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O DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE PART 4

Passei a noite meio que me encostando no Caio, roçando minha perna na dele, mas ele sempre afastava. Porra, nem dormindo ele podia me dar uma brecha? –’

Quando acordei, ele já nem tava mais lá. O lado dele da cama ali, bagunçadoÂ… Deu uma vontade imensa de enfiar a cara e ficar cheirando onde o pau dele tinha esfregado, mas nessa hora a tia Stela entrou com o café da manhã numa bandeja.



“Acoorda, menino!” disse ela ao entrar.

“Tô acordado já, tia. Não precisava fazer isso…” falei quando ela repousou a bandeja no meu colo.

“Claro que precisava, tenho que te mimar, te vejo tão pouco!” respondeu ela indo embora. “Depois arrume logo suas coisas pra Algodoal que a gente sai daqui a uma hora, beijos.”



E saiu do quarto.



A bandeja era realmente muito grande, cheia de frutas, queijo, presunto, pão, mas isso foi um erro. Eu adoro comer, mas de manhã acordo totalmente sem apetite. Forcei algumas coisas sá pra não fazer desfeita e comecei a arrumar uma mochila com algumas roupas pra viajar pra Algodoal. Deviam ser sá alguns diasÂ…



“Que merda… tinha esquecido que ia ter que levar sunga pra Algodoal…” ouvi Caio falando da porta.



Inocentemente, me virei. Dei de cara com um corpo vestido numa sunguinha. Uma coxa imensa e suculenta, barriguinha definida, um volume que parecia mais uma bola de tênisÂ… E o que mais me deixou louco, na minha busca por algo que tivesse escapando daquela sunga, eu encontrei – uns pelinhos saindo discretamente.



“Cara, c me ouviu?” perguntou ele. Era a segunda vez que eu tinha me perdido imaginando coisas com ele, sá que dessa vez minha imaginação foi beeeeeeem mais longe. Mas também não é minha culpa né? O cara aparece semi nu e molhado na minha frente e quer que eu preste atenção no que ele diz?

“Não, nãoÂ… eu tava pensando aqui emÂ… tava pensando se levo o meu Ipod ou não…” gaguejei.

“Leva, man, leva sim. Se levar eu vou pedir emprestado. Mas eu tô com um problema” falou Caio, entrando no quarto “Sá trouxe uma sunga, tinha pesquisado e na internet disse que aqui não tinha praia, sá trouxe essa aqui pra caso precisasse. Agora eu molhei ela, não vou poder levar na mochila, e agora cara? Não vou poder entrar na praia…”

“Tipo, se quiser eu te empresto uma, vei…” ofereci.

“Não, cara, melhor não…”

“Por que, vei? C tem alguma doença aí embaixo?” sacaniei.

“Claro que não, quer ver pra provar?” perguntou ele rindo.



Nessa hora, eu me arrepiei todin. Meu coração acelerou, fiquei todo vermelho. Todas as células do meu corpo gritavam “SIIIIIIIIIIIIIIIIIM!”.



“Claro que não, vei, sai pra lá!” respondi, procurando uma sunga na minha mala e jogando pra ele, pra despistar. “Toma logo isso e deixa de viadice!”

“Valeu, cara!” falou ele guardando minha sunga dentro da sua mochila.



Depois disso ficamos calados, sem assunto, arrumando nossas coisas em um silêncio meio constrangedor. Fiquei olhando o Caio, concentrado enfiando roupas na mochila, tentando arranjar espaço pra um tênis. Tava achando ele tão bonitin ali fazendo isso que nem consegui dizer que ele não ia precisar disso em AlgodoalÂ…



“Vamos meninos! Senão a gente perde o ônibus!” apressou a tia Stela da porta do quarto.



Caio saiu correndo pra se trocar no banheiro. “Não precisa ir ao banheiro, a gente já tá tão íntimo…” pensei, rindo sozinho. Peguei três pacotes de camisinha sabor pimenta que o meu irmão tinha me dado, dizendo que sabia que eu ia precisar nessa viagem, fechei a minha mochila e fui esperar na sala. Caio foi o último a terminar de se arrumar, mas não atrasou ninguém. Tava tão bonitin com um bermudão e uma camiseta branca coladinha.



Entramos no carro e fomos até a rodoviária de Belém. Óbvio que nessa época de julho tava muito lotada e eu adoro isso, ver muita gente. Sorte que a minha tia não tinha deixado pra comprar na hora – os que tinham feito isso tavam enfrentando uma fila nada agradável.



No ônibus, a tia Stela e o Gustavo se sentaram um do lado do outro e eu e o Caio ficamos com duas cadeiras logo atrás.



“Pelo menos aqui não vão servir lanchinho pra eu dar uma de desastrado de novo.” brincou Caio.

“Juro que não trouxe nenhuma água dessa vez…” falei rindo.

“Mas que histária é essa, meninos?” perguntou tia Stela, curiosa.



A gente se olhou e riu.



“Longa histária, tia!” falei.



A minha intimidade com o Caio tava nitidamente irritando o GustavoÂ…



A viagem seguiu normal, até chegarmos em Marudá. Desembarcamos e seguimos para o porto. Acho que nessa hora eu senti o Caio tremer quando viu como nás chegaríamos em Algodoal. Era um barquinho bem velho, com um motor mais velho ainda à mostra (daqueles que tem sede por escaupelamento, sabe? como um vampiro). No máximo daria pra umas 5 pessoas, mas eu sabia que não seria assim. Subimos no barquinho e fiquei o tempo olhando as reações do Caio. Cada vez que entrava mais gente, ele olhava pro lado de fora do casco do barquinho pra ver a que nível tava batendo a água.



Quando ligaram o motor, podia apostar que o Caio tinha fechado os olhos pra rezar, porque tinham 20 pessoas ali, as ondas batiam na beira do barquinho e a água entrava com muita facilidade já.



“Não te preocupa, que pra tirar a água de dentro do barco, a gente tem um especialista a bordo.” falei, rindo muito da situação e apontando pra um velhinho com umas roupas bem surradas, com um balde na mão.



Acho que naquele momento ele desejou não estar ali.



O barquinho, muito abusado, ia numa velocidade que o fazia quicar nas ondas, como uma lancha. Eu já tava acostumado, mas acho que o Caio tava vendo a hora do barquinho se desmontar em uma dessas brigas com as ondas. Ele se agarrava na beira como se a vida dele dependesse disso.



Como de costume, começaram a vômitar no mar (as pessoas mais fracas). Fui pro meio do barco pra não levar nenhum respingo de vômito. O Caio deve ter se tocado disso também, porque fez o mesmo.



Apesar de todos os problemas da viagem, todos perceberam o quanto valeu a pena quando o barquinho aportou numa praia de Algodoal. Olhei pro lado e vi aquele sol lindo e laranja mergulhando no mar, bem longe, no horizonteÂ…



Seguimos pro hotel. Eu super feliz, porque ia ficar de novo no mesmo quarto que o Caio, doido pra chegar logo a noite pra ver ele de novo dormindo de cueca, com a bunda pra cima me chamando pra pegar um pouquinho.



“Vc vai ter uma surpresa quando a gente chegar no hotel…” falou a tia Stela, fazendo suspense.

“Outra?!” exclamei.



Ela sá sorriu.



O que será que ia ser agora? Tipo, eu chegar no meu quarto e estar cheio de Diamante Negro espalhado pela cama pra eu me esbaldar. Ou o Caio pelado dizendo que quer meu corpo (sonhei).



Mas não era isso. .-.



Quando a gente entrou no hotel, eu vi ao longe, a última pessoa que eu gostaria de ver naquele lugar e naquele momento, quando eu tava ficando tão práximo do Caio.



“Aaaai Lu, a gente resolveu fazer uma surpresa pra ti! Gostou?!” disse, toda sorridente, Camila, me abraçando. Minha mãe e o Leo estava logo atrás dela. Meu irmão me dando um adeuzinho bem sínico.



(se quiserem mais, acessem o meu blog >>http:wp.me1bp98