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CADA QUAL NO SEU LUGAR

A minha primeira vez em um cinema pornô foi frustrante. Fui pensando encontrar gerentes de banco matando o horário de almoço e o que na verdade encontrei foram trabalhadores braçais e bichas suburbanas andando aflitas de um lado para o outro. Passei quatro horas no lugar sem conseguir ver um pinto que fosse, não estou contando os que vi na telona, por sinal todos muito eretos e pulsantes. Quase falsos. Mas ainda assim tentadores. Fui embora depois que um gordo suado esfregou a barriga descoberta no meu braço.

A minha segunda vez em um cinema pornô foi novamente frustrante. Passei quatro horas e meia no lugar e o que consegui ver foi a apenas a silhueta de um pinto médio semi-duro de um cara baixinho que se masturbava em um canto. Nenhum pinto de 25cm que são tão bem descritos nos relatos que já li e nas histárias de amigos que já ouvi. Nenhum engravatado se oferecendo nas poltronas. Onde eles estavam, afinal? Os super-pintos com seus super-jatos de esperma que eu tão bem conhecia dos tais relatos que a essa altura já desconfiava de suas veracidades.

A minha terceira vez em um cinema pornô foi mais uma vez frustrante, mas não tanto quanto a primeira e a segunda, já que dessa vez consegui segurar entre meus dedos o pinto minúsculo de um homem que se sentou ao meu lado. Em meio à penumbra do lugar me foi impossível ver o rosto do sujeito, então, prefiro acreditar que era um cara bonito, noivo há seis anos de uma secretária que está terminando a faculdade de administração de empresas, e que dirigia uma super-caminhonete para compensar o vergonhoso membro que carregava entre as pernas. Fui embora sem fazê-lo gozar.

A minha quarta vez em um cinema pornô foi um tantinho mais interessante que as demais. Não que os gerentes de banco engravatados apareceram no lugar oferecendo seus super-pintos para quem quisesse. O que aconteceu na verdade foi que vi um bolo de gente num canto escuro fazendo o que parecia ser uma espécie de mini-suruba. Mesmo com minha miopia de dois graus consegui com a ajuda providencial dos meus áculos contar seis pessoas no grupinho despudorado. Dois ajoelhados chupando os quatro que estavam de pé.

Isso me excitou! Pela primeira vez tinha ficado verdadeiramente excitado em um cinema pornô, e nem precisei fazer nada, sá ficar olhando.

A minha quinta vez em um cinema pornô foi surpreendente. Ainda não eram os gerentes de banco matando o seu horário de almoço, e sim um policial - fardado! - andando em meio às poltronas, procurando alguma coisa que ainda não sabia o que era, cheguei a pensar que talvez buscasse um meliante, mas concluí que seríamos avisados da presença de bandidos caso isso acontecesse. Quando ele se sentou lá na frente ao lado de alguém eu fiz questão de dar uma espiada para ver o que rolava ali, o homem da lei chupava um carinha mais ou menos da minha idade.

A minha sexta vez em um cinema pornô foi catártica, de certo modo. Na sexta vez as coisas finalmente começaram a acontecer pra valer. Depois de duas horas vasculhando o lugar com meus olhos míopes, um cara de uns 40 anos se sentou ao meu lado e muito naturalmente colocou o pinto para fora. Com o canto do olho vi o troço duro sendo balançado, ainda não era um super-pinto, mas era algo digno de ser exibido em público. Quando tive a plena certeza de que ele o oferecia para mim - isso levou uns 25 minutos - peguei no membro do homem e fiquei masturbando-o por uma meia-hora. O tempo todo sem dizer uma palavra, sem nem nos olharmos por um instante que fosse. Apenas o barulho de nossas respirações e os gemidos do enrabado da vez na telona. Ao final da meia-hora, e sem forças no braço direito, fui embora, não sem antes lavar minhas mãos no banheiro imundo.

O que mais me espantou nessas seis vezes que fui à um cinema pornô foi que apenas eu me sentia deslocado ali. Foi como se estivesse em um territário ináspito, onde vultos no escuro poderiam me pegar a qualquer momento. O restante das pessoas transitava pelo local donas de si, absolutas do seu direito de gozar. Daí concluí que o ambiente não era para mim, e que certamente aquelas mesmas pessoas que se saíam tão bem na penumbra talvez não agissem com a minha fuidez num ambiente devidamente iluminado.