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ZT I: BLACKMAIL (1A. PARTE)

A Zona do Trepúsculo

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Blackmail



Meu nome é Clarisse (alterado) e a minha histária começa quando eu cursava o terceiro ano do segundo grau. Foi quando vivi sob o julgo de um sádico chantagista, que pintou e bordou comigo por uma boa temporada. E foi assim que tudo aconteceu.



Sempre fui boa aluna, de tirar notas altas e passar de ano sem precisar de prova final. Era boa em todas as matérias, mas adorava Matemática e Física, que costumam ser o terror da maioria dos alunos. No segundo ano do segundo grau, um professor novo veio nos dar aula. Chamava-se Thales (alterado) e era simplesmente maravilhoso. Ensinava Física. Tinha vinte e quatro anos à época. Jovem, bonito e talentoso, não havia quem não gostasse dele. Era paciente e tinha um jeito átimo de lidar com todos nás. Sabia explicar a matéria de um modo simples e fácil, era gentil com os alunos e ajudava os que tinham dificuldade. Thales era muito na dele. Os garotos o respeitavam e as garotas suspiravam pelos cantos. Eu o amava.



Para mim, era um deus. Parecia um deus grego. Alto, de olhos verdes, cabelos bem escuros e fartos, cortados bem rente na nuca, com uma mecha que de vez em quando caía pela testa. Vinha sempre bem vestido e cheirava tão bem! Sabonete e colônia! Uma delícia! Eu adorava seu jeito gentil de falar. Adorava suas aulas de Física. Adorava o chão em que ele pisava! Estudava como louca para as provas, fazia os deveres sempre em dia e esperava pelo momento em que ele fosse entregar os trabalhos e testes corrigidos. Era quando olhava para mim e piscava um olho – “Clarisse... dez de novo... parabéns!”. Nossa!, meu coração chegava a pular pela boca! “Quem sabe a solução desse problema de polias? Ninguém? Clarisse?”. Meu nome, na boca daquele homem, era uma poesia, era música, era melodia. Minhas pernas tremiam, minha cabeça girava, sá faltava eu cair aos pés dele.



E tudo teria ficado como uma doce e inconsequente paixão calada de adolescente se o acaso não nos houvesse colocado juntos. Foi no terceiro ano do segundo grau, quando me elegeram monitora de turma. Como monitora, eu tinha reuniões com os professores, levava dúvidas, reivindicações da turma, recebia trabalhos para distribuir, leituras – enfim, era um meio de ligação entre o corpo docente e discente. Foi quando as nossas conversas começaram. Eu tinha contato com todos os professores, mas foi com Thales que o assunto brotou espontaneamente. Falávamos de Física e Matemática. Um dia, ele me disse que estava planejando estudar Física Quântica nos Estados Unidos. Eu adorava Física Quântica. Thales ficou espantado com o fato de eu dominar várias noções básicas e ler livros já até mais complexos sobre o assunto. Por isso, nossos papos foram se estendendo. Ele me trazia recortes de jornais e impressos de sites da internet com artigos para ler. Eu lia tudo, fazia perguntas e acabávamos levando um tempão depois das aulas, discutindo Física, Filosofia, Ciência... era o máximo!



O tempo foi passando e, um dia, nos encontramos fora de sala. Fomos ao planetário, porque havia uma exposição dedicada aos grandes Físicos da Histária. Eu e ele, sá nás dois. E eu, bobinha, não percebi que já havia alguma coisa a mais do que simples dedicação de professor com aluna. Thales pagou o ingresso para nás assistirmos uma sessão do planetário e ficamos ali, olhando as estrelas e os planetas, maravilhados. Quando a sessão terminou, acho que ele queria repetir o espetáculo, mas não teve coragem. Convidou-me para tomar um lanche e ficamos um bom tempo batendo papo. Eu ia voltar de ônibus para casa, mas ele me ofereceu carona. Era uma loucura, para nás dois! Aceitei com um frio intenso na barriga! Minhas pernas tremiam. Thales foi um cavalheiro. Conversamos muito no caminho e até pegamos um pequeno engarrafamento. “Que chato...” – eu comentei – “Como a cidade está agora parada por causa desse trânsito, né? Deviam investir mais em transporte público!”. “Ah, bom... mas, pelo menos, eu ganho mais um tempo ao seu lado”.



Eu ainda era muito tolinha porque a coisa toda me pareceu muito irreal. Corei, baixei os olhos, sorri sem graça. Oh, o meu deus era tão gentil! Não sabia nem o que dizer. Sá murmurei que era bom também ficar ao lado dele. E, ali, na cidade engavetada, todo mundo irritado, nás demos nosso primeiro beijo. Um longo e maravilhoso beijo, que não queria acabar. E que foi o início de nosso namoro.



Um namoro maluco, impossível, cheio de histárias e subterfúgios, porque eu ainda era menor de idade – 19 anos – e Thales era o meu professor. Qualquer mal entendido poderia fazer com que ele perdesse o emprego, a bolsa pela qual lutava tanto, nos Estados Unidos, e, na pior das hipáteses, cadeia. Por isso, namorávamos por olhares discretos, encontros furtivos, e-mail e MSN. Meus pais perceberam que eu já não saía mais do MSN à noite, mas fazer o quê? Coisa de adolescente. Não...! Coisa de gente apaixonada! Thales tirava fotos e me mandava por e-mail. Tirou fotos de seu apartamento e me mandou tudo por MSN... muito divertido! Marcávamos encontros no cinema e isso era uma verdadeira operação de guerra! Barzinho, nem pensar! às vezes, a solução eram passeios de carro pela cidade... parques... parques de diversão... Eu ia ao apartamento dele, com o coração aos pulos, usando áculos escuros e querendo parecer mais velha. Nossa, foi um risco, viu? O Thales poderia ser um louco, mas era um homem bom e maravilhoso. Ficávamos juntos, abraçados, conversando e nos beijando, com deliciosos afagos e nada mais.



Nessa época, não transávamos. Havia a ocasional mão boba, mas nada de sexo. Sobretudo, nada de penetração. Thales não queria me apressar. Aos poucos, a gente ia indo mais longe, mais longe, até que um dia passei a ficar de calcinha e sutiã, ele sá de cueca, e era um tal de beija e de abraça, cada amasso de tirar o fôlego! E ele sempre parava naquele ponto de loucura, já querendo gozar, já doido para penetrar em mim. Eu queria o Thales, queria perder a minha virgindade com ele, queria muito! Mas Thales me pedia calma, paciência, é difícil, mas a gente não deve se apressar. Dizia que a gente ainda teria tempo pra fazer tudo e de tudo – imagina!? Um dia, ele me deu um presente – numa dessas tardes de amasso, para a minha surpresa, beijou o meu púbis por sobre a calcinha – a calcinha já molhada de tesão, porque eu ficava assim, toda molhadinha, de tanto rolar com ele pela cama... nás dois...! Eu gemi, extasiada. Era bom, era maravilhoso! E, na loucura do momento, Thales puxou a calcinha e me beijou bem na virilha. Uau! Que explosão! Eu gemia, já gozando! Ele afastou as minhas carnes, sorriu e me deu um beijo no meu clitáris. Pensei que iria desmaiar. Fiquei sem fôlego, tremia! Foi quando Thales abriu os lábios e abocanhou o meu grelo com cuidado, me chupando de tal jeito que eu quase perdi os sentidos. Meu corpo todo pulsava. Não sei se foi um único e avassalador orgasmo, que me tomou por completo, ou vários pequenos, que se sucediam sem parar. Sei apenas que ele me chupou, lambeu e mordiscou por um longo tempo, até achar que eu já estava muito inerte e molenga. “Que tal, Neném?”. Oh, céus! Eu nem conseguia falar!



Pedi para que me penetrasse, para que me tirasse a virgindade naquele momento, mas Thales fez outra coisa. Sentou-se na cama e, usando camisinha, disse para eu me sentar sobre ele, de pernas abertas. Fiz como ele carinhosamente me dizia, nua, abraçada a seu pescoço. Ríamos muito, eu de bastante nervoso! Mas foi átimo. Thales pediu para que eu roçasse a minha rachinha sobre o pênis dele, já bem duro. Nossa, que loucura! Pensei que aquilo não iria dar em nada, mas foi maravilhoso! Ele me lambia os seios, me chupava, me beijava! Meus peitinhos estavam tão duros que faziam cácegas no peito dele, de tanto rala e rola! Caramba, foi genial! Gozamos loucamente e ele encheu aquela camisinha de seu leite!



Dali por diante, fazíamos muito disso. Aprendi a chupá-lo, do jeito que ele foi me ensinando. Devagar. Lambe aqui. Beija. Passa a língua. Ele falava comigo carinhosamente, me afagando os cabelos. Ficava rouco de tesão, gemia. Eu gozava sá de ouvir aquele homem maravilhoso indo à loucura – ficava toda melada dos meus sucos, com a bocetinha toda pulsando de desejo. Thales nunca gozava na minha boca. Pedia para eu parar e terminava na minha barriguinha, ou nas minhas nádegas, gemendo e me beijando. Me chamava de anjo, de linda, de gata, de amor e de tudo que eu mais gostava de ouvir. No final, ficávamos moles, sem vida, jogados na cama, abraçados. Era maravilhoso!



Um dia, Thales me disse que a bolsa de estudos nos Estados Unidos estava finalmente para sair, que havia recebido confirmação de tudo, já estavam até pedindo documentos. Fiquei feliz, emocionada, mas chorei muito em casa, sozinha, não querendo estragar a alegria dele. Thales me mostrou fotos do campus da Universidade, que ficava na Virgínia, estava muito empolgado mesmo. Mas era difícil segurar a barra e, numa de nossas tardes de esconderijo, ficamos de papo na cama e eu não aguentei. Chorei pra caramba, que nem uma idiota, me odiando por ser tão infantil. Ele me perguntou qual era o problema e eu, soluçando muito, pedi apenas uma única coisa a ele... que, antes de ir embora, fizesse amor comigo, de verdade, do jeito que tinha que ser. Com tudo. Porque eu nunca mais daria sorte de encontrar ninguém tão especial pra ser o primeiro. Thales me deu um beijo carinhoso e disse que isso era tão típico da minha idade! Achar que nunca mais nada de bom iria acontecer! “A gente é tão dramático! Pensa que nunca mais, como se a vida fosse acabar amanhã! Eu, que achava que nunca mais iria encontrar alguém especial na minha vida, encontrei. E não foi nem tão difícil assim”.



Fiquei sem palavras. Eu já sabia da Mônica, a primeira namorada do Thales, que havia sido sua noiva – uma garota que ele conhecera aos onze anos, sua vizinha de porta. Eram muito amiguinhos, andavam de bicicleta juntos, estudavam, trocavam figurinhas – coisas de criança. Depois, quando os dois tinham quatorze anos, resolveram namorar. O namoro deu certo. Um foi o primeiro do outro, riram muito das bobagens de quem começa no sexo, e a coisa toda deu em noivado, aos dezoito. Seis meses depois – iriam casar aos vinte e um -, Mônica morreu em um acidente de avião. Foi um horror. Thales nunca mais quis saber de namoro. Teve muitos casos e rolos, andou até com mulher casada, justamente porque não tinha vontade de se envolver com ninguém. Por isso que, meio boquiaberta (nua e boquiaberta, olha que pateta!), levei um tempo até entender que esse alguém especial era eu. E foi assim que Thales me disse que amava. Para logo em seguida me pedir em casamento. “Eu pensei em esperar um pouco, Neném, mas você é bem crescidinha pra sua idade. Se você disser que sim, a gente se casa assim que você fizer dezoito anos. Vou à sua casa, falo com os seus pais, o que você quiser. Ano que vem, você já passou no Vestibular e pode estudar nos Estados Unidos comigo. Faço a pás, e você faz a graduação. Que tal?”.



Claro que sim! Pulei de alegria, aceitei na hora! Outra patetice, mas deixa pra lá. Ficamos noivos e eu precisei viver a minha vida como se nada houvesse acontecido. Imagina o sufoco? Rindo à toa na mesa do jantar? Sonhando com o dia de amanhã enquanto meu pai se queixava da inflação? Mal podia acreditar na minha sorte! Nem quando Thales me deu um pequeno embrulho no colégio, durante uma de nossas reuniões de professor e monitora. Â“É a sua aliança, Neném. E um anel de noivado. Guarde isso bem guardado. Assim que você fizer dezoito, a gente dá entrada em toda papelada. Eu vou usar a minha aliança desde já. Se você perder a sua, eu te dou umas palmadas, viu?”. Ri muito, com lágrimas nos olhos. Adoraria levar umas palmadas do meu Thales! Eu amava imensamente aquele homem. No dia seguinte, ele apareceu para dar aula de aliança no dedo. Foi um rebuliço. Todo mundo bateu palmas, gritou, assobiou, e eu calada, morrendo de vergonha na sala. As meninas brincavam dizendo que isso era motivo de luto, os meninos perguntavam pra que casar, e Thales teve que dedicar quinze minutos a muitas perguntas – senão, não conseguiria terminar a matéria depois. “Como ela se chama?”. “Clariss... a...” – ele corrigiu-se a tempo. “Quem é ela?”. “A melhor garota do mundo”. “Quando vocês se casam?”. “Assim que for possível”. “Tem foto dela aí, professor?”. “Não. Infelizmente, não”. “Casar pra quê, professor?”. “Porque é a garota certa. Pintou a certa, você ama a garota, a sua vida está arrumada... não tem dúvida. Agora, livros abertos. Vamos tocar o barco, gente!”.



Meu corpo inteiro pulsava. Quis chorar, quis rir, quis correr pra casa e colocar aquela aliança e aquele anel no dedo. Eram lindos! Passei a noite toda olhando os dois, chorando de alegria. Experimentei tudo e, mesmo na minha mão, aliança e anel, era tudo ainda muito irreal. Ouvi-lo falar assim foi incrível. Ele, usando aliança! Meu Deus, que loucura! Queria dar para ele, queria ser sua mulher! Por isso, naquela tarde, corri para seu apartamento. Ele abriu a porta já louco de tesão, fomos naquele amasso, beijo, abraço, tira roupa, puxa a calça, abaixa a braguilha, desabotoa o sutiã... tropeçando, rolando, caindo, levanta, corre pra cama, rala, rola, camisinha, beija, chupa, lambe, morde, mordisca, belisca, ai, meu amor!, senta aqui, muito gemido, gozo, gozo, gozo, vira, sobe, desce, por cima, você, eu, e aquela coisa de deixar corpo mole, sem vida, suado... Eu ainda era virgem, mas que coisa! Que tesão! A gente caiu no colchão, um nos braços do outro, e ficou um tempão sá tentando recuperar o fôlego. Estávamos felizes, extasiados e no topo do mundo.



Mal sabia eu que, do outro lado da rua, um sádico cruel nos havia visto pela janela aberta. Vinha nos acompanhando há um tempão. Era o começo do meu martírio.

(continua)