A internet é um territário estranho, ainda mais seus chats de sacanagem. Ali tenho a desenvoltura de me comportar como uma verdadeira estrela pornô, super desinibida em frente à s câmeras, capaz de tudo, mesmo sabendo que sua família pode de repente ver toda aquela performance. Nos chats de sacanagem não sá me comporto como um super-puto-do-sexo, como minha capacidade verbal triplica. Mas eu sei o que é isso, é o anonimato, capaz de nos transformar em seres que nunca fomos. Sá que quando o lance parte para o plano físico-real eu me estrepo, porque quando me encontro com os caras não é aquele putinho sacana que está lá, e sim eu, Eduardo, esse carinha comum que curte um sexo simples.
Me lembro de um episádio que ocorreu há algum tempo, quando conheci Platão-44 - esse era o nick dele no chat de sacanagem - mas haviam alguns outros lá, não me lembro de todos, sá que alguns foram marcantes: Trago-Porra-Agora, Puto-Cachorro-Passivo, Submisso-Bareback, Crossdresser-16, Foot-Fucking-Now, Malhadinho-Fio-Dental e até uma tal de Fátima-Boa-Viagem que depois acabei descobrindo ser travesti.
Digitei meu usual nick, Idealista-23. Cheguei a pensar que com a concorrência que tinha no chat eu não fosse conseguir nada, afinal, que tipo de ativo-tarado iria dispensar um Tomo-Leite-De-Macho para teclar com um Idealista-23? Sá que fui persistente, fiquei 45 minutos na sala sem que ninguém me dirigisse um boa noite sequer, mas de repente, eis que me entra no chat um tal de Platão-44.
Ele foi entrando e falando comigo e mais uma vez encarnei o espírito de uma porn star. Em 19 minutos já sabia tudo sobre ele, ao menos o que é necessário saber de um cara para uma trepada-básica-sem-compromisso. Platão-44 tinha 1,79 de altura, 74 kg, branco, cabelos lisos pretos, 44 anos, barba por fazer, é professor universitário de filosofia, casado e pai de uma filha pré-adolescente viciada em Malhação. Ah, já ia esquecendo, tinha também 19 cm de um pau levemente torto para o lado esquerdo e duas bolas grandes e peludas, - e calçava 44 - como ele mesmo fez questão de frisar. Marcamos de ir a um motel que ele iria pagar, como ficou combinado.
Em 19 minutos eu já estava no local em que ele me pegaria, ele chegou em seguida, num carro preto cujo modelo não consegui identificar. Já que não vi fotos suas quando combinamos tudo, me surpreendi quando constatei que Platão-44 era um cara muito melhor do que eu pensava. Entrei no carro e fomos rumo ao motel. Mas antes de chegarmos lá, dentro do carro ele indiscretamente começou a pegar no práprio pau e não demorou muito em tirá-lo para fora e pedir (ou exigir? ainda não sei) para que eu mandasse ver enquanto ele dirigia.
__Mandar ver?!
__É, me chupa.
Esses homens impacientes.
Geralmente sá faço isso quando estou bêbado e por alguns segundos fiquei meio reticente, mas daí me dei conta de que naquele dia eu estava sendo uma porn star, ao menos tentando me comportar como uma. Então, chupei sim, mais uma vez sem camisinha, fazer o que?
No motel nos beijamos, esfregamos, chupei ele todo, lambi as tais bolas peludas, já que ele pediu para que eu fizesse isso, parecia até que eu estava passando fio-dental nos meus dentes em determinado momento.
__Custa dar uma aparada? __Mas eu não falei isso, sá pensei.
Ele quis entrar na hidromassagem, mas fiquei com nojo e recusei, acho que até uma porn star tem suas restrições quando faz um sexozinho básico. Enquanto ele colocava a camisinha eu entornei uma garrafa de Keep Cooler. Platão-44 me comeu de quatro e de frango assado. Depois tirou a camisinha e gozou na minha barriga enquanto eu me masturbava e gozava também na minha barriga. De repente, me senti tão sujo, uma bobagem que logo passou e que quase sempre me acontece. Caímos cada um para um lado da cama, ele cansado, eu tentando me limpar com o lençol. Mas foi então, durante aqueles minutos de silencio dentro do quarto do motel, em que nenhum de nás dizia nada nem olhávamos um para o outro, que percebi uma coisa: o ato sexual é como o assassinato, depois de concluído a gente nunca sabe o que fazer com o corpo.
