Aviso: Alteramos a página inicial para mostrar os novos contos que foram aprovados, não deixe de enviar seu conto.

1A. TRAIÇÃO: INICIO DE UMA VIAGEM SEM RETORNO

1a. TRAIÇÃO: INICIO DE UMA VIAGEM SEM RETORNO



Vou me chamar aqui de Verônica, pq a histária que relatarei é verídica, e minha intenção não é expor a mim e aos outros, mas ouvir os comentários de vcs, pq realmente ando meio confusa depois do que aconteceu.

Tenho 27 anos, sou bonita, chamo atenção geralmente pelos meus cabelos lisos e longos, meu rosto bonito, e pelo meu corpo bastante curvilínio. Namoro há 2 anos com um rapaz oriental, e somos bastante ligados um ao outro. às vezes penso que precisamos das relações estáveis por causa da companhia e da dependência que gostamos de ter. Pelo que eu vivi, penso que escolher alguém para compartilhar a vida é uma combinação entre o ranking de requisitos que cada um elege, e aquilo que o acaso coloca em nossa frente.

Sempre consegui ser fiel. Se já traí um par de vezes em minha vida, posso dizer orgulhosa que foram situações com atenuantes: um hiato de namoro adolescente, quando o casal concordou em dar um tempo (e aí, sei bem que ambos experimentaram novos parceiros), ou em um caso onde eu sinceramente nem sabia se tratar dum namoro... o coitado é que se iludiu. Mas tirando estas duas exceções, sempre fui fiel, pq assim fui criada, valorizando o respeito num casal. E confio que meu namorado, que aqui chamarei de Carlos, tb sempre tenha sido. A idéia é aos poucos progredirmos nesta relação, até o dia em que moraremos juntos. Conversamos carinhosamente sobre um futuro onde teremos filhos, e nos declaramos um ao outro. Tudo parece certo.

Mas a estabilidade e a dependência não são tudo que uma mulher precisa numa relação.

Eu trabalhava num dos grandes jornais de SP na época, e escrevia para o caderno de turismo. Frequentemente passei a ser enviada para outros estados, para cobrir festas gastronômicas, religiosas ou folcláricas, ou para avaliar novas pousadas, muitas vezes em recantos paradisíacos. Certa vez uma luxuosa pousada nova em Monte Verde - recanto apropriado para namorados se enfurnarem debaixo dos edredons dos chalés, acenderem a lareira, e curtirem um ao outro -, ofereceu ao jornal uma visita com hospedagem de fim de semana para casal. Convenci Carlos e fomos lá, sabendo que eu entrevistaria rapidamente um par de háspedes que encontrasse, faria um tour com o dono da pousada pelas dependências, provaríamos o fondue da casa e passaríamos a maior parte do tempo curtindo mesmo, sem gastar um tostão. Estava animadíssima com isto, e achando que prestava um grande serviço para o nosso relacionamento. Mas Carlos sempre foi bastante crítico em relação ao jornalismo, e se na maior parte das vezes eu concordava com ele, nunca imaginaria que isto algum dia se voltaria contra mim.

Chegamos lá no início da tarde de um sábado, e o lugar era muito chique, o que de cara deixou Carlos inibido. Ele não curte mesmo ostentação, e costuma se sentir mais à vontade em lugares simples, com gente simples, apesar de vir de uma família de classe média-alta e ter formação privilegiada, assim como eu. Mas ali, de fato, tudo era um pouco demais da conta... nosso carro (aliás, do Carlos) era o piorzinho: sá víamos carros importados, jipes. Os casais vestidos como se fossem passar por sessão de fotos de alguma revista de celebridades. A arquitetura da pousada era bastante moderna, um pouco discrepante em relação à aparência rústica que desejavam imprimir em certas coisas. Mas o local se valorizava pelo uso de pedras, mármore, granito, madeirames sálidos, vidraçarias amplas, tudo de muito bom gosto. Estava tentando não me infectar com as críticas muitas vezes engraçadíssimas que Carlos cochichava na minha orelha, pq tento sempre ser imparcial, descartando meu gosto pessoal da análise que tenho que fazer. O chalé era muito espaçoso, e realmente propício para uma lua de mel adiantada. Carlos tentou me pegar de jeito antes do almoço, mas eu quis criar uma expectativa nele, e disse que o dono da pousada me aguardava para o tour. A fome dele teria que esperar.

O dono da pousada foi muito simpático, obviamente ele queria ver na semana seguinte uma bela matéria que o ajudasse a lotar aqueles chalés. Tirei muitas fotos, perguntei detalhes sobre a arquitetura, depois tentei ligar um pouco da trajetária de vida dele ao nascimento da pousada. Ele me apresentou a toda sua equipe. Fiquei meio chocada, pois Carlos tinha razão: a maioria das pessoas que ali trabalhavam no atendimento ao público era realmente produzida, desde a moça da recepção até os garçons. Carlos havia me cochichado: as madames e os casais dessa burguesia pervetida devem adorar corromper belos e jovens matutos. De fato, quando o dono da pousada levou-me para conhecer a academia, pude notar que uma háspede de seus quarenta anos puxava conversa com o rapaz que lhe trouxe um suco na bandeja, e sugestionada pelas palavras de Carlos, quis ver coisas ali, num simples ato de simpatia.

Voltei ao quarto e Carlos não estava lá. Aproveitei para relaxar na banheira quente, o frio estava chegando com a noite, e queria abrir meus apetites... a água quente, a espuma, a hidromassagem e aquele jogo subterrâneo, sensual e hierarquizado entre háspedes e empregados não saía de minha cabeça. Meu práprio corpo começou a me excitar naquele momento. Carlos chegou, tinha dado um passeio a cavalo. Desta vez ele é quem moderava, tinha entendido meu jogo de sedução e estava mesmo disposto a esperar até depois do jantar. Pena, porque naquele momento eu queria, muito... mas a convivência e intimidade também nos priva de qualquer novidade e afobação, e acho que para Carlos foi fácil segurar o desejo. Tomou banho, nás nos arrumamos e fomos experimentar o fondue.

Enquanto estávamos na mesa comentei que deveria ainda tentar falar com mais algum casal de háspedes, não estava plenamente satisfeita apenas com a simpatia da madame na academia. Carlos não queria mais se separar de mim, então propôs que eu entrevistasse a ele. Eu ri. Mas logo em seguida ponderei: "realmente, você não deixa de ser um háspede... e como tal, tem sua opinião". Entrei na brincadeira e perguntei qual era o motivo de sua vinda àquela pousada. Carlos olhou fundo em meus olhos e disse, com muita firmeza, que tinha encontrado a mulher de sua vida, e queria levá-la para todo lugar onde tivessem a chance de construirem juntos uma memária em comum. Fiquei arrepiada. Estava adorando aquilo. O vinho chegou no momento exato, fazendo-me não estragar o faz de conta ainda, mesmo que naquele momento tudo que queria fosse beijá-lo. Perguntei então quais eram as impressões mais marcantes daquela pousada para ele. Ele então respondeu que a pousada parecia um "placebo": enganava os otários como se fosse um remédio, mas era sá farinha; no entanto, parecia funcionar para a maioria, porque todos ali eram muito sugestionáveis. Aquela resposta me deixou irritada. Eu já tinha tirado meu caderninho da bolsa e estava anotando suas respostas, mas aí vi que aquela "entrevista" jamais daria certo. Ele estava claramente me usando para tentar fazer publicar suas ironias ácidas, e aquilo não sá pegaria mal para o jornal (que Carlos sempre atacava), certamente deixaria o dono da pousada furioso, e também fez eu me sentir uma trouxa, sendo usada por ele e feita de palhaça. Sem conseguir esconder meu humor contra-ataquei: disse que o que me encantava nele no início da relação - sua inteligência, sua acidez -, aos poucos se transformava num labirinto desagradável. Ele não deixou barato, como eu esperava: afirmou que minha auto-censura sequer me permitia tentar publicar algo fora da linha de meu jornal, eu mesma me castrava antes que o editor o fizesse. Ele estava certo, de novo. Eu realmente estava sendo moldada pelo jornal, e fazia o trabalho como era de se esperar. Mas não admitiria isso naquele momento, então perguntei o que ele faria em meu lugar - desafiaria um jornal cobiçado por todos recém-formados em jornalismo do país? Arriscaria ficar desempregada? E viver de quê, então? Eu estava morando em outro estado, não com minha mãe e pai, como ele. Ele disse que algumas coisas nos parecem imprescindíveis, mas não o são: sobreviveríamos sem elas. Ele tentava me convencer, agora sem a acidez de sempre: pegou em minha mão e disse que temos a impressão de depender de certas coisas, mas ao mantermos estas coisas estamos fazendo uma escolha, não somos exatamente passivos. Ele se referia a meu emprego, queria que eu tentasse outra coisa, achava talvez que eu tinha me acomodado. Mas enquanto ele falava, eu aplicava aquilo tudo à nossa relação: ela me parecia indispensável, mas até que ponto? Deixaria ele me humilhar daquela forma? Não seria fácil me domar àquela altura, então eu continuei dura. Perguntei que mais ele gostaria que o jornal publicasse. Ele mandou esquecer a estrevista, aquilo era um jabá, e ele não tinha esperança alguma de que eu escrevesse algo que não fosse elogioso. Eu me revoltei de vez. Jabá?? Sim, ele continuou, jabá: a pousada oferece estadia e comida de graça num lugar luxuoso para uma jornalista pobre, já contando que isto seja um investimento em publicidade; o jornal aceita este tipo de jogo porque exige tanto trabalho da jornalista que aquilo soa como férias remuneradas para ela; quem é a jornalista que não completaria o ciclo? O sangue, já devidamente aquecido pelo vinho, subiu-me às faces, e rangendo os dentes, segurando-me de ádio, eu finalmente perguntei: "você me acha por acaso anti-ética??" Ele reclinou-se de volta à sua cadeira. Pensou com um suspiro, calculando os efeitos de sua resposta. Eu, nestes segundos que pareciam se prolongar, estava por dentro lhe suplicando: vamos voltar, ainda dá tempo... mas ele sá fez um gesto simples com a cabeça, concordando. Eu me levantei sem dizer uma palavra, trincando de ádio. Quase esbarrei no sorridente garçon que trazia nosso fondue, e que me acompanhou com o olhar incrédulo enquanto eu deixava o restaurante, visivelmente abalada.

Fiquei ali, no frio, andando ao redor da piscina. Vi de longe Carlos deixando o restaurante logo em seguida, apressando-se em direção ao chalé, certamente para tentar remediar o irremediável. Ele sempre soube o quanto eu tenho esperanças de algum dia ter orgulho de meu trabalho, mas nunca conseguiu demonstrar muita sinceridade quando eu lhe mostrava uma ou outra matéria mais séria, difícil ou pertinente, da qual me orgulhasse. Sabia muito bem que aquilo importava para mim.

Não sabia para onde ir àquela altura. Não queria retornar ao chalé, seria como dar o braço a torcer, porque ele me dobraria, como sempre fez. Tampouco conseguiria voltar à casa central, onde ficava uma sala com televisão e jogos, pois certamente encontraria por lá os casais que testemunharam tudo no restaurante, bem como os funcionários - a quem eu tinha sido apresentada naquela mesma tarde, e notei ter causado certa impressão, tamanho foi o respeito e cuidado de tratamento dispensado pelo dono do lugar. Agora não poderiam me ver naquele estado... ah, que raiva!

Em meio a estes pensamentos bestas nem me dei conta que o mesmo garçon que trazia nosso fondue tinha vindo ver se eu estava bem. Ele parecia preocupado de verdade. Desculpei-me pelo vexame, pela desfeita, perguntei o que fariam com toda aquela comida, desculpei-me de novo, e de novo por fazê-lo sair assim, ele deveria voltar para dentro, estava frio, desculpa pelo frio, você não pode perder seu emprego, desculpa por isto também... e sem me conter mais, chorei. Ele me abraçou fraternalmente e foi muito fofo. Em sua simplicidade, dizia-me: "que se foda aquilo, que se foda o que os outros pensam, que se foda a aparência, e que se foda meu emprego - aliás, meu patrão sempre nos orienta a tratar bem os háspedes, e me parece que é isso que estou fazendo!" Eu achei graça naquilo, ele retribuiu o sorriso, mas nem desconfiava de onde vinha a graça que eu via. Vinha dos comentários maldosos de Carlos sobre a "prestação de serviços" daqueles rapazes.

Gustavo - este era o nome do garçon - disse que se eu quisesse falar, sobre o que fosse, ele ouviria. Eu não me senti bem para relatar exatamente o que tinha acontecido. Achei que ele jamais entederia as sutilezas destas discussões em torno de carreira e profissão, aliás seria prá lá de deselegante de minha parte, sendo ele um simplário garçon... a verdade é que o abraço dele estava muito mais reconfortante e quente que mil palavras que ele poderia me dizer naquele momento. Deixei-me levar por estas sensações e fiquei agarradinha a ele, que sendo bem maior e mais forte que meu namorado, me dava uma sensação boa, de segurança. Talvez sentisse isto tb pq ele não era superior a mim em nada. Ao me desgrudar dele aos poucos, de fato pude notar que ele era, na verdade, um garotão, cheio de veias e dentes; carnes e músculos em torno de cada pedaço do corpo, bem mais que meu namorado, uma certa feição boba, vazia, que me deixava à vontade finalmente. Notou que voltei a sentir frio, e então me perguntou se eu não preferia entrar na academia, logo ali ao lado.

Tudo estava escuro ali dentro, a luz que tínhamos vinha da piscina, refletida e dançante. Ele perguntou se eu beberia um pouco de conhaque para aquecer, eu fiquei maravilhada: tem isso aqui? Ele, sem responder, foi para detrás do balcão, e logo de lá surgiu novamente, com uma garrafa e duas taças. Sentamos num aparelho de abdominal e ele nos serviu, como estava acostumado a fazer, mas cheio de graça. Eu me deixei sorrir por qualquer besteira que ele fizesse, pois estava achando-o muito fofo por se esforçar tanto para me fazer apenas feliz. Era disto que sentia falta. Esta simplicidade. Bebemos e tínhamos pouco para conversar, mas ele sempre dava um jeito de tornar as coisas leves. Disse que relacionamentos não são para a gente pensar, pensar demais é chato e dá dor de cabeça, as pessoas deveriam apenas curtir. Naquele momento tudo isso fazia sentido, ou pelo menos vinha bem a calhar, e fui assim descobrindo que Gustavo não tinha nada de bobo. Sabia muito bem dosar suas brincadeiras com algumas cantadas, que sempre soavam como coisas leves, ditas para agradar, envaidecer, sorrir. Um serviçal completo. Elogiou, por exemplo, meu sorriso, que ele dizia não ver em mim desde o tour da tarde, pois ao aparecer ali no jantar com meu namorado, estava novamente de cara fechada, séria, tal e qual quando cheguei com ele no horário do almoço. Isto me fazia pensar, fazia sentido, estava me fazendo perceber meu relacionamento. O olhar de alguém de fora ajuda. Ele continuou solícito: afirmou que todos os demais háspedes homens estavam me secando dos pés às cabeças, porque todos sabem que uma namorada assim não cai do céu. "Ou melhor: sá pode vir do céu mesmo!". Eu ria, embalada pelo conhaque. Eu disse que Carlos tinha uma teoria para explicar isso, mas logo depois me arrependi, porque teria que contar como era essa tal teoria. Gustavo naturalmente ficou curioso, e insistia para que eu lhe contasse. Mas eu fiquei vermelha, e me recusava a todo custo. Ele afinal desistiu. Mas apás um par de segundos no silêncio, ele me olhou com cara de pidão e caímos na risada. Ele pediu novamente, mas desta vez eu resolvi ceder. Contei que Carlos e um amigo negro partilhavam da mesma sensação de precoceito racial: quando andavam com suas respectivas namoradas, os brancos olhavam descaradamente para elas. Isto porque, no caso do amigo negro de Carlos, os brancos pensam: essa vadia gosta de pau grande, é safada, vou olhar mesmo. No caso do meu namorado, é o contrário: essa coitadinha sá vê o pintinho pequeno do namorado japonês, precisa dum pinto de verdade! Gustavo não sabia se era de bom tom rir, ou se eu o testava. Como eu caí na risada, ele se deixou soltar numa gargalhada que dava gosto. Eu mesma me senti mal de estar rindo de algo que, há poucos meses atrás, me fazia sentir nojo e raiva, solidária a meu namorado. Ali eu estava começando minha traição.

Gustavo se recuperou, tinha quase caído de tanto rir, e mesmo sem fôlego, perguntou timidamente: "mas é verdade?" Esta pergunta obcecada já tinha ouvido umas 19 vezes desde que começara a namorar com Carlos. Todas minhas amigas mais íntimas, e mesmo algumas conhecidas curiosas, faziam-me a mesma pergunta. Eu sempre tinha respondido que não, que era um pau mediano, mas que ele sabia usar muito bem. Em uma certa festa, com todos muitos bêbados, um desconhecido não se deixou intimidar pela presença de Carlos e quando eu fui ao banheiro chegou a me agarrar no corredor, dizendo que eu era muita areia para o caminhãozinho do japonês. Confesso que esse cara me deixou dias e dias como a verdadeira mulher-aranha, subindo pelas paredes... mas na hora me emputeci e o empurrei com toda força, e ao voltar do banheiro inventei uma dor de cabeça e fomos embora para evitar maiores confusões. Mas naquele momento, não tinha mais compaixão, tinha sido infectada pela acidez e cinismo de Carlos, e respondi para Gustavo: "é, é um pauzinho pequeno sim". Perguntou quanto media. Eu o olhei repreensivamente. Ele pediu desculpas. Depois dum silêncio constrangedor disse que tinha apenas 19 cm. Gustavo deu aquela clássica risada-espirro, quando se tenta segurar algo incontrolável. Eu não me aguentei e ri, então ele se soltou também. Há muito tempo não ria de coisas bestas, e aquilo estava me fazendo bem: poder ser leviana. Bem demais. "12 centímetros... cara... não acredito... você goza com isso?" Eu disse que sim, que a mulher na verdade tem uma adaptabilidade a grande parte dos tamanhos, contanto que não sejam ridiculamente pequenos ou exageradamente grandes. "Mas se isso não é ridículo, quanto mediria um ridículo?" Pensei um pouco e disse que já tinha ouvido falar em coisinhas menores, de 19 ou menos centímetros. Gustavo não acreditava. Ele confessou que o que o deixava admirado não era tanto o tamanho pequeno, mas que Carlos tivesse tanta sorte de ter uma namorada tão gata. Eu fui às nuvens. Gustavo pediu desculpas, senti que ele recuava quando eu, ao contrário, estava querendo ir adiante com esta conversinha safada. Ela estava me deixando excitada, como há muito não sentia, estávamos sentados um ao lado do outro, com as pernas se tocando. A excitação com algum estranho, alguém novo em nossa vida, é muito diferente da excitação que sentimos pelo namorado. Pedi que ele me contasse então quanto media o seu pênis. Ele riu. Depois viu que falava sério. Ele disse que não era nada gigante, mas deixava o do meu namorado no chinelo. Eu fiquei mais curiosa ainda, e insisti para que ele me contasse. Ele nunca tinha medido. Isto me deixou por um segundo desapontada, mas logo que o conhaque me deixou pensar mais claramente, vi que era a deixa perfeita. "Deixa eu ver, então?" Gustavo sorriu sem graça, como tentando adivinhar se estava falando sério. Eu o olhei cheia de vontade. Ele se levantou lentamente na minha frente. Eu pousei uma mão sobre sua calça. Já deu prá sentir um certo volume, que se espalhava para o lado, seguindo a direção da perna. Quando a minha mão voltava para a virilha, já sentia algo mais rígido que antes. Com os dedos tentei desenhar aquele pau, afundando a calça ao redor dele, para ter uma impressão do pinto sobre o tecido. O pinto parecia ir adquirindo vida, protestando pelo aperto. Eu estava com a respiração presa. Jamais tinha feito aquilo, pegar num pau de outra pessoa enquanto namorava dedicadamente. Aquilo era errado, eu sabia, eu iria me arrepender, tudo muito feio e errado. Mas era tão bonito sentir aquilo ficando duro em minha mão... minha vontade era de ficar ali, adorando aquele pinto que parecia ser grande e grosso, pela noite inteira, beijando sua cabeça, esfregando no rosto, na minha maquiagem, pelos cabelos. Usei minha outra mão para apalpar direito aquele membro, porque uma mão não dava conta do recado. Gustavo sá me observava, sem coragem para dar um passo adiante, ou curtindo exatamente aquele ritual meu. Eu mesma me dei conta de que ele era um mero funcionário ali, poderia se complicar e não apenas no trabalho caso eu me sentisse ofendida, e aquilo me deu uma sensação de poder sobre ele e sobre aquele caralho grande. Dona da situação, abri a fivela de seu cinto, e Gustavo passou a respirar pesadamente. Desci o ziper de sua braguilha, lentamente, como se tivesse medo, como se hesitasse. Mas na minha cabeça, não adiantava mais pensar em parar, era tarde, eu já estava traindo, era melhor gozar e me esbaldar. Desci a calça até o calcanhar dele. A cueca era branca e colada ao corpo. O desenho de seu pinto agora era claro. Estava já com muita rigidez, e a cabeça já se descolava da perna, projetando-se para a frente, apesar do pano da cueca. Fiquei assim, admirando aquela ferramente que iria ser minha, espantada com o tamanho. Incrivelmente desenhada sob o tecido, a cabeça parecia um cogumelo, redonda, bojuda. Provavelmente tinha me acostumado demais ao pau do meu namorado, aquilo para mim era música. Não aguentei mais fazer o papel de santinha diante de tudo aquilo, e me dei a liberdade que não costumava me dar: deixei-me levar instintivamente ao papel de vagabunda. Esfreguei meu rosto em sua cueca, freneticamente, descobrindo um jeito quase higiênico de punhetá-lo sem arriar a cueca, tamanha a minha obsessão em esfregar com força aquele pinto em toda a minha cara. Ele começou a gemer e ajudava-me a criar um movimento de vai e vem com o rosto sobre o pano, pressionando seu pinto contra o corpo. Eu um destes movimentos aquela projeção da cabeça veio parar em minha boca, e eu comecei a chupá-lo assim mesmo, por cima da cueca, como se aquilo sim fosse permitido, contanto que eu não pegasse na carne em si... eu puxava o pano todo para a frente, sob protestos dele, lágico, porque a cueca já era apertada, deveria estar esmagando seus ovos, mas eu precisava de mais pano para deixar aquele pau o mais desgrudado do corpo de Gustavo possível, a fim de colocá-lo melhor dentro de minha boca. Ele misturava suas reclamações aos gemidos, então eu me dava mais e mais liberdade para ir adiante. Consegui desta forma abocanhar a cabeça inteira com aquela camisinha grossa e branca de pano, punhetando a cabecinha com meus lábios. Ele se deixou usar desta maneira. Meu frenesi era tanto que de vez em quando queria variar, fazer coisas loucas com minha boca, então eu fazia unicamente movimentos de abrir e fechar os lábios sobre a cabeçona enacapada dele, o que dava uma sensação de estar mamando aquela peça. Neste movimento, descobri que a língua ficava em posição ideal para investir diretamente na fenda da cabeça do pau, em pontadas que eu dava ritmadamente com o abre-e-fecha dos lábios. Aquele ponto da cueca ia assim se umedecendo com minha saliva, tornando o pano ali mais elástico, e mais aderente à peça. Isto foi deixando ele louco. As duas mãos apalpavam histericamente o tronco daquele pinto e seu saco, ele deve ter se sentido o mais desejado pinto do mundo naqueles minutos. Ai, que coisa boa lembrar daquele pau enorme... daí eu parava com o abre-e-fecha e voltava a abocanhar o máximo que conseguia daquela cabeça, babando em sua cueca, deixando-a toda marcada pelo meu batom. Eu dizia que ele tinha um pinto muito grande, muito maior que o do meu namorado, que eu não lembrava como era bom sentir um pau grande assim. Ele fez menção de tirar o pau pra fora da cueca, mas eu segurei sua mão a tempo. No entanto, meio caminho já estava andado, e a parte superior da cueca, seu elástico, já tinha se desgarrado da cintura, fazendo o pau projetar-se agora não mais para o lado, e sim para a frente. Sem perder tempo nem dar margem para protestos dele, eu passei a chupar agora um pouco mais que apenas a cabeçorra daquele membro, chegando a abocanhar mais facilmente um primeiro terço da extensão total devido à umidade que minha saliva provocou sobre o pano. Fiquei ali chupando e adorando aquele pau, absorvendo-o sobre a cueca, dando mordidas, cada vez com a boca mais aberta, dedicando-me com fervor, mostrando o quanto aquele pinto me deixava doida e feliz. A saliva ia dominando o tecido, sendo absorvida, e assim, o pano ficava mais maleável. Pude enfiar começar a chupar parte do pau dele sem a cueca, pois fora a ponta, ainda coberta, uma boa parte do corpo de seu pau estava ao ar livre. Eu abocanhava cada vez mais, e sentia já a pele do pinto, uma veia saltada, um pentelho ou outro. Sem perceber que estava punhetando rápido e gostoso demais, de repente entendi um par de gemidos mais altos sincronizados a um súbito borrão de umidade viscosa que começou a se formar na cueca e a causar um gosto velho conhecido meu na língua e pelo lábios. Era um gosto pegajoso e salgado, como mocotá, que fazia a língua grudar e não se mistura à saliva, denso demais. As golfadas vinham se esborrachar no tecido e imediatamente o atravessavam em milhares de gotículas que varavam os poros do tecido, e chegavam peneirados até minha boca, que as recolhia com vontade doida, sugando aquele pano salgado. Eu ia assim degustando o sêmen daquele pau enorme, que o liberava aos saltos, saltos que me assustavam, pareciam agressivos, socos de pinto contra minha boca, mas eu assimilava tais golpes com a sede de experimentar aquele visco, sem paciência, sem desperdício. Em abundância. Ele parecia não terminar nunca de gozar. Mesmo depois de algum tempo, fazia magicamente seu pau dar um salto em meus lábios, e uma nova gota vinha perfurar sua cueca, e eu, fiel, sugava tudo que aparecia.

Um barulho no trinco da porta de vidraçaria do academia me empurrou de volta à dimensão do real. Tomamos um susto juntos, eu e o Gustavo, que estava de olhos fechados, ao vermos Carlos ali na porta, tentando desajeitadamente abri-la, tomado de raiva. Eu me levantei num salto que derrubou a garrafa de conhaque ao chão, e Gustavo levantou suas calças rapidamente, branco. Carlos ficou ali, silhuetado, aparentemente nos olhando, mas eu não conseguia distinguir suas feições. Virou-se e foi embora, eu atrás dele, desesperada. Não imagino minha vida sem ele...

Passaram-se dois meses deste episádio, e alguns eventos que relato numa práxima oportunidade caso alguém ache pertinente. Experimentamos algumas coisas, mas até agora a relação não voltou a ser sombra do que já foi. Passamos dum respeito formal a uma fase despudorada, de humilhações mútuas, de verdades arremessadas na cara um do outro, mesmo durante nossas transas. Tentamos admitir gente desconhecida em nossas relações, por um tempo funcionou muito bem, acendendo como jamais antes o fogo entre nás. Mas o desrespeito parece ter causado um estrago e ser irreparável. Nem ele nem eu conseguimos mais imaginar uma relação de casal, com filhos, onde os pais não se respeitem, ofendam-se, mesmo que para provocar sexualmente um ao outro. Tampouco imaginamos, agora que já experimentamos menage, swing, orgias, que algum de nás consiga voltar a sentir o tesão que agora chamamos de infantil, simplário demais, por alguém que apenas transe, sem provocar, sem acender pela ofensa, pelo ciúmes, pela raiva. Algo em nás mudou definitivamente a partir daquela noite, e não pode ser refeito. Assim nos parece. E presos nesta ilha libidinosa e hermética ainda estamos, sem perspectivas. Preciso ouvir opiniões, comentem aqui, por favor, pq gostaria muito que os demais leitores lessem as demais opiniões tb, como num debate, e até rebatessem comentários. Não sei avaliar muito bem o que quero, o que ando vivendo, e o que fazer. De verdade. Para quem sabe do que falo, digo algo comum: não é apenas sexo. Agora infecta a tudo, e a quem somos.



mentiranecessaria@hotmail.com