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O CARA-DE-PAU

Eu já estava de saco cheio com a merda que havia sido meu dia, e um pouco bêbado também, então, não sei ao certo como fui parar naquela festa. Sei apenas que fui com um amigo que conhecia alguém, que era amigo de alguém, que era dono da casa.

Era num apartamento duplex num bairro chique, muito bem decorado por sinal, o cara que mora ali deve ter grana. Não sei o número correto de pessoas que estavam lá, mas eram muitas, a ponto de me confundir e não saber ao certo quem eu conhecia e quem eu nunca tinha visto.

Em poucos minutos meu amigo havia desaparecido, e eu fiquei junto ao bar, na esperança de conseguir convencer o garçom a me dar uma vodca dupla com tônica. Dois carinhas passaram por mim, e eu - talvez seja meio paranáico - posso jurar que um deles disse:

__Olha lá é aquele tal de Eduardo. E ele é um viado babaca.

Mas eu não pretendia perder a cabeça na festa, nem entrar numa que eu chamo de "minha imitação da Glenn Close". Então eu apenas falei em voz alta, embora ninguém tenha me escutado:

__É isso aí, sou um viado babaca mesmo, querido. Mas graças a Deus não sou igual à você.

Continuei junto ao bar, terminando a minha dose dupla de vodca com tônica. Estava cansado de me sentir deslocado, mas não queria ir embora para casa, também estava cansado de me sentir sá e um pouco bêbado.

Um homem me abordou. Tá legal, não era exatamente um homem já que ele devia ter sá uns 30 anos. Mas era esforçado.

__Está com sede?

Respondi:

__Não, mas preciso mesmo é de um bife.

__Eu pago um.

E eu notei que ele tinha um sotaque carioca.

__Vou pensar no seu caso __ eu disse, e tentei me afastar.

__Meu nome é Marcos __ disse ele. __Sou dono de uma boate.

Suspirei e respondi:

__É claro que você é.

__Talvez já tenha ouvido falar dela.

__Olha Marcos... __eu comecei a dizer.

__Sim? __ Disse ele.

__Dá para você alcançar seu cu com o pau?

Marcos sorriu maliciosamente, depois chegou mais perto de mim, pousou a mão no meu ombro e falou:

__Mas é claro.

__Então sugiro que vá se foder!

__Nossa, mas que sutileza! __ exclamou Marcos, e eu me perguntei se ele era mesmo burro ou se sá parecia burro porque era carioca.

Ele agarrou minha mão e me puxou escada acima. Eu o segui, pensei que qualquer homem que conseguisse manter a cabeça fria depois de ser insultado não podia ser tão mal assim. Acabamos no quarto do dono da casa, a cama tinha uma colcha de seda vermelha, e Marcos me mostrou que já estava de pau duro. De alguma forma acabamos nos beijando, e várias pessoas entravam e saíam do quarto o tempo todo.

Por algum motivo entramos no closet - revestimento de pinho antigo, prateleiras para paletás e calças, prateleiras para suéteres de cashemira e sapatos - conferi as etiquetas, um tédio!

Então me virei, Marcos estava ali, de pé. Começou o amasso entre a gente, minha calça arriou, e o pau do cara-de-pau saltou para fora. Era grande! E carioca! Ele meteu o troço duro na minha boca, e depois de alguns minutos de chupação me comeu sem camisinha ali, no closet mesmo.

Não sei quanto tempo durou, o álcool no meu sangue me impedia de raciocínios deste tipo.

Depois que rolou tudo, ele disse:

__Ei carinha, não conte nada para o meu namorado. __ Isso enquanto enfiava a língua na minha boca uma última vez.

Depois que fui saber que o tal namorado era o dono da casa, com quem ele mora há dois anos.

Peguei um táxi e fui embora, vomitei duas vezes antes de cair no sono.