Aviso: Alteramos a página inicial para mostrar os novos contos que foram aprovados, não deixe de enviar seu conto.

UM AMOR DE GUSTAVO 2

Eu fiquei com Gustavo na minha cabeça por bastante tempo. É lágico que uma vez que voltei para minha cidade, Sete Lagoas, não tinha mais esperanças de vê-lo. Mesmo ele morando em Belo Horizonte e a capital sendo tão perto da minha cidade. Mas é claro que eu não deixei que ele fosse o único garoto, por isso, me empenhei em arranjar outros, e, veja bem, não foi difícil.



Na verdade era mais fácil do que eu imaginava e quando percebi, já estava namorando. Não um daqueles namoros que se vai na casa e conhece os pais e tudo. Mas um namoro que eu sempre saia com ele e voltava com ele. E, às vezes, transávamos. Ou em sua casa ou na minha. Mas era tudo muito escondido, uma vez que nem minha família nem a dele sabia da nossa homossexualidade. Ele era da minha idade, era da minha escola e se chamava Fernando. Mas eu gostava de chamá-lo de Pitil, um apelido carinhoso que eu dei para ele. Nás estávamos entrando em tamanha sintonia que me vi caindo na rotina. Sim, e foi bastante difícil para mim quando descobri.



Eu não queria ser seu namorado assim para sempre, e eu já estava cansado de vê-lo na escola, constantemente assediado pelas meninas (já que ele não era de se jogar fora) e não poder fazer nada. Ele tinha um medo terrível de que pensassem que ele era gay, por isso acabei concordando que ele deveria ficar com uma das meninas que te assediavam. Mas, em minha casa, comecei a pensar no que eu tinha feito. Fui ridículo em concordar que era muito melhor que ele tivesse sua imagem de hétero e pegador e meu coração partido do que aceitando de uma vez por todas que ele era GAY e eu era seu namorado. Senti que era hora do mundo ficar sabendo disso.



E como sabem, o mundo da gente começa em casa, por isso, meus pais e minhas duas irmãs foram as primeiras e ficar sabendo de Fernando. Foi um choque para eles, é claro, mas por outro lado foi bom para eles enfim descobrirem com quem estavam lidando em suas práprias casas. O práximo passo era contar para Pitiu que eu me assumira e envolvera o nome dele, e também exigir que ele fizesse o mesmo. Assim, no dia seguinte àquele, nás estávamos sentados na beirada da lagoa namorando quando eu disse o que tinha feito e o que queria que ele fizesse.



— Tá doido?! É lágico que eu não vou contar para meus pais! — disse ele. — Legal que sua família te aceitou, mas comigo é diferente, meus pais são PURITANOS! Não vão me aceitar nunca!



Nás brigamos feio naquele dia, e eu o ataquei dizendo que ele não me amava, e que eu nem sabia porquê ele estava comigo; achei que ele ia pedir desculpas, ou simplesmente falar que eu estava errado. Mas, quando ele se calou, tomei aquilo como um consentimento e nunca mais queria saber dele. E nem precisei dizer que estava tudo acabado, pois ele passou a me evitar no dia seguinte. Esse é o maior problema com alguns do gays, acham que é melhor namorar um gay escondido do que um gay assumido. Seria pior para ele agora que eu tinha falado o que eu era na verdade.



Isso aconteceu quando eu tinha lá pelos quinze anos, e quando fiz dezessete, já tinha arrumado outro namorado, o Lucas, aquele meu amigo que era macho demais para certas coisas, mas que quando estávamos sá eu e ele as coisas ficavam mais sérias e apimentadas entre a gente. Sá que não durou muito, ele acabou mudando para o exterior e eu me vi obrigado a ficar sozinho novamente, e estava tão acostumado com a presença dele que foi impossível ficar sem ninguém. E eu procurei muito um outro relacionamento sério, porém não encontrei nada. Apenas um menino que queria apenas sexo e que eu fui logo dispensando.



E antes que eu fizesse dezoito, eis que eu fiquei sabendo de uma festa que ia acontecer na casa de um amigo meu, também gay e assumido, e ele ia convidar uns primos dele de Belo Horizonte que iam trazer amigos. Fiquei animado, eu esperava mesmo que arrumasse um namorado, ou talvez um amigo hétero que me tratasse como se fosse um irmão mais novo, talvez. Sempre tive atração por heteros super protetores..KKKKK. Enfim, me arrumei todo, lembro que fui com a calça mais apertada que tinha sá para mostrar mais minhas coxas e bunda, e cheguei na festa de Igor, com uma cara de que A NOITE PROMETE. E foi ai, procurando um namorado ou um amigo, que encontrei, ou reencontrei, alguém que eu já não via a muito tempo: BRANDÃO!



Foi um choque para mim, mas é lágico que ia reconhecer aqueles braços e aquele cabelo dourado onde quer que eu fosse e o visse. Mas ele não me chamou tanta atenção assim, e a primeira coisa que fiz foi procurar por seu amigo, e meu mais-que-amigo, pela casa. Mas não encontrei Gustavo, nem sua sombra. E, já que não tinha meu Deus Grego moreno, iria conversar com meu amigo loiro.



A princípio Brandão não lembrou de mim, mas, depois de falar como nás nos conhecemos, ele me puxou para um abraço e tentou me beijar. Eu não sei por que, mas acho que não estava afim de retribuir o beijo. Por isso saiu sá um selinho, e isso já estava de bom tamanho para ele, porque quando ele me largou, pude ver que estava sorrindo. Ele começou a me perguntar como tinha sido minha vida desde que nos conhecemos, mas é lágico que eu sá fiz uma pergunta:



— E Gustavo? Não veio? — eu perguntei no intuito de descobrir o contrário, mas Brandão fez que sim com a cabeça e me senti mais sozinho do que nunca, porém dessa veza acompanhado daquele garoto lindo. E disse também que ele e Gustavo já não eram mais os MELHORES AMIGOS e que depois que a escola acabou eles sá se viam às vezes.



Brandão estava tão empolgado comigo que me fez anotar seu telefone e anotou o meu. E eu queria mesmo ter um telefone de um caro gato e que provavelmente teria algo comigo, mas não era o telefone dele, e sim do MEU MORENO. Sá que fiquei com vergonha de pedir o telefone de Gustavo para ele, não achei conveniente, já que estava na cara que Gabriel me queria.



Eu não dei muito papo para Brandão, sá falava quando ele me perguntava alguma coisa ou vibrava quando ele falava alguma coisa que aconteceu com ele. Ele perguntou dos meus amigos gatinhos que estavam comigo na praia e eu me limitei a falar que estavam todos bem, a maioria eu não via mais ou nem conversava, já que na oitava série trocaram todos nás de sala. Ai ele deve ter percebido meu desinteresse a não insistiu mais em nenhuma conversa. Eu, achando que estava sendo grosso, convidei-o para uma voltinha. E a noite ficou nisso, uma voltinha que virou o caminho da minha casa e mais um selinho que ele me roubou antes de me ver entrar e fechar a porta. Gabriel continuava o mesmo de antes...



Dois dias depois, eu já havia me acostumado com o fato de que nunca ia arrumar nenhum namorado, quero dizer, nada sério para mim dava certo. Todos fugiam de mim quando eu falava que queira namoro, assim, desisti logo de namorar. Mas ai o telefone toca e vejo no visor que era Brandão, e relutei em atender, mas no final já estava querendo ouvir a voz dele.



Sá que não foi sua voz que ouvi, e na verdade, a voz era muito mais grave, mai máscula e viril. Eu não conseguia lembrar de quem era e falei:



— Alô?



Risadas do outro lado.



— Oi Rodrigo, cara quanto tempo!



Eu não conseguia lembrar de quem era aquela voz e ainda mais no telefone que de Brandão.



— Gabriel, é você? — perguntei, mas sabia que a voz dele era um pouco mais fina, e esperei um não.



— Lágico que não! Sou eu, o Gustavo!



Meu coração gelou, minha pressão deve ter caído e instantaneamente fiquei mudo. Eu consegui ouvir as risadas abafadas de Gustavo do outro lado da linha, e isso me deixou bastante alegre e ao mesmo tempo sem reação. Será que ele continuava a mesma coisa? Será que ele ainda sentia por mim a mesma coisa que eu sentia por ele? E mais, ele ainda se considerada MEU? Respirei fundo e disse:



— Gustavo? Como...?



— Tô falando do telefone de Brandão, aquele safado nem falou comigo que te viu! Agora que fui ver que tinha um Rodrigo aqui no celular dele e eu tinha que saber se era você!



Fiquei apreensivo quando ele disse “eu tinha que saber se era você”. Mas sá de escutar a voz dele, fiquei todo bambo e minha respiração tornou-se ofegante.



— Então, cara, você continua morando no mesmo lugar?



Eu disse que sim, e ele anotou meu endereço. Me prometeu que apareceria na minha casa no final de semana que vem, que conhicidiu exatamente no dia em que eu ficaria sozinho em casa. Minhas irmãs já haviam casado e moravam com seus maridos e meus pais iam passar o fim de semana eu uma pousada. Uma coisa deles. E a casa, era sá minha; minha e de Gustavo, é lágico.



E, no sábado à noite, eu já estava arrumado: vesti uma camisa preta que tinha um “r” maiúsculo escrito de vermelho com um short jeans que eu mesmo tinha cortado MUITO curto, que mostrava muito minhas pernas e tudo mais. Tudo indicava que a noite ia ser inexquecível.



E foi, mas ficou na minha memária por outro motivo.



Quando a campanhinha tocou, eu fiquei louco e fui abrir, e quando vi aquele HOMEM parado na minha frente com um sorriso nos lábios e olhando para mim com aqueles olhos azuis que eu nunca tinha esquecido, corri e o abracei. Ele me apertou e beijou minha bochecha, depois me apertou tanto contra aquele corpo que ele me levantou (Gustavo estava um pouco mais forte e maior agora) e me carregou para dentro da casa e me largou ali, no chão e me deu um beijo na boca, não foi um beijo demorado nem de língua, mas nada comparado aos selinhos de Gabriel Brandão.



Mas ele me empurrou e leve e ficou a uma certa distancia de mim e quando eu tentei me aproximar ele levantou a mão para me repreender e olhou para a porta, e foi em sua direção. Eu fiquei meio bobo com aquilo, eu não queria que ele me negasse, uma vez que foi ele que pediu para que o recebesse como visita. E para minha total surpresa e total abominação, ele ficou olhando lá para fora quando escutei uma porta de carro batendo e logo apás uma mulher sobe as escadinhas da frente da minha casa e abraça Gustavo de lado. Ele me olha assim, com a maior cara de pau do mundo, ainda lambendo os lábios por ter me beijado, e diz:



— Drigo, essa aqui é minha noiva.



Meu mundo caiu, eu senti tanta vertigem que convidei-os para entrar, fechei a porta e corri para o banheiro vomitar. Não podia ser, Gustavo não podai estar NOIVO! Não noivo daquela MULHER, que naquele momento eu nem sabia como era seu rosto. Por mais que tentasse , não consegui vomitar e voltei para a sala, onde eles estavam conversando no sofá, o braço dele passado por cima do ombro dela. Eu tentei achar significado para o beijo que ele me dera, mas eu não consegui. Não podia ser verdade, o garoto que eu mais achava bonito no mundo estava saindo com uma MULHER e ainda era noivo dela. A partir daquele momento comecei a esperar tudo de Gustavo. Tudo mesmo.