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UM NOVO DESAFIO!!



Bem peço desculpas pela demora em voltar a escrever, mas tive alguns contratempos e por isso não pude continuar a enviar os relatos. Continuando.



Depois de ouvir o relato daquela tão séria professora, pedi para passar um tempo sem ouvir confissões, e fui prontamente atendido sem que me questionassem o motivo.



Aquilo tinha me perturbado um pouco e precisava de um tempo para me acostumar e não mais me sentir chocado ou que meus sonhos fossem atormentados por aquilo que ouvia.



Depois de algum tempo, acredito que foram 5 dias, os sonhos se normalizaram e a cabeça passou a não mais pensar na confissão da professora. Achava eu que estava pronto pra voltar a receber novas confissões.



Foi então que meu superior, quando eu fui lhe informar que estava pronto para voltar ao confessionário, me perguntou se eu gostava de novos desafios? Se eu estaria disposto a levar a palavra de Deus a lugares em que ela menos tinha força.



Eu surpreso mas ao mesmo tempo gostando da idéia de poder fazer o bem a pessoas que, de certo, não o conheciam de fato, acabei dizendo que sim.



Foi quando ele me falou que o padre que era responsável pela capela de uma das penitenciárias do nosso estado havia cometido um crime e que agora estava preso.

Fiquei perplexo, e perguntei o que o teria feito cometer algum crime. Meu superior me disse que era muito difícil um padre aguentar essa responsabilidade, que as confissões eram sempre pesadas, cheias de detalhes e geralmente versavam sobre crimes bárbaros. O que de certo mexia com a cabeça dos padres que ficavam por muito tempo em contato com esse tipo de assunto.



E que havia cometido um erro ao mandar o dito padre para cumprir esta tarefa, já que sabiam que ele não tinha sido em sua vida pregressa uma pessoa, digamos pura. E que a idéia de que ele, como já conhecia o mundo daqueles com quem iria conviver, conseguiria falar a mesma língua ou mesmo entender como aquelas pessoas pensavam e como agiam.

Afinal foi um erro, ele ao invés de influenciar aquelas cabeças acabou tendo a sua influenciada e acabou por tentar usar sua imunidade como padre que era para entrar com drogas no presídio. Acabou sendo pego e agora responde e a processo. Deixando ainda uma grande má impressão nas autoridades sobre a integridade moral da igreja.



Pedi um tempo para que pudesse pensar e ele de pronto aceitou, já que tinha me dado muito o que pensar e sabia o tamanho do desafio.



Passados 2 dias acabei aceitando a incumbência e arrumei minhas malas para agora tomar conta de minha nova paráquia.



Foi meu erro! Eu que até então tinha me surpreendido com confissões de pessoas livres, que não tinham, em geral, cometido atos que os levassem a perder sua liberdade agora me depararia com uma penitenciária superlotada onde sabe lá Deus o que me esperaria.



Cheguei à penitenciária e logo mandei que me preparassem minha primeira missa. Queria conhecer de um modo amplo os rostos daqueles que eu iria pastorear a partir de então.

Comecei a missa observando da melhor maneira possível todos os presentes, caras marcadas pela vida, semblantes fechados, um povo taciturno e desconfiado.



Por alguns instantes duvidei de mim mesmo, achava que seria quase impossível romper a muralha que aquelas pessoas ao longo da vida ergueram em sua volta.

Mas confiava em Deus e tinha certeza de que ele jamais me abandonaria ainda mais se eu estivesse realizando um bom trabalho.



Nessa missa que realizei passei um belo sermão do que era a função de um padre, e do sigilo que envolvia a confissão. E senti que muitos deles melhoraram os semblantes. Eu passei a acreditar que estava no caminho certo, e estava.



No dia seguinte dei início às confissões. O medo do que eu iria ouvir me gelava a espinha, o suor frio percorria cada centímetro do meu corpo, tremia! Na minha garganta um ná que parecia querer me sufocar, seca e arranhando. Temia não ter voz na hora em que precisasse dela.



Estava pronto 19 minutos antes do horário marcado para começar a ouvir as confissões. Fui para minha cabine afim de não ser visto por ninguém naquele estada de nervosismo.



O primeiro preso chegou, eu a esta altura já estava no segundo terço, pedindo repetidamente a Deus que me desse as forças necessárias para passar pelo desafio.

Acredito que ele tenha me ouvido. Neste primeiro dia apenas pessoas acusadas de roubo e furto apareceram para confessar, em sua maioria, novatos que tinham acabado de chegar a penitenciária.



No segundo dia fui procurar os agentes carcerários para saber se os antigos não costumavam confessar, e o agente com quem conversei apenas disse: - Eles já desistiram de Deus.



Fiquei em estado de choque, não passava pela minha cabeça uma pessoa desistir de Deus dessa forma. E nessa hora eu soube que meu desafio seria bem maior.



Não ouvi confissões no segundo dia, tirei o resto do dia para me dedicar a achar uma forma de me aproximar daqueles mais antigos, os que provavelmente não iriam mais sair dali, pelo menos com vida, pelo acúmulo de crimes cometidos muitos deles dentro do práprio presídio.



No terceiro dia, fui ao encontro dos agentes carcerários e pedi para que me mostrassem os que realmente mandavam dentro daquele espaço. Eles de longe identificaram pra mim esses indivíduos. Eu perguntei se poderia conversar com eles. Mais uma vez ouvi algo que me chocou... – Seu padre o senhor não sabe onde está se metendo! Seria melhor o senhor tentar outro tipo de saída.



Aquilo me deixou um pouco preocupado, mas mesmo assim insisti que deveria falar com aquelas pessoas. Pedi para que me trouxessem um por vez e que me deixassem a sás com eles. Apás alguns minutos de relutância por parte dos agentes consegui que me trouxessem um dos “chefes”.



Tentei ser o mais simples e direto possível com ele. Perguntei a ele se ele tinha religião. Recebi uma balançada de cabeça com resposta. Eu tinha que fazer com que ele falasse, não pretendia ficar apenas falando. E comecei a querer saber se ele queria um dia ser salvo? Ele me respondeu: - O seu padre pensa que alguém aqui ainda pensa que pode ser salvo de alguma forma? Todos que estão aqui desde que eu entrei, já perderam as esperanças, o mundo aqui dentro não é como o senhor pensa não. Todos aqui tem que fazer o que tem de ser feito para não acordar com a boca cheia de formiga. E o senhor vem querendo saber se eu quero ser salvo?



Fiquei meio sem ter o que falar, mas não desisti. E disse: - Se eu te disser que posso fazer com que você seja salvo? Te garantir que se você vai ter seu lugar garantido quando seu tempo nessa terra acabar?



Ele riu! E disse: - Se o senhor soubesse de tudo que já fiz não estaria aqui me dizendo isso. Tenho certeza de que eles (os agentes) não lhe informaram antes de me trazerem aqui.

Eu rebati: - Pedi para que não me falassem nada! Queria ouvir de você o que você fez. De que me importa saber da opinião dos outros? Tenho que confiar em você até que me prove o contrário.



Notei que ele ficou parado, pensando. Eu de logo disse a ele que voltasse pra sua cela e que depois conversaríamos. Ele sem demonstrar reação nenhuma levantou-se e saiu.

Fiquei feliz por ter notado que tinha conseguido tocar em alguma coisa nele, e sabia que mais cedo ou mais tarde ele acabaria me procurando.

Continuei meus trabalhos na penitenciária, ouvindo os mais novos, distribuindo penitências absolvendo os pecados e plantando a paz.

Depois de duas semanas da nossa conversa, ele me procurou.....



Isso fica para uma práxima oportunidade.

Peço desculpas por não terminar de pronto a histária, mas ficaria longa demais. E este nosso primeiro “chefe”, tem muitas histárias que devemos começar a contar aqui. E, depois que este veio, seus seguidores todos começaram a comparecer às missas e confissões.



Ou seja, teremos muitas histárias para contar daqui pra frente.

Um grande abraço a todos, obrigado pelos e-mails e para quem quiser entrar em contato:



confissor@hotmail.com



Até a práxima!