre, o sol não te fez bem? _ Disse a Rachel sorrindo e tirando a temperatura dele.

___ Não, mãe é obvio que eu estou bem.

___ Bem, rapazinho eu vou ali subir tomar um banho e descasar um pouco. Para fazer o jantar. Eu estou pensando em pedirmos pizza o que você acha?

___ Hum... não sei, o que a senhora acha de comida chinesa?

___ Ben, você tem certeza que esta bem? Primeiro concorda comigo e depois abre mão de comer pizza, que você tanto gosta.

___ Sim, mãe eu estou bem sim. Certeza absoluta sá pensei em variar um pouco.

___ Tudo bem então eu vou tomar meu banho e daqui a pouco ligo para restaurante, para encomendar.

Por mais que eu adore pizza, não da para descer, duas vezes no mesmo dia. _ Pensou o Ben.

Alguém chamou a campanhinha

___ Ben, atende a porta, por favor, deve ser do restaurante. O dinheiro esta em cima da mesa.

Seguindo as instruções da Rachel o Benjamim abriu a porta já com o dinheiro no bolso. Realmente era do restaurante. O rapaz da entrega parecia ter seus 19 anos, vestia um uniforme vermelho com pequenas listras amarelas e para decepção do Ben, não era oriental. Era um rapaz mulato de traços finos e cabelos bem curtos.

Ele entregou as sacolas para Ben junto com a notinha do preço em seguida o Ben entregou o dinheiro no que ele agradeceu e desejou um bom apetite.

___ Pelo cheiro parece que a comida é muito boa.

___ Sim desde que cheguei tenho comido lá com frequência. _ disse a Rachel tentando usar os hashis.

A única coisa que eu não aprendi foi como comer com esses pauzinhos.

___ É muito fácil mãe basta à senhora prender ele assim entre os dedos fazendo uma espécie de pinça. _ disse ele manuseando os pauzinhos entre o dedo polegar e os dedos anelar, médio e indicador. _ Viu como é facil? Não tem segredo.

Nas mãos do Ben parecia ser muito simples, mas para a Rachel aquilo era uma tortura. Hora a comida ia para um lado, hora os hashis para o outro. O que fazia o Ben se contorcer na cadeira de tanto rir.

___ Pode rir e ate mesmo achar que eu não tenho coordenação motora, mas, eu desisto vou ali pegar um garfo e uma faca.

___ Mãe assim a senhora vai quebrar uma tradição milenar...

__ Não mesmo, assim eu vou quebrar minha fome. Prefiro quebrar uma tradição a morrer de fome. _ disse ela sentando-se a mesa com os talhares de prata nas mãos, que pertencera a sua Bisavá e foi um presente de casamento.

___ Mãe, eu posso pedir a senhora uma coisa?

___ Claro filho, o que é?

___ É que os meninos lá na escola vão sair sábado a noite e eu queria saber se posso ir com eles.

___ Claro que pode. Eu fico feliz que você já esteja começando a se enturmar.

___ E tem mais uma coisa.

___ Sim pode pedir.

___ Nos domingo eles vão à praia eu posso ir também?

___ Mas, é claro que sim! É sá vou te pedir duas coisas 01 me diz direitinho para onde você vai tanto no sábado quanto no domingo e 02 não chegue tarde, principalmente no sábado.

___ Tudo bem. Nás ainda não combinamos aonde iremos, mas eu aviso a senhora sim.

___ Então esta tudo bem.

Depois do jantar os dois conversaram mais um pouco e o Ben foi deitar, a aquela altura os olhos teimavam em não ficarem mais abertos. Pareciam que alguém havia lhe jogado areia nos neles, pois começavam a arder.

Ele dormiu a noite toda, um sono profundo e sonhou, sonhou muito. Sonhou com coisas meio sem nexo e algumas quase surreias.

Porém um pouco antes de acordar sonhou com a Carol, sonhou a cena que eles vivenciaram alguns meses antes na casa dela. Porém no sonho ele conseguia ir ate o final. Teve uma sensação boa.

E quando acordou viu que havia gozado. Levantou com um sorriso no rosto um ar de triunfo, como se realmente tivesse acontecido alguma coisa naquele inicio de manhã.

Ele levantou com o mesmo e sorriso e foi direto ao banheiro.

Olhou-se no espelho a satisfação estava escrita em sua testa. Entrou embaixo da água do chuveiro e tomou um demorado banho quente.

___ Bom dia mãe! _ disse ele dando um beijo nela.

___ Bom dia, Ben, Parece que alguém aqui hoje viu um passarinho verde ao acordar não é?

Ele teve vontade de contar para a Rachel o que havia acontecido sentiu-se motivado para fazê-lo, mas, a vergonha o impediu e acabou não comentando nada.

No colégio...

___ Wilhelm, bom dia, cara tudo bem?

___ Que entusiasmo guri, o que aconteceu?

___ Nada de mais, um homem não pode ficar feliz?

___ Claro que pode nego, mas onde esta esse homem?

Ele fez uma cara de quem não gostou do que havia escutado como de fato não gostou.

___ Ah guri, não faz essa cara foi sá uma brincadeira.

___ Tudo bem. Mas, diz ai nás vamos sair mesmo no Sábado e ir à praia domingo?

___ Bah olha o guri, para quem disse que não sabia se queria ir, tu empolgou de mais heim. O que aconteceu?

Mais uma vez ele esteve para contar o que havia acontecido. Mas, pensou que era algo muito intimo para ser contado a alguém que ele havia conhecido há apenas dois dias.

Porém quando chegou em casa, contou ao Lucas, o que tinha acontecido.

__ Lucas eu sinto aqui dentro de mim que eu vou casar com aquela guria.

__ Guria?

__ Sim, guria. O que há de mais?

__ Não nada, mas para quem há apenas dois dias estava detestando tudo ai você incorporou rápido o sotaque.

__ Ah é como você me disse a ilha é linda.

Os dois riram e continuaram a conversar mais um pouco.

A semana passou de forma rápida e quando o Ben se deu conta já era Sexta feira.

__ Gurizada, e ai vamos sair amanhã à noite ou não? _ perguntou o Gustavo.

__ Vamos sim, mas aonde vamos? _ Perguntou o Juan.

__ Bem eu pensei de irmos ao Boliche o que vocês acham?

__ Perfeito e que horas nos encontramos? Perguntou o Wilhelm.

Tudo combinado todos foram para suas respectivas casas.

Quando entrou em casa o Ben, sentiu um cheiro que ele conhecia muito bem. Era um cheiro de pão, mas não era qualquer pão. Era Chalá, sua mãe estava fazendo os tradicionais pães para o Shabat. Parecia que de alguma forma nada havia mudado. O que deu a ele uma sensação de segurança profunda.

__ Ben, você esta ai meu filho? _ perguntou a Rachel da cozinha.

__ Estou aqui mãe, acabei de chegar.

__ Venha cá então estou meio ocupada na cozinha, não posso ir ate ai agora.

No caminho da sala até a cozinha ele notou que a casa esta impecavelmente arrumada, havia flores nos vasos e um cheiro bom de casa limpa que ele costumava chamar de cheiro de Shabat.

___ Fazendo Chalás mãe?

___ É impressão minha ou você parece surpreso?

___ Um pouquinho...

___ Mas, por quê? Eu sempre limpei a casa, troquei a roupa de cama poli os castiçais fiz chalá e preparei o jantar de Shabat as sextas feiras.

___ Sim, mas, isso em São Paulo.

___ Ben, mudamos de cidade e não de vida.

___ É, mas aqui tudo é tão diferente, por exemplo, não tem uma sinagoga...

___ Uma sinagoga de fato não tem. Mas, tem um grupo que se reúne na sede da Associação Israelita e amanhã vamos lá para o Serviço Religioso de Shabat.

Aquelas palavras soaram de forma confortante ao Ben. De alguma maneira parecia que as mudanças, não eram tão bruscas assim. E que era possível conviver com elas.

A tarde começava a se despedir o Sol a se por e no céu Vênus começava a dar o ar de sua graça.

Na sala de jantar a mesa estava posta e junto ao par de candelabros de prata com um par de velas estavam as chalás, o suco de uva (em outra ocasião seria usado um bom vinho tinto, mas o Benjamim tinha apenas 19 anos e a Rachel jamais o deixaria beber), o Spätzle, a Bureka, muitas frutas e de sobremesa havia torta de nozes com chocolate.

As velas foram acesas e o silêncio deu lugar à voz da Rachel, que de pé e com os a mãos no rosto recitava a “brocha” sobre as velas de Shabat: Baruch Atá A-do-nai E-lo-hênu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel shabat.

Em seguida o Ben com ar serio e concentrado pegou a taça de cristal de Baccarat com o Suco de uva e recitou o Kidush sobre ele:



Iom hashishi: veichulu hashamayin vehaaréts vechol tesevaam.

Vaichal Elochim baiom hasheveií melachtá asher assá, vayshbot baiom hasheveií micol melachtá asher assá. Vaivárech Elohim et iom hashevií vaicadesh otá, ki vo shvát micol melachto, asher bará Elohim laasot.

Baruch Ata Ado-nai Elo-heinu Melech HaOlam bore pri hagafen.



Terminado o ritual de inicio do Shabat os dois foram jantar a comida parecia um tanto quanto apetitosa e ambos agradavam e muito da companhia um do outro.

No Cabalat de Shabat eles falavam sobre tudo, às vezes assuntos que conversaram na semana, mas muito mais como uma reflexão do que como qualquer outra coisa.

Na manhã seguinte o Ben, levantou sedo estava especialmente curioso para conhecer o lugar onde acontecia os Ofícios Religiosos que ele aprendera com o pai a observar e Zelar.

No fim do dia depois da Havdalá o Ben ligou para o Wilhelm.

___ E então, vocês, vão mesmo? Certo. Naquele mesmo endereço?

Sim anotei sim. Nos vemos em dentro de duas horas então. Combinado. Tchau.

___ E então rapazinho tudo certinho?

____ Tudo mãe, esta aqui o endereço fiquei de encontrar com a turma daqui duas horas.

____ Perfeito é tempo de você subir, tomar um banho e comer alguma coisa.

Duas horas depois a Rachel o deixou no lugar combinado e mais tarde como combinado estaria lá de novo para buscá-lo.

A noite foi divertida, estava toda a turma reunida. O Bem conseguiu fazer 2 strikes, o que não impediu o que ele levasse uma “surra” do Alex.

___ Cara eu tenho que admitir uma coisa, você muito bom nisso, Aex.

___ Benjamim se eu disser uma coisa muito sincera a ti, tu não vais ficar com aiva de mim não?

O Ben de ombros mostrando não se importar.

___ Guri eu sempre pensei que o Will fosse o pior jogador de nossa turma, mas, tu consegui quase superá-lo. Eu digo quase porque uma vez ele foi lançar uma bola e acredite, o guri foi junto.

Todos cairam na risada em quanto o Wilhelm tentava se explicar.

___ Que culpa eu tenho de a bola ser tão pesada?

A explicação gerou mais risos ainda, principalmete do Ben que já estava vermelho de tanto rir imaginado a cena.

Quando recuperou o fôlego ele disse:

___ E você foi mesmo junto com a bola Alemão?

___ Até metade da pista. _mais gargalhadas.

Parecia que o Ben estava realmente enturmado, nem mais parecia o Ice Man como disse o Wilhelm dias antes.

E no fim da noite no Boliche, a Rachel foi buscá-lo. Enquanto se desmanchava de tanto rir lembrando da provável cena do Wilhelm indo ao longo da pista de Boliche com a bola segura entre os dedos, ele contava a Rachel à histária e como tinha sido boa à noite.

___ Parece que você se divertiu heim rapazinho!

___ Muito mãe, de uma maneira que eu pensei que não iria me divertir.

___ É gratificante ouvir isso sabia?

E amanhã vocês vão à praia mesmo?

___ Vamos sim.

___ E em qual?

___ A Praia dos Ingleses.

___ É uma praia linda tenho certeza de que você vai gostar.

E que horas vocês pretendem ir?

___ Marcamos de nos encontrarmos ás oito.

___ Então é bom você arrumar as coisas que vai levar e ir para cama, pois vai ter de levantar um pouco cedo, apesar de a praia não ficar longe daqui.

No dia seguinte.

___ Ben, tomou seu café?

___ Tomei mãe.

___ Passou filtro solar?

___ Passei mãe.

___ Está levando ele?

___ Esta bem aqui.

___ Não esqueça de usá-lo não quero ter um camarão de um metro e setenta e oito à noite em casa.

___ Pode deixar mãe, eu não vou esquecer de usar não.

___ Você vai almoçar na Praia?

___ Vou mãe.

___ Olhe lá o que vai comer heim! Procure não comer muita besteira.

___ Ok mãe. – disse ele saindo.

___ Ben, mais uma coisinha que eu estava esquecendo.

___ O que foi dessa vez mãe? _ disse ele voltando.

___ Divirta-se.

___ Me divertirei, sim. Mas, agora eu tenho que ir se não, não chego lá hoje. – disse ele dando um beijo em sua mãe e saindo e seguida antes que ela lembra-se de mais alguma recomendação.

Aquele dia estava convidativo para ir à praia. O céu estava aberto e sol muito quente, devia estar fazendo uns 32 graus, com a promessa de esquentar ainda mais.

No caminho ele viu alguns turistas argentinos que nessa época do ano costumam ir passar suas férias na ilha.

Ao chegar, avistou de longe a Beatriz, a Alice, o Juan, o Renan, o Alex, o Gustavo, o Marcos, o Paulo e o Fernando.

O Marcos de longe acenava para ele e gritava com todo o seu fôlego:

___ Benjamim! Aqui Benjamim!

Ele já o tinha visto e havia acenado para ele também. Mas mesmo assim o rapaz continuava a gritar:

¬__ Benjamim! Benjamim! Cada vez mais alto mesmo quando ele foi se aproximando. Ele sá parou de gritar quando o Bem estava a mais ou menos um metro de distância deles.

____ Marcos agora toda a praia já sabe meu nome!_ disse ele ao cumprimentar o rapaz.

____ Esta vendo publicidade gratuita. _disse ele sorrindo.

Antes que tivesse cumprimentado todo mundo o Ben, notou que o Wilhelm não estava. E depois de cumprimentar a Alice, perguntou pelo rapaz.

____ O Wilhelm não chegou ainda?

____ Parece que dessa vez ele não vem Benjamim. Porque ele é sempre o primeiro a chegar e ate agora não apareceu. _ disse a Beatriz

_____ Será que aconteceu alguma coisa? _ perguntou ele um pouco preocupado.

____ Não sei, creio que não, mas espera um pouquinho que eu vou ligar para casa dele. _ disse a Alice.

De alguma forma o Ben, sentia falta do Wilhelm, talvez por ele ter sido o elo de ligação entre ele e os colegas. Pensou que ficaria um pouco deslocado.

____ Na casa dele ninguém atende, e o celular esta caindo na caixa postal.

____ Será que esta tudo bem? – perguntou mais uma vez o Ben, sá que dessa vez visivelmente preocupado.

___ Relaxa guri, ele deve estar bem, deve ter saído com os pais eles tem uma fazenda aqui perto costumam ir lá nos fins de semana. Deve ter sido sá isso. _ disse o Juan.

O Ben concordou, mas dentro de si manteve uma preocupação que não dividiu com a turma.

___ Gurizada, bora cair na água?_ sugeriu a Beatriz.

Uma sugestão mais que bem vinda já que o calor começava a incomodar. Eles deixaram suas roupas e seus pertences em canto e todos caíram na água. Naquele dia a água estava um tanto quanto agradável, o mar estava calmo e tudo parecia muito bom.

Depois de pularem, brincarem e darem caldos uns nos outros eles foram sentar na beira praia.

___ Benjamim, você poderia, por favor, passar o filtro solar aqui nas minhas costas? _ perguntou a Alice, jogando os cabelos para frente.

___ E-eu? _ gaguejou o Ben, surpreso.

___ Sim você, é que você é o que esta mais perto de mim, poderia me fazer esse favor? _ perguntou ela sorrindo

Alice Celiñski era descendente de poloneses que no inicio do século XX chegaram ao Paraná, alguns anos depois os seus avôs se mudaram para Santa Catarina, onde sua mãe e seus tios nasceram. Mas, voltando às raízes a mãe da Alice voltou ao Paraná e casou com um membro da comunidade Polonesa e assim o sangue Polaco foi mantido por mais uma geração.

Ela era uma jovem encantadora, tinha os cabelos longos e claros, um castanho quase loiro, olhos cor de mel e um sorriso que levava qualquer um as nuvens. Era muito educada e um tanto quanto gentil. Tinha pernas bonitas e um corpo com acentuadas curvas, que por uns instantes fizeram o Ben viajar.

___ E então, Benjamim, você vai passar ou não?

___ Passar? Passar o quê?

___ O Protetor Benjamim, o protetor em minhas costas.

___ Ah sim, claro, eu vou sim me de ai, por favor. _ disse ele tentando disfarçar a viagem que havia dado, pensando nas curvas da moça.

Enquanto passava o protetor essa viagem, se tornava mais intensa, e claro houve reações de imediato ele foi pego de surpresa, teve uma ereção, que quando se deu conta, tentou esconder a todo custo.

____ Pronto, terminei. _ disse ele devolvendo a ela o protetor.

____ Obrigada, você muito gentil.

____ Disponha, disse ele com sorriso bobo no rosto.

Ele ainda ficou olhando ela de longe imaginando como seria passar o protetor não sá nas costas, mas em todo o seu corpo. Cada espaço.

___ Ei vamos, as dunas fazer sandboard ? _ disse o Fernando

Todos concordaram imediatamente. Por alguns instantes, o Ben, conseguiu esquecer das curvas da Alice e ereção começou a passar.

___ Sandboard? O que é isso? _ perguntou o Ben.

___ Venha cá que mostramos a ti. _ disse o Alex sorrindo.

Todos andaram um pouquinho ate chegarem às dunas que separa a praia dos Ingleses da Praia de Santinho.

No caminho o Ben comentou:

____ Praia dos Ingleses, que nome estranho. Até agora eu não vi nem um inglês por aqui, sá um monte de argentinos. Aqui deveria se chamar praia dos Argentinos, isso sim.

Todos riram e o Paulo disse:

__ Guri não seja tanso, o nome da praia não é porque têm ingleses aqui hoje.

__ Não?

__ Claro que não;

__ Então é por quê?

__ É por causa de um navio inglês que encalhou aqui no século XIX. _ disse o Paulo.

__ E o que aconteceu com o Navio?

¬¬__ Existem duas hipáteses para o destino dele. A primeira diz que ele desencalhou e seguiu seu rumo, deixando alguns tripulantes na Ilha. A outra diz que ele naufragou. – disse o Marcos

_ Você escolhe a que mais te agradar. _ disse o Gustavo.

Vocês se lembram daquele desenho animado dos anos 90 o Fantástico Mundo de Bob (Bobby`s World se preferirem o titulo original), em que um garotinho que tinha um cabeção e uma imaginação maior ainda vislumbrava coisas incríveis a cada palavra que ouvia.

A imaginação do Ben, era muito práxima a do Bob, quando ouviu a histária ficou imaginando o navio encalhado e a pessoas tentando tira-lo de lá.

Depois a imaginação foi mais longe, pensou que o navio poderia ser um navio de piratas e que havia um tesouro escondido na ilha e que...

___ Terra chamando Benjamim. _ disse a Beatriz.

___ Oi desculpa eu estava distraído.

___ É eu vi, na verdade todos nás vimos. Tu não escutou uma palavra do que falamos contigo nos últimos cinco minutos não é?

Ele ficou um pouco envergonhado, mas admitiu que realmente estava distraído.

__ Não tem problema não guri, eu repito o que disse. Eu te apresentei ao Sandboar. _ disse ela apontando para uma das dunas da qual alguns rapazes e moças desciam em uma espécie de prancha parecida com a prancha de snowboard.

___ Mas isso é snowboard. _ disse ele convicto.

___ Seria guri, se não fosse por um detalhe, não temos neve! Temos areia. Então não é snowboard e sim sandboa. Algo 100% manezinho. _disse o Paulo com orgulho.

___ Manezinho é quem nasce na ilha de Santa Catarina, guri. _ disse a Alice._ Entedeu?

__ Agora sim.

__ Bem, agora vamos deixar de cnversar e vamos nos divertir. Você acha que consegue descer a dua guri? _ perguntou o Gustavo.

__ Eu acho que sim, a tecnica parece com a do snowboard. Eu acho que consigo.

___ Se parece com o snowboard eu não sei, porque o que eu vi de mais práximo a neve é o velho congelador da casa de minha avá.

Todos riram do comentario do Gustavo e ele continuou.

__ Mas eu sei que a sensação é átima. Vamos lá você vai gostar.

Assim os foram os dez para o alto da duna. O Fernando e Marcos foram os primeiros a descerem e em seguida o Paulo, o Gustavo a Beatriz, o Alex, o Renan, o Juan e por último ficaram a Alice e o Ben.

___ Viu como é simples? Não tem muito segredo basta ter um pouco de equilibrio. _ disse a Alice, com doçura para ele. Descendo em seguida.

Todos já estava lá embaixo espeando pelo Ben, ele tomou folego se preparou e desceu.

Na metade do caminho de empolgou tentou fazer uma manobra pensado estar na neve e ser o rei do snowboard. O resultado não poderia ser outro um tombo na certa.

Todos cairam na risada inclusive o práprio Ben.

__ Ei isso não teve graça, digo não teve muita graça.

Você se macucou Benjamim? _ disse a Alice ainda rindo um pouquinho ao ir ajudá-lo.

__ Não, eu to inteiro ainda, e pronto para outra. Vamos de novo?

Todos ainda rindo do tombo dele aceitaram o convite e foram mais uma vez para o alto da duna.

Enquanto subia ele pensou o quanto estava se divertindo naquele dia e sentiu falta do Wilhelm. Onde ele estaria? O que estaria fazendo? Será que estava bem?

Na hora do almoço eles comeram em um restaurante perto da praia todos pediram ostras, todos menos o Ben que pediu um filé de Salmão com batatas.

Os meninos a mesa olharam para ele com um ar de que não entenderam nada. Quando ele terminou de fazer o pedido e viu a cara dos colegas ele deu um sorriso e disse:

__ Por questões etnicos religiosas eu não como frutos do mar, sá peixes que tenham escamas e barbatanas.

__ Oh Guri, mais tanso! Todo peixe tem escama hahaha_ disse o Paulo dando uma de esperto.

__ Paulo meu querido você já ouviu falar em Peixe Anjo, bagre, cação, caçonete, enguia, manchote, moréia, peixe-espada, peixe-porco, peixe-serra, pintado alguma vez em sua vida? _ disse a Beatriz.

__ Já por quê?

__ Ótimo então você deve saber que eles não têm escamas, não é? Mane!

__ Todos caíram na risada e o Paulo parou com o seu ar de senhor sabe tudo.

No fim da tarde todos decidiram ir para casa, já estavam cansados e cheios de areia por um dia. Mas, antes de ir embora o Ben, foi até a Alice e em tom quase confidencial disse:

__ Será que você poderia me dar o telefone do ale... digo do Wilhelm é que...

__ Aqui esta Ben, o telefone dele e da casa dele. Não precisa me explicar nada. Ligue e veja se ele esta bem.

__ Obrigado Alice. _ disse ele com um enorme sorriso. E pensou que se tivesse liberdade com ela teria lhe dado um beijo no rosto, mas apenas pensou já que não tinha essa liberdade. Até porque ela e os demais ainda o chamavam de Benjamim. Mas, o que ele queria se há apenas alguns dias ele era o Ice Man?

Ao pegar o número do telefone o Ben teve vontade de ligar na mesma hora, mas se conteve ate chegar em casa.